Tarifaço de Trump: ‘O pior está por vir’, afirma produtor e exportador de manga do Vale do São Francisco

Alex Tenório lembrou que os Estados Unidos consomem 50% de toda a manga produzida no segundo semestre no Vale e tarifaço vai impactar agricultores

Da Redação

Brasília – “O pior ainda está por vir na região do Vale São Francisco”, afirmou o produtor rural, exportador, empresário e consultor Alex Tenório, sobre o tarifaço de 50% imposto pelo governo dos Estados Unidos para a importação de produtos brasileiros. Ele explica que os Estados Unidos consomem 50% de toda a manga produzida no segundo semestre na região e que os impactos serão sentidos não apenas na produção, mas também no crédito, nas operações financeiras de toda a cadeia produtiva e na qualidade da fruta.

Segundo a Embrapa, o Vale responde por cerca de 90% das exportações de manga no país. “É um mercado de enorme expressão para a região. O faturamento vai cair. Ainda não temos a dimensão das perdas, mas a conta vai chegar nos próximos meses. Os produtores já estão sentindo, já há empresas deixando a fruta no pomar, sem colher”, afirmou Tenório.

Ele disse que os prejuízos do tarifaço dos EUA vão chegar ao Vale do São Francisco em três meses, afetando a economia e toda a cadeia produtiva local, que é muito extensa. “Inclui desde o produtor até o operador logístico, o operador portuário, a indústria de papelão que projetou um número de caixas de embalagens que não será consumido”, disse.

Tenório acrescentou que o custo operacional do Brasil é muito alto e a operação logística absorve grande parte do retorno financeiro da manga. “Tem época em que vendemos a caixa de manga na Europa a 4 euros e a logística custa 3 euros”, disse. A soma do custo Brasil ao tarifaço torna o cenário ainda mais caótico, apontou.

Sem crédito

O produtor e empresário lembrou que o tarifaço não exerce pressão apenas no mercado produtor e distribuidor, mas também nas operações financeiras de toda a cadeia produtiva. “As instituições financeiras financiam a fruticultura. Com a redução das opções de mercado, o produtor perde o crédito, dando início a uma bola de neve. Há queda no emprego e toda cadeia funciona de forma mais lenta”, comentou.

Tenório citou que um distribuidor que comprava 10 milhões de quilos de manga para exportar para os EUA vai reduzir a quantidade pela metade porque o sistema financeiro reduziu as opções para esse distribuidor financiar suas operações. “A pressão que o empresariado do Vale do São Francisco está sofrendo com o tarifaço é muito maior do que o aumento da tarifa”, afirmou.

Além de reduzir as opções de mercado, a taxação de 50% sobre a manga tem um grande impacto porque a fruta já é um produto de baixo valor agregado, portanto, o produtor não consegue arcar com esse custo tão alto. “O mercado desaquecido resulta em frutas desvalorizadas. A fruta que não vai para o mercado dos Estados Unidos já está nos pomares das fazendas e vai ter que ir para outro lugar. Vai para o mercado europeu, ampliando a oferta. Quanto mais frutas no mercado, menor o preço”, apontou.

Desconfiança e queda de qualidade

O tarifaço impactou ainda a qualidade da manga, de acordo com o produtor e empresário. “O produtor perdeu a confiança já não está manejando tão bem sua cultura, o que impacta a qualidade da fruta. O clima é horrível, de medo e desconfiança e vai piorar muito nos próximos três meses”, disse.

Tenório defendeu que produtor rural no Brasil precisa ter acesso ao mercado e para isso são necessários acordos com países de forma diplomática. Ele disse que o tarifaço é uma variante que pode ser resolvida, ao contrário de outras como o clima e as chuvas, que não têm solução. “Com o clima, o produtor aprende a lidar porque não pode mudar. Mas a questão do tarifaço é política e pode ser resolvida”, afirmou.

O produtor rural e empresário comentou que o Vale do São Francisco, região geográfica do Nordeste brasileiro delimitada pela bacia do Rio São Francisco e abrangendo partes dos estados da Bahia e Pernambuco, gera mais de 250 mil empregos na agricultura e tem papel relevante para a economia local e nacional.

Tenório lembrou que o primeiro semestre deste ano já havia sido complicado para o agricultor porque ocorreu aumento da oferta de manga de países da África, do Peru e da República Dominicana. ”O produtor esperava melhorar os ganhos no segundo semestre e agora enfrenta o caos por causa da política”, lamentou.

Produção

Segundo a Embrapa, o Brasil produz aproximadamente 1,25 milhão de toneladas de manga por ano e ocupa a sexta posição entre os maiores produtores mundiais, atrás da Índia, Indonésia, China, Paquistão e México. A região do Vale São Francisco é a de maior produtividade no país, conforme a Embrapa, com média superior a 30 toneladas por hectare, que pode chegar a 50 toneladas em áreas mais adensadas, enquanto a média nacional é de 20 toneladas por hectare.

De acordo com a Embrapa, o Brasil exportou 266 mil toneladas em 2023, cerca de 90% produzidas no Vale do São Francisco. Embora a região colha a fruta o ano todo, o pico de produção costuma ser justamente no segundo semestre. O principal mercado da manga brasileira é a União Europeia, com o maior volume indo para a Holanda, devido ao porto de Roterdã. O segundo país que mais comprou a manga brasileira em 2023 foi os Estados Unidos, seguido da Espanha, Reino Unido e Portugal.

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Comércio Brasil-Chile tem novas regras para exportação. Conheça os detalhes aqui

As regras entram em vigor nesta terça-feira, dia 30 de setembro. Para aprofundar informações sobre o tema, a CNI disponibilizará uma cartilha com as mudanças e fará um webinar para esclarecer dúvidas e apontar como o setor privado pode aproveitar ao máximo as novas regras

Da Redação (*)

Brasília – A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lança, nesta terça-feira (30), cartilha sobre o Novo Regime de Origem entre Brasil e Chile. O material é um guia detalhado de como ampliar as oportunidades de negócios no mercado chileno.

O documento foi elaborado para apoiar empresas e entidades setoriais na adaptação às novas regras de exportação. No dia 2 de outubro, a CNI fará um webinar para a aprofundar o entendimento sobre o tema. A transmissão será às 11h, ao vivo pelo canal da CNI no YouTube.

Entre os assuntos abordados na cartilha estão as mudanças trazidas pelo novo marco regulatório sobre as regras de origem, que definem quando um produto é considerado originário de um país e, portanto, pode se beneficiar das preferências tarifárias em acordos comerciais.

O funcionamento dessas regras, os limites de uso de insumos de terceiros países, os novos modelos de prova e verificação de origem, além das atualizações alinhadas às práticas internacionais também serão pontos de destaque da cartilha.

Entre os benefícios das novas regas estão a simplificação dos cálculos, a flexibilização para setores estratégicos e a adoção de normas mais compatíveis com a logística atual.

Novo regime simplifica regras e introduz autocertificação  

Destacam-se entre as principais novidades do novo regime: a simplificação e modernização das regras de origem; cálculos mais simples para insumos importados utilizados na produção; maior flexibilidade nos percentuais de insumos de terceiros países — 40% (regra geral), 45% (alguns produtos) e 50% (setor automotivo); além da criação de um modelo híbrido de prova de origem, que permite tanto a autocertificação pelas empresas exportadoras quanto a emissão por entidades habilitadas.

Dados da CNI mostram que o comércio de bens entre os dois países é intensivo em produtos da indústria de transformação. Nos últimos 10 anos, o setor respondeu por 69,8% das exportações brasileiras para o Chile e 64,8% das importações vindas do país vizinho. O comércio bilateral é composto, majoritariamente, por insumos industriais, que representaram 48,2% da corrente de comércio no período. Bens de consumo duráveis e combustíveis responderam por 20,7% e 18,9%, respectivamente.

A gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri, avalia que a atualização das regras representa um passo decisivo para ampliar a previsibilidade e a competitividade dos produtos brasileiros no mercado chileno, reforçando a integração econômica bilateral.

“O Brasil e o Chile firmaram um dos primeiros acordos comerciais do Mercosul, parceria que também resultou no primeiro acordo de livre comércio moderno e abrangente em vigor para o Brasil. A modernização do regime de origem completa esse processo, tornando as regras mais simples, alinhadas às práticas internacionais e capazes de dar mais segurança às empresas brasileiras que atuam no mercado chileno”, afirma Constanza.

Webinar apresentará as mudanças 

Durante o webinar “Novo Regime de Origem Brasil–Chile”, especialistas vão detalhar as mudanças, esclarecer dúvidas e apontar como o setor privado pode aproveitar ao máximo as novas regras. O objetivo é apoiar as empresas brasileiras nesse processo de adaptação, garantindo que elas usufruam plenamente dos benefícios do acordo e ampliem sua participação no mercado chileno.

(*) Com informações da CNI

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Alckmin lança núcleo do PEIEX e apresenta o Pavilhão Brasil na Hannover Messe 2026 em São José dos Campos

As iniciativas são estratégicas para a internacionalização de empresas brasileiras. Em abril de 2026, o Brasil será “País-Parceiro Oficial” da Hannover Messe, evento que reúne mais de 130 mil visitantes e 4 mil expositores de mais de 60 países

Da Redação (*)

Brasília – O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) lançaram, na segunda-feira (29), o núcleo do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX) e apresentaram o Pavilhão Brasil na Hannover Messe 2026, a maior feira industrial do mundo, em São José dos Campos (SP).

Em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Faculdade Sebrae e o Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos (PIT), a iniciativa simbolizou a conexão entre a capacitação de empresas para exportar e sua efetiva inserção nos mercados globais, especialmente no escopo da Nova Indústria Brasil, política industrial lançada pelo governo federal em 2024.

Ao anunciar simultaneamente a expansão do PEIEX em São Paulo e a preparação do Brasil como país parceiro oficial da Hannover Messe 2026, o governo federal reforçou a visão de que a qualificação é a porta de entrada para que empresas inovadoras conquistem espaço em cadeias internacionais de valor.

Durante sua fala, Geraldo Alckmin destacou a importância de criar competitividade e garantir oportunidades para exportações. “O comércio exterior é emprego e renda. Muitas empresas não sobrevivem apenas com o mercado interno. Muitas atividades precisam da exportação para ganhar escala e competitividade. Ao mesmo tempo, ela permite que pequenas empresas cresçam. Por isso, o foco no comércio exterior é fundamental e esse é o trabalho da Apex: promover os produtos brasileiros e atrair investimentos para o Brasil”, afirmou.

O evento contou com a presença do ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP), Márcio França; da diretora de Negócios da ApexBrasil, Ana Repezza; além de lideranças da ApexBrasil, do Sebrae, da Câmara Brasil-Alemanha (AHK) e da Hannover Messe.

Alckmin mencionou os eixos fundamentais das políticas públicas da Nova Indústria Brasil (NIB). “Para inovação, são R$ 110 bilhões disponíveis pelo BNDES, Embrapii e Finep, com juros de 4% ao ano. O segundo é a sustentabilidade. Já temos R$ 180 bilhões anunciados pela indústria automotiva em mobilidade verde. E o outro pilar central é a competitividade. Hoje, a idade média das máquinas da indústria brasileira é de 15 anos. Com a depreciação acelerada, damos condições para que as empresas renovem seus equipamentos em apenas dois anos, reduzindo custos, aumentando a produtividade e melhorando a eficiência energética. Isso é essencial para disputar mercado com a concorrência internacional”, detalhou Alckmin.

Qualificação para exportar

Criado em 2004, o PEIEX já apoiou mais de 30 mil empresas brasileiras, das quais mais de 20 mil eram de micro e pequeno porte. Entre 2017 e 2023, as empresas atendidas pelo programa exportaram cerca de US$ 3,6 bilhões para diversos destinos, com destaque para países da Ásia, Europa e América do Sul.

Em São Paulo, o programa está presente desde 2010 e já preparou mais de 3.900 empresas para o comércio exterior. O convênio vigente com o Sebrae-SP e a Faculdade Sebrae previa o atendimento de 2.425 empresas até 2027, considerado o maior número da história do PEIEX no estado. O núcleo de São José dos Campos foi estruturado para atender 100 empresas da região, reforçando a vocação industrial e tecnológica do Vale do Paraíba.

O vice-presidente ressaltou que o Vale do Paraíba tem papel estratégico para a indústria nacional: “Vocês estão no local correto. O Vale do Paraíba é a região mais industrializada do Brasil e uma das maiores do mundo, comparável ao Vale do Ruhr, na Alemanha. É um verdadeiro corredor de indústrias, que vai de São Paulo ao Rio de Janeiro, com aviões, automóveis, metalurgia, química, eletroeletrônica, alimentos e siderurgia”.

Hannover Messe 2026

Em abril de 2026, o Brasil será “País-Parceiro Oficial” da Hannover Messe, evento que reúne mais de 130 mil visitantes e 4 mil expositores de mais de 60 países. O Pavilhão Brasil, coordenado pela ApexBrasil, ocupará 2.000 m² em halls temáticos dedicados às áreas de automação, máquinas e equipamentos, indústria digital, robótica, energia e sustentabilidade.

Com expectativa de reunir cerca de 450 representantes brasileiros, a participação representará uma vitrine da Nova Indústria Brasil, com destaque para inovação, tecnologia, sustentabilidade e digitalização. Além da exposição em espaço premium, as empresas terão acesso a rodadas de negócios, matchmaking exclusivo, promoção internacional e apoio institucional, ampliando as possibilidades concretas de acesso a novos mercados.

Conexão estratégica

Ao reunir em um mesmo evento a qualificação de empresas por meio do PEIEX e a apresentação do Pavilhão Brasil na Hannover Messe 2026, a ApexBrasil reforçou sua estratégia de apoiar a indústria nacional desde a preparação inicial até a projeção internacional. A agenda conectou o fortalecimento da base produtiva brasileira com oportunidades globais de alto impacto.

Ana Repezza, diretora de Negócios da ApexBrasil, informou que 98% do mercado mundial está fora do Brasil. “É o programa de capacitação e qualificação PEIEX que vai apoiar as empresas que queiram começar a exportar, realizando toda essa jornada: adaptação de produto, fluxo de caixa, certificações, mudança de rótulo. O consultor ajuda a trilhar todo esse caminho”, concluiu.

(*) Com informações da ApexBrasil

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KPMG: 76% das empresas permanecem em estágios iniciais ou intermediários de implementação de ESG

Da Redação (*)

Brasília – A pesquisa “Índice ESG de Maturidade de Asseguração de 2025” realizada pela KPMG revelou um dado inédito: 76% das empresas ainda permanecem em estágios iniciais ou intermediários na implementação de práticas ESG (da sigla em inglês, meio ambiente, social e governança). O levantamento entrevistou 1.320 executivos e membros de conselhos em diversos setores e regiões globais, representando, em conjunto, uma receita média de US$ 16,8 bilhões.

Segundo o estudo, as organizações que se destacam em práticas de sustentabilidade e governança apresentam três diferenciais claros: forte engajamento do conselho, uso avançado de tecnologias digitais e integração estratégica dos fatores ESG às operações.

Em contrapartida, empresas em estágio inicial ou intermediários ainda enfrentam desafios significativos, como estruturas de governança limitadas e sistemas de dados pouco desenvolvidos.

“Qualidade da informação para apoiar a tomada da decisão é e seguirá a ser o tema da década. Para isso, é preciso ter sistemas de gestão e governança de qualidade. A Asseguração é um ingrediente que complementa esse esforço. O fato de 76% das empresas estarem em estágios iniciais ou intermediários é preocupante e deve servir de alerta também para as empresas brasileiras”, destaca a sócia líder de ESG na KPMG nas Américas, Nelmara Arbex.

KPMG aponta cinco ações-chave para acelerar ações ESG:

O estudo ainda destaca cinco ações estratégicas para as empresas acelerarem a maturidade em ESG.

1-Fortalecer a governança: incorporar a supervisão das questões ESG no nível do conselho, garantindo a responsabilização pela identificação do risco, pelo monitoramento do desempenho e pela preparação e divulgação de informações.

2- Desenvolver as habilidades e competências necessárias: investir em conhecimento interno para interpretar padrões, gerenciar dados e interagir efetivamente com provedores de asseguração.

3- Aprimorar os sistemas de gerenciamento de dados: desenvolver sistemas robustos para coletar, validar e relatar métricas ESG que atendam aos requisitos de grau de asseguração.

4- Adotar tecnologias digitais: aproveitar plataformas, painéis e ferramentas de inteligência artificial aplicada ao ESG para simplificar os relatórios e melhorar a qualidade dos dados.

5- Envolver a cadeia de valor: estender as práticas ESG a fornecedores e parceiros para garantir consistência e credibilidade em todas as divulgações.

“O estudo da KPMG mostra que acelerar a maturidade em ESG não é apenas uma questão interna, mas de transformação estrutural. Fortalecer a governança, investir em competências internas, aprimorar a gestão de dados, adotar tecnologias digitais e engajar toda a estrutura desde o os conselheiros até os funcionários são passos que permitem às empresas não apenas reportar, mas gerenciar riscos e oportunidades de forma integrada e confiável”, aponta o sócio líder de asseguração da KPMG no Brasil e na América do Sul, Sebastian Soares.

(*) Com informações da KPMG

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A China e a renúncia à Cláusula de Tratamento Especial e Diferenciado

Fernanda Brandão (*)

Nesta semana, a China anunciou que não buscará mais tratamento especial como país em desenvolvimento nos acordos comerciais multilaterais futuros que aderir. Essa escolha representa uma importante mudança na postura chinesa em negociações comerciais e atende a uma demanda antiga dos Estados Unidos e da União Europeia na Organização Mundial do Comércio (OMC) em relação ao país. Mas qual o significado dessa mudança e quais as implicações para o comércio internacional e para o regime multilateral de comércio?

A Cláusula de Tratamento Especial e Diferenciado aos países em desenvolvimento é parte dos acordos da OMC e garante aos países em desenvolvimento exceções em relação aos acordos gerais da OMC no sentido de liberalização permitindo a manutenção de barreiras comerciais tarifárias e não tarifária com o objetivo de permitir um tempo de adaptação e integração das indústrias nacionais desses países que costumam ser menos competitivas no mercado internacional em comparação com aquelas oriundas de países desenvolvidos.

A inclusão da cláusula tinha como objetivo dar aos países em desenvolvimento alguma margem de negociação para garantir a sobrevivência dos seus setores industriais menos desenvolvidos que dos países em desenvolvimento. O desenvolvimento de uma indústria nacional agregadora de valor é visto como um requisito para o desenvolvimento da economia de um país.

Quando aderiu à OMC, em 2001, a China foi enquadrada na categoria de país em desenvolvimento e pôde usufruir das exceções previstas na Cláusula do Tratamento Especial e Diferenciado. No início dos anos 2000, a China já despontava como um ator relevante no cenário global de comércio, mas ainda não ameaçava a preponderância econômica dos Estados Unidos e da Europa.

Contudo, com a contínua expansão da presença chinesa e o aumento da competitividade de suas indústrias, que passaram a oferecer produtos de qualidade e mais baratos do que os americanos e europeus, provocando perda de espaço desses países no mercado internacional, surgiram questionamentos sobre a continuidade da aplicabilidade da cláusula à China.

Desde então, EUA e UE pressionam para que o país deixe de ser tratado como em desenvolvimento, uma vez que sua indústria já se mostra suficientemente competitiva para atuar sem o benefício do tratamento especial.

Apesar de ser a segunda maior economia do mundo em termos de PIB nominal e a maior em Paridade de Poder de Compra (PPC), a China ainda é classificada como país em desenvolvimento, pois sua Renda Nacional Bruta (GNI) per capita está no patamar de renda média alta.

Segundo o Banco Mundial, um país de renda média tem uma renda per capita média de U$1.136 e U$4.465 e clássica os países com renda média per capita entre U$4.465 e U$13.845 e acima disso são considerados países de renda alta.

Hoje a China é um país de renda média alta, com um GNI per capita de U$ 13.660,00. A China, por sua vez, apesar de abrir mão dessa cláusula, reafirmou seu caráter como país em desenvolvimento e seu compromisso em continuar promovendo o desenvolvimento do Sul Global.
O que explica, então, a decisão da China de abrir mão da Cláusula de Tratamento Especial e Diferenciado apesar de ainda ser um país em desenvolvimento em termos técnicos? Em um contexto global, onde a promoção do livre comércio de forma multilateral tem sido substituída pela ação unilateral da maior economia global na imposição de barreiras tarifárias ao comércio, sinalizando o fim do seu compromisso com essa agenda e que tem impactado negativamente países que têm os estados Unidos como seu principal ou um dos seus principais parceiros comerciais.

Na imposição de tarifas, os Estados Unidos não fizeram acepção entre países desenvolvidos e em desenvolvimento colocando altas tarifas sobre países considerados de baixa renda ou renda média.

Geralmente, o impacto sobre as economias em desenvolvimento é maior do que sobre as economias desenvolvidas e revelam a dependência e a assimetria que marcam a relação econômica desses países com os Estados Unidos.

Nesse cenário, a China tem buscado se apresentar como um parceiro confiável. Em junho, a China anunciou a eliminação de tarifas de importação para países menos desenvolvidos, conforme a definição da OMC. Agora, ao renunciar ao direito de utilizar a cláusula, reforça seu compromisso com o sistema multilateral de comércio e com a liberalização progressiva do comércio internacional.

A medida também busca sinalizar que a China é um parceiro confiável para os países em desenvolvimento e que está comprometida com a promoção de prosperidade e desenvolvimento no âmbito global.

O objetivo é consolidar cada vez mais o papel da China como líder do Sul Global e consolidar sua zona de influência sobre esses países. Além disso, o desenvolvimento econômico chinês é altamente dependente do comércio internacional e as barreiras impostas pelos Estados Unidos criam desafios e dilemas para a inserção internacional do país.

Ao atrair países para sua zona de influência e diversificar seus parceiros comerciais, a China busca formas de dinamizar seu comércio e continuar o processo de crescimento da economia nacional.

É importante ressaltar que o impacto da revogação do direito de utilizar essa Cláusula só se aplicará para acordos comerciais concluídos no âmbito da OMC a partir de agora. Os acordos já concluídos continuam em vigor nos mesmos termos em que foram negociados.

Contudo, a OMC entende que essa medida pode ser importante para criar momento para avanço de importantes acordos comerciais e mostra sua responsabilidade e comprometimento em relação ao regime multilateral de comércio.

A decisão precede a Conferência Ministerial que acontecerá em 2026 no Camarões e remove um dos principais entraves de acordo entre a China e os países desenvolvidos em acordos de comércio.

(*) Fernanda Brandão, Doutora em Relações Internacionais, Professora e Coordenadora do Curso de Relações Internacionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio

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Exportações totalizam US$ 255,21 bi de janeiro até a 4ª semana de setembro; importações somam US$ 210,2 bi

Importações, alcançam US$ 210,2 bi, com saldo positivo de US$ 45 bi e corrente de comércio de US$ 465,4 bilhões

Da Redação (*)

Brasília – Na 4ª semana de setembro de 2025, a balança comercial registrou déficit de US$ -0,157 bilhão e corrente de comércio de US$ 15,6 bilhões, resultado de exportações no valor de US$ 7,7 bilhões e importações de US$ 7,9 bilhões. No mês, as exportações somam US$ 27,6 bilhões e as importações, US$ 25,5 bilhões, com saldo positivo de US$ 2,16 bilhões e corrente de comércio de US$ 53 bilhões.

No ano, as exportações totalizam US$ 255,206 bilhões e as importações, US$ 210,234 bilhões, com saldo positivo de US$ 44,972 bilhões e corrente de comércio de US$ 465,44 bilhões. Esses e outros resultados foram divulgados nesta segunda-feira (29), pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/MDIC).

Comparativo Mensal

Nas exportações, comparadas as médias até a 4ª semana de setembro/2025 (US$ 1,381 bi) com a de setembro/2024 (US$ 1,355 bi), houve crescimento de 1,9%. Em relação às importações houve crescimento de 14,3% na comparação entre as médias até a 4ª semana de setembro/2025 (US$ 1,273 bi) com a do mês de setembro/2024 (US$ 1,113 bi).

Assim, até a 4ª semana de setembro/2025, a média diária da corrente de comércio totalizou US$ 2.654 milhões e o saldo, também por média diária, foi de US$ 107,99 milhões. Comparando-se este período com a média de setembro/2024, houve crescimento de 7,5% na corrente de comércio.

Exportações e Importações por setor

No acumulado até a 4ª semana do mês de setembro/2025, comparando com igual mês do ano anterior, o desempenho dos setores exportadores pela média diária foi o seguinte: crescimento de US$ 24,98 milhões (9,2%) em Agropecuária e de US$ 18,43 milhões (6,4%) em Indústria Extrativa; houve queda de US$ 20,82 milhões (2,6%) em produtos da Indústria de Transformação.

No acumulado até a 4ª semana do mês de setembro/2025, comparando com igual mês do ano anterior, o desempenho dos setores importadores pela média diária foi o seguinte: crescimento de US$ 180,13 milhões (17,8%) em produtos da Indústria de Transformação; houve queda de US$ 0,59 milhões (2,7%) em Agropecuária e de US$ 18,86 milhões (25,7%) em Indústria Extrativa.

(*) Com informações Secex/MDIC

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Brasil lança Marca Nordeste e apresenta região como produto turístico único para o mercado internacional

Iniciativa representa um marco na promoção turística integrada no Brasil e reposiciona o Nordeste como destino sustentável e competitivo no mercado global

Da Redação (*)

Brasília – Diversas praias, gastronomia, história, música e culturas que condensam o melhor do Brasil, com originalidade e força para competir com os destinos mais procurados do mundo, os nove estados do Nordeste lançaram a Marca Nordeste nesta segunda-feira (29). O objetivo é apresentar a região como um destino turístico integrado para projeção internacional.

O lançamento aconteceu no estande da Embratur, na Feira Internacional de Turismo da América Latina (FIT), em Buenos Aires, na Argentina. O evento começou no sábado (27) e vai até esta terça-feira (30). Com a participação de todos os estados da região, a proposta da marca é romper com a lógica da promoção isolada e consolidar um bloco turístico forte, com identidade própria, preparado para atrair ainda mais visitantes estrangeiros.

O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, destacou a importância da criação de uma identidade unificada para o turismo na região Nordeste durante o lançamento da nova marca. “Como é importante ter a marca Nordeste. O Nordeste é uma das regiões mais encantadoras que o Brasil tem. É uma cultura muito forte, uma natureza muito forte, uma gastronomia e economia muito diversas. Por isso, é muito necessário que se trabalhe enquanto um produto, enquanto uma região, para se tornar mais competitivo em termos internacionais”, afirmou.

Para o presidente da Embratur, o lançamento da marca é apenas o começo de um trabalho mais amplo. “Na verdade, é o primeiro passo. É para que daqui para frente a gente possa pensar em políticas públicas que tragam o mundo para conhecer o Nordeste. Isso significa todo mundo trabalhando junto para que uma região inteira cresça, gere emprego, gere renda e gere felicidade”, ressaltou.

Representando o Consórcio Nordeste em Buenos Aires, o governador de Alagoas, Paulo Dantas, defendeu a união entre os povos como resposta à polarização global. “Nossa região hoje é sinônimo de energia limpa e renovável, agricultura familiar forte e inovadora, logística eficiente e posição geográfica estratégica. Só nos últimos três anos, o Nordeste mais que dobrou o número de chegadas internacionais. O que o Nordeste entrega não é só viagem, é experiência, é conexão, é memória para a vida toda. E para mostrar tudo isso ao mundo, a gente precisava de algo à altura”, concluiu Dantas.

O embaixador do Brasil na Argentina, Julio Bitelli, celebrou o lançamento da nova marca turística do Nordeste, classificando a iniciativa como “uma nova etapa” para a promoção da região no mercado internacional. “Esse lançamento é sair de um turismo previsível, fácil, homogeneizado e descobrir o sem-fim de experiências que o Nordeste brasileiro oferece, como cultura, gastronomia, paisagens e praias. Tenho certeza de que os argentinos que forem ao Nordeste vão se encantar e vão voltar muitíssimas vezes”, afirmou.

Em 2024, Embratur e Consórcio Nordeste assinaram Acordo de Cooperação Técnica (ACT) para impulsionar o turismo internacional na região. O plano de trabalho conjunto, voltado para promoção dos destinos, atração de visitantes e investimentos, incluiu ações de marketing, roadshows na Europa e outras estratégias de promoção turística para fortalecer a competitividade da região como destino turístico único, beneficiando os nove estados nordestinos.

Coordenadora da Câmara Temática de Turismo do Consórcio e secretária de Turismo de Alagoas, Bárbara Braga fala da marca como “um sonho antigo”. “Esse será um momento muito importante onde reuniremos operadores estratégicos, companhias aéreas e o público interessado em vivenciar um pouco da nossa gastronomia, cultura e história, além de compreender a estrutura do projeto e o conceito da marca. É um sonho antigo que, nesta gestão, virará realidade”, destacou.

FIT Argentina

No estande da Embratur na FIT Argentina são oferecidas experiências sensoriais ligadas à cultura nordestina, como gastronomia, artesanato e manifestações artísticas. O objetivo é encantar operadores turísticos, companhias aéreas e o público argentino, que atualmente é o principal emissor de turistas estrangeiros para a região, além de mostrar o conceito por trás da marca por meio da valorização das raízes, tradições e diversidade cultural do Nordeste.

As experiências fazem parte dos 101 destinos apresentados pela plataforma Feel Brasil. Desses, 39 são no Nordeste, incluindo a atrativos como a canoa havaiana, em Fernando de Noronha (PE), a visita ao Quilombo urbano da Liberdade, no Maranhão, o Luau e Roda de conversa na comunidade, em Beberibe (CE), o Caminho dos Orixás, na Bahia, entre muitos outros.

De olho no verão 2026, a Embratur também lança uma parceria com a Resorts Brasil para destacar destinos autênticos do Nordeste, aliados à sofisticação e à sustentabilidade.

Conectividade

Com mais de 300 mil chegadas internacionais até agosto de 2025, a região Nordeste registrou um crescimento de 51,41% na comparação com o mesmo período de 2024. No ano passado inteiro, foram 353 mil chegadas de turistas estrangeiros. Os principais emissores de visitantes para o Nordeste neste ano são Argentina (107.600), Portugal (43.423), França (26.581) e Itália (22.075).

A intenção é que os números continuem crescendo por meio da ampliação da conectividade aérea. Assim, destinos como Salvador, Recife, Fortaleza, Natal e Maceió estarão ainda mais acessíveis para os viajantes sul americanos.

Além de ampliar a visibilidade internacional, o lançamento da marca dialoga com um momento estratégico de todo o país, que é a expansão da malha aérea entre Brasil e os países vizinhos, como Argentina, Uruguai, Colômbia, Bolívia, México, Paraguai, Peru e Costa Rica. Só em 2025, estão previstos 16.377 voos ligando Brasil e Argentina, com mais de 3,2 milhões de assentos disponíveis. Os números representam um recorde histórico.

De acordo com Freixo, a conectividade aérea é um dos pilares da estratégia de promoção dos destinos brasileiros. “A Embratur vem trabalhando em parceria com companhias aéreas, aeroportos e governos estaduais, promovendo o Programa de Aceleração do Turismo Internacional (PATI) para ampliar a conectividade do país com o mundo. Trabalhando o Nordeste de forma integrada, vamos viabilizar que os turistas possam circular entre os estados e conhecer o máximo de oportunidades que essa região tem a oferecer”, disse.

Rotas turísticas

Por meio de roteiros integrados, a região Nordeste apresenta opções diversificadas para atrair visitantes do exterior. Como exemplo, estão a Rota das Emoções, a Rota dos Cânions e a Rota das Falésias.

A Rota das Emoções passa pelo Maranhão, Piauí e Ceará, e oferece uma combinação de aventura, cultura e sustentabilidade, com oportunidades de vivência junto às comunidades locais, gastronomia regional e artesanato típico. Já a Rota das Falésias é um circuito turístico que se estende pelo litoral do Ceará e vai até o Rio Grande do Norte, oferecendo uma experiência rica em paisagens naturais, como as falésias coloridas e as dunas, e também em cultura local, artesanato e gastronomia.

E em desenvolvimento, está a Rota dos Cânions do São Francisco, que integra Alagoas, Sergipe, Bahia e Pernambuco em uma experiência turística unificada.

(*) Com informações da Embratur

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Empresários reivindicam atualização do teto do MEI para R$ 144,9 mil

Tabela está congelada desde 2018 e já acumula defasagem de 83%, afetando diretamente a competitividade de milhões de pequenos negócios

Brasília – A proposta de atualização do Simples Nacional, defendida por representantes do setor produtivo, prevê correção de 83,03% nos limites de faturamento, acompanhando a inflação acumulada desde 2018. Com isso, o teto do Microempreendedor Individual (MEI) passaria de R$ 81 mil para R$ 144,9 mil; o da microempresa, de R$ 360 mil para R$ 869,4 mil; e o da empresa de pequeno porte, de R$ 4,8 milhões para R$ 8,69 milhões.

Segundo cálculos da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), a medida poderia gerar mais de 869 mil empregos e movimentar R$ 81,2 bilhões na economia. Atualmente, a arrecadação do Simples Nacional corresponde a apenas 5% da receita da União.

O presidente da CACB, Alfredo Cotait Neto, critica a falta de correção dos limites, que força empresas em crescimento a deixar o regime sem terem ampliado de fato suas atividades. “No Brasil, tudo tem correção. Se atraso o pagamento de um imposto, a correção chega a 20, 30, 40 por cento. A única coisa que não corrige é a tabela do Simples Nacional. Mas por que não corrige? Qual é a razão? Exatamente por causa dessa pressão para acabar com o Simples Nacional”, argumenta.

Cotait lembra ainda que, desde a criação do Simples, em 2007, o número de empreendedores saltou de 1 milhão para mais de 23 milhões, reforçando o papel do regime como instrumento de inclusão econômica. “O Simples não é uma renúncia fiscal, e sim uma grande revolução social”, destacou.

Atualização não é benefício extra, dizem empresários

A diretora jurídica da Fecomércio-SP, Sarina Manata, fez questão de esclarecer que não se trata de criar vantagens adicionais para os pequenos negócios, mas apenas de corrigir uma distorção acumulada há anos. “Os valores podem parecer dobrar, alguns limites que até dobram. Mas isso acontece justamente porque há muito tempo não são atualizados. Toda vez que você deixa de atualizar essas faixas, o que acontece é que se paga mais tributo”, explicou.

Dados do Sebrae Nacional mostram que o Simples reúne 24 milhões de empresas: 16,5 milhões de MEIs e 7,5 milhões de micro e pequenas empresas. Juntas, elas representam 97% das companhias ativas no país, respondem por 25% dos empregos formais e foram responsáveis por 77% das vagas criadas nos últimos cinco anos. O setor movimenta R$ 2,5 trilhões por ano e arrecada R$ 167 bilhões em tributos, o equivalente a 27% do PIB.

Nesse contexto, a CACB lançou campanha para pressionar o Congresso Nacional a atualizar os tetos de faturamento para o Simples Nacional e terá encontro nesta quarta-feira (1°) com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tratar do tema.

A demanda da Confederação é de que a Câmera vote o PLP (projeto de lei complementar) 108/2021, que propõe a atualização do Simples com correção de 83% nos limites de faturamento — inflação acumulada desde 2018. Críticos da medida apontam para a perda de arrecadação e rombo que ela levaria aos cofres públicos.

O encontro do presidente da entidade, Alfredo Cotait Neto, com Hugo Mota é tratado como o pontapé inicial da campanha, que segue até a quarta-feira da próxima semana (7). Nessa data, os empresários vão à Câmara participar de sessão solene e tentar pressionar o colégio de líderes da Casa.

 

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ApexBrasil encerra em Dubai ciclo global de Encontros de SECOMs, SECTECs e adidos agrícolas iniciado em 2023

De 2 a 4 de outubro, o evento reunirá SECOMs, SECTECs e adidos agrícolas de países do Oriente Médio, Cáucaso, Ásia Central, parte do Sul da Ásia e Turquia. Com este encontro, a Agência completa ciclo de encontros com representantes de todos os continentes

Da Redação (*)

Brasília – Com o objetivo de fortalecer parcerias estratégicas e expandir o comércio internacional do Brasil, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em parceria com o Itamaraty, vem realizando, desde 2023, uma série de encontros com os Setores de Promoção Comercial e Investimentos (SECOMs), Setores de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTECs) e adidos agrícolas de diferentes países.

Até agora, nove encontros foram realizados. O próximo será em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, de 2 a 4 de outubro, e encerrará o ciclo global de articulação diplomática e comercial que percorreu todos os continentes, ampliando parcerias e abrindo novas portas para a inserção internacional do Brasil.

“Esses encontros mostram que o Brasil está preparado para competir globalmente, abrindo novos mercados e reforçando parcerias estratégicas. O ciclo de SECOMs é um marco na internacionalização de nossas empresas e na atração de investimentos para o país”, afirma Jorge Viana, presidente da ApexBrasil.

Desde a primeira edição, realizada em Joanesburgo, em junho de 2023, os encontros têm reunido diplomatas, representantes do governo e empresas brasileiras, com o objetivo de fortalecer o comércio exterior. A iniciativa consolidou-se como um espaço estratégico para alinhar políticas de promoção comercial, identificar oportunidades e ampliar a presença do Brasil em mercados prioritários.

O próximo encontro – o 10º do ciclo –, em Dubai, reunirá SECOMs, SECTECs e adidos agrícolas de países do Oriente Médio, Cáucaso, Ásia Central, parte do Sul da Ásia e Turquia. A abertura contará com a presença de Sidney Leon Romeiro, embaixador do Brasil nos Emirados Árabes Unidos; Laudemar Aguiar, secretário do Itamaraty; Marcel Moreira Pinto, secretário-adjunto do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA); Jorge Viana, presidente da ApexBrasil; Ana Paula Repezza, diretora de Negócios da ApexBrasil; e outras autoridades. Ao longo da programação, está confirmada a presença de representantes de entidades como ABPA, ABIT, BSCA e Abicalçados.

Além dos painéis sobre agronegócio, indústria e serviços, haverá apresentações da ApexBrasil e do Ministério das Relações Exteriores (MRE), bem como exposições técnicas de SECOMs, SECTECs e adidos agrícolas que atuam em países da região. O encontro será concluído com um workshop de coordenação e estratégia, reforçando a integração das ações de promoção comercial, inovação e investimentos do Brasil nos mercados do Oriente Médio e da Ásia.

Histórico dos encontros

O primeiro Encontro do ciclo, realizado em Joanesburgo, na África do Sul, em 2023, foi o início dos esforços de retomada da presença brasileira no continente dentro da estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de reaproximar a África como parceira prioritária. “Da África viemos e para a África voltaremos”, disse Jorge Viana na ocasião, reforçando o desejo de impulsionar a diplomacia e os negócios com os países da região. Desde então, o Brasil intensificou sua agenda na África com missões em países como Angola, Moçambique, TanzâniaNigéria, Gana, Costa do Marfim e Senegal.

Em outubro daquele ano, a ApexBrasil levou a discussão à América Central e Caribe, com o Encontro no Panamá, que reforçou a urgência de redinamizar as relações comerciais do Brasil com a América Central, Caribe e México, uma região que oferece mais de 13 mil oportunidades de negócios, segundo estudos da inteligência de mercado da ApexBrasil. Ainda em 2023, o encontro seguinte foi com países da América do Sul, em Bogotá. O foco foi a reversão de um cenário em que o Brasil perdeu presença em mercados estratégicos do continente nos últimos anos. Segundo a diretora de Negócios da ApexBrasil, Ana Paula Repezza, “um novo mapa das oportunidades de investimento e de comércio na América do Sul começou a ser traçado a partir do encontro”.

Em 2024, a agenda incluiu América do Norte, com encontro realizado em Washington, nos Estados Unidos, com palestras e reuniões entre técnicos, diplomatas, parlamentares, adidos agrícolas, empresários e investidores norte-americanos e canadenses. Também foram realizadas reuniões no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Em seguida, os debates avançaram para a Ásia com o Encontro com países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) – integrada por Brunei, Camboja, Singapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Tailândia e Vietnã – e da Oceania, realizado em Bangkok. “O Brasil quer estar presente em toda a Ásia”, afirmou Jorge Viana durante encontro que buscou explorar as mais de 2.700 oportunidades de exportação para produtos brasileiros mapeadas pela ApexBrasil no bloco asiático e na Oceania, em mercados que somam US$ 322,2 bilhões.

Ainda na Ásia, em Tóquio, no Japão, mais um encontro reforçou o compromisso brasileiro de estar presente nos principais polos econômicos do continente. O objetivo foi debater cenários e estratégias para o fortalecimento das relações com países do Leste Asiático. “A Ásia tem mais de 1/3 da população do planeta e um PIB reunido de 30 trilhões de dólares. Ou seja, o Brasil tem um potencial enorme de crescimento no continente”, ressaltou Viana durante a missão.

Já em abril de 2025, a rota dos Encontros de SECOMs, SECTECs e adidos agrícolas incluiu a Europa, passando por Lisboa, Varsóvia e Bruxelas, em um importante momento de avanço no diálogo sobre o acordo Mercosul-União Europeia. Presente durante toda a missão, Jorge Viana disse ao final: “A realização desses encontros é uma resposta estratégica em um cenário global marcado por incertezas. Saio desta missão mais otimista do que cheguei. O Mercosul é uma oportunidade, uma solução e um caminho nesse novo contexto global”.

O próximo evento será o de Dubai, em outubro, completando o ciclo de encontros em todos os continentes. A diretora de Negócios da Agência, Ana Paula Repezza, destaca a importância dos eventos: “Essas iniciativas reforçam o papel do Brasil como parceiro estratégico em temas de comércio e investimentos, ampliando perspectivas de cooperação com mercados altamente relevantes”.

Segundo ela, o fechamento do ciclo em Dubai – um dos mais importantes hubs globais de comércio e inovação – simboliza não apenas o alcance geográfico da iniciativa, mas também a capacidade do Brasil de dialogar em pé de igualdade com diferentes regiões do mundo.

Linha do tempo dos Encontros de SECOMs, SETECs e Adidos Agrícolas promovidos pela ApexBrasil e Itamaraty

  • 2023
    • Joanesburgo (junho)
    • Panamá (18 a 20 de outubro)
    • Bogotá (23 a 25 de outubro)
  • 2024
    • Washington – América do Norte (12 a 15 de março)
    • Bangkok – ASEAN (30 de outubro a 1º de novembro)
    • Tóquio (4 a 6 de novembro)
  • 2025
    • Lisboa, Varsóvia e Bruxelas (23 a 29 de abril)
    • Dubai (próximo mês)

SERVIÇO

10º Encontro SECOMs, SETECs e Adidos Agrícolas

Data: 2 a 4 de outubro de 2025

Local: Emirados Árabes Unidos, Dubai

Mais informações/imprensa: imprensa@apexbrasil.com.br

(*) Com informações da ApexBrasil

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Brasil é visto pelo BCG como ator central na descarbonização do transporte marítimo global

Relatório apresentado no Brazil Climate Summit, em Nova York, destaca que o Brasil pode atender 15% da demanda de transporte marítimo global com biocombustíveis, reduzir 170 Mt de CO2e e atrair investimento de US$ 90 bilhões

Da Redação (*)

Brasília – O  Boston Consulting Group (BCG) apresentou, durante o Brazil Climate Summit, realizado em Nova York, um estudo que retrata o Brasil como um ator central na descarbonização do transporte marítimo global. O relatório, intitulado “Seizing Brazil’s Potential for Low-Emission Marine Fuels: Unlocking Opportunities in Biofuels Under the IMO Net Zero Framework“, destaca as vantagens intrínsecas do país e seu papel na transição energética do setor.

De acordo com a pesquisa, o país já é considerado o segundo maior produtor de etanol e biodiesel do mundo e pode alavancar sua liderança em biocombustíveis para atender às exigências da estrutura regulatória do IMO Net Zero (IMO NZF) – definição da Organização Marítima Internacional para atingir emissões líquidas zero no transporte marítimo – em vigor a partir de 2028.

“Com as embarcações necessitando reduzir drasticamente a intensidade de suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), com penalidades que variam de US$ 100 a US$ 380 por tonelada de dióxido de carbono equivalente (CO2e) para o não cumprimento, haverá uma crescente demanda por combustíveis marítimos de baixa emissão. Neste cenário, os biocombustíveis brasileiros, como o biodiesel e etanol, oferecem alternativas de rápida implementação, competitivas em custo e escaláveis, cujo aumento da oferta será apoiado na restauração de terras degradadas”, afirma Arthur Ramos, diretor executivo e sócio do BCG.

Vantagens do etanol brasileiro

Segundo a consultoria, o biodiesel brasileiro (B100) apresenta um custo de abatimento de US$ 220-230/tCO2e em portos brasileiros e US$ 280-300/tCO2e em portos como Roterdã e Singapura, ambos significativamente menores que as penalidades da IMO. Da mesma forma, o etanol brasileiro mostra custos de abatimento de US$ 205-210/tCO2e em portos brasileiros e US$ 265-275/tCO2e em portos globais, reforçando sua atratividade econômica.

“Esta vantagem pode gerar uma redução de aproximadamente 170 Mt de CO2e por ano e atender a 15% da demanda de energia do transporte marítimo até 2050, com uma oportunidade de investimento estimada em cerca de US$ 90 bilhões especificamente para a cadeia de valor de biocombustíveis marítimos”, reforça Ramos.

No entanto, o relatório aponta que a consolidação do arcabouço regulatório da IMO, a efetividade de mecanismos de incentivo claros (com a IMO visando finalizar as recompensas até março de 2027) e os avanços tecnológicos, especialmente para motores a metanol compatíveis com etanol, são cruciais.

O relatório completo está disponível, em inglês, no site do BCG.

(*) Com informações

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