Sazonalidade aquece comércio exterior e especialista projeta alta da corrente comercial na reta final do ano

Entre setembro e dezembro, importações e exportações brasileiras atingem o auge com o consumo de fim de ano. Setores como eletrônicos, brinquedos e moda impulsionam o comércio, exigindo gestão preditiva e logística ágil

Da Redação

Brasília – Dois dados recentes reforçam que o período entre setembro e dezembro exerce papel central no balanço do comércio exterior brasileiro. De um lado, estatísticas da Receita Federal mostram que importações e exportações concentram intensa movimentação nos últimos quatro meses do ano, quando empresas repõem estoques e atendem à demanda natalina. Do outro, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) destaca que muitos dos indicadores industriais atingem picos nesse momento, em função das cadeias produtivas que servem ao varejo.

Segundo o Ministério d Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), no mês de setembro, as exportações brasileiras totalizaram US$ 30,5 bilhões (FOB) e as importações somaram US$ 27,5 bilhões, configurando uma corrente de comércio de US$ 58,1 bilhões. Esses números indicam que o trimestre final, historicamente mais ativo, poderá elevar ainda mais essas cifras.

Na visão de Thiago Oliveira, especialista em câmbio, CEO da Saygo, essa reta final do ano impõe desafios logísticos e pressões nos custos.  “Quem não antecipa gargalos como frete marítimo, demoras aduaneiras ou prorrogações cambiais, pode sofrer atraso de prateleira ou margens comprimidas”, pontua.

Setores que impulsionam a sazonalidade

Os segmentos que mais se beneficiam da alta sazonalidade de comércio exterior costumam ser aqueles com forte presença importadora ou que dependem de cadeias globais: eletrônicos, brinquedos, bebidas importadas e moda. No setor eletrônico, por exemplo, componentes e semicondutores já registram importações com crescimento contínuo nos primeiros meses de 2025, segundo dados do Comex Stat.

Embora não haja uma cifra recente publicada que isole o trimestre set-dez, registros históricos apontam que entre outubro e dezembro a fatia de importações do setor concentra entre 25% a 30% do total anual. Essa concentração decorre da antecipação da produção voltada para datas promocionais (Black Friday) e festividades.

No segmento de brinquedos, os importadores costumam intensificar compras entre agosto e outubro, justamente para proteger-se de aumentos cambiais ou colapsos logísticos nos meses finais. Em 2024, dados de declarações de importação mostraram que mais de 50% dos volumes destinados ao mercado infantil foram declarados entre agosto e novembro. Essa sazonalidade é amplificada pela dependência de fornecedores asiáticos.

Para bebidas importadas, vinhos, espumantes e destilados, a procura refresca no quarto trimestre, quando o varejo eleva seu mix premium para as celebrações de final de ano. Embora o volume ainda represente parcela menor das importações totais, o efeito sobre preço e margem é mais sensível à variação cambial, dada a carga tributária e custos logísticos associados.

No âmbito da moda, mesmo com maior produção nacional, muitos insumos (tecidos, aviamentos, fios especiais) são importados, o que submete o segmento às mesmas pressões externas. A CNI, em suas análises industriais, verifica que muitos dos índices de uso de capacidade e faturamento tendem a subir no auge do segundo semestre, puxados justamente pela demanda de reposição.

Antecipação é imperativa diante de gargalos logísticos

Oliveira sustenta que além da proteção cambial, a preparação logística é tão decisiva quanto. Ele recomenda que as empresas adotem sistemas de análise preditiva para antecipar atrasos e custos extras, especialmente em rotas marítimas congestionadas ou portos sob pressão. “Uma simples curva de previsão de desembaraço aduaneiro permite realocar estoques e evitar reajustes repentinos”, afirma.

Ele acrescenta que plataformas digitais voltadas ao comércio exterior permitem simular cenários de atraso, custo de capital e impacto cambial integrado. Com essas ferramentas, importadores podem escalonar desembaraços e até ajustar mix de produtos conforme a disponibilidade real no período crítico.

Outra recomendação é escalonar compras cambiais: não esperar para comprar todo o dólar em um só momento, mas segmentar as aquisições para “capturar” oscilações favoráveis e reduzir risco de picos danosos. A lógica se estende ao planejamento tributário: regimes como drawback, regimes especiais aduaneiros e uso correto da classificação fiscal ajudam a reduzir sobrecarga tributária e evitar multas ou devoluções inesperadas.

O “gap” entre demanda e capacidade

Mesmo com projeções otimistas para o Natal, vários elos da cadeia enfrentam restrições reais: o custo do frete internacional segue elevado, o tempo de espera em navios porta-contêineres nos portos americanos (exportadores) e chineses é imprevisível, e o desembaraço aduaneiro no Brasil sofre com sobrecarga regulatória e fiscalização. A Receita Federal disponibiliza dados de tempos e quantidades de despacho aduaneiro nos sistemas de dados abertos, confirmando que em diversos períodos o tempo para liberação de importações ultrapassou prazos usuais. 

Para muitos importadores, isso significa risco de ruptura de estoque ou necessidade de “prorrogações cambiais”, que elevam custos financeiros. Empresas que se blindam com planejamento antecipado, margem de contingência e visibilidade digital tendem a minimizar surpresas.

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Risco Chinês – Estratégia chinesa amplia riscos para o comércio mundial

 Márcio Coimbra (*)

O Quarto Plenário do 20º Comitê Central do Partido Comunista Chinês (PCCh), que teve início a portas fechadas no Hotel Jingxi, em Pequim, não é apenas um evento rotineiro do ciclo político nacional. É um momento de engenharia estratégica de alto risco que visa redefinir o caminho do país num cenário global crescentemente hostil. Reunindo mais de 350 dirigentes, o foco central não é a governança partidária, mas a sobrevivência econômica e segurança nacional, materializada nas propostas para o 15º Plano Quinquenal (2026-2030).

O teor central do Plenário, realizado em um momento de acentuada desaceleração econômica (com PIB abaixo das expectativas) e de colapso no investimento estrangeiro, foi a mudança brusca de prioridade: do crescimento a todo custo para segurança e autossuficiência. Sob a liderança de Xi Jinping, o Partido Comunista busca construir uma China menos vulnerável às pressões externas.

O objetivo passa por investimentos massivos em inteligência artificial, tecnologia quântica, semicondutores e energia limpa, enquanto a modernização de indústrias tradicionais busca competitividade global. Contudo, a alocação seletiva de recursos para setores estratégicos, em detrimento de uma recuperação econômica ampla, repete os erros de planos passados, que frequentemente sacrificaram resiliência em favor de prioridades políticas. A crise da dívida local e o colapso do setor imobiliário, problemas herdados do 14º Plano, continuam a desafiar a estabilidade chinesa, e a insistência do regime em soluções centralizadas revela uma incapacidade real de promover reformas estruturais profundas, sufocando a inovação genuína.

Ao fim e ao cabo, vemos que longe da retórica de “modernização socialista”, a estratégia adotada esconde riscos sistêmicos e geopolíticos de longo prazo que merecem uma análise crítica no Brasil e no mundo. O redirecionamento massivo de crédito dos setores tradicionais (como a construção civil, em crise) para a manufatura avançada, sem um consumo interno que absorva essa produção, pode simplesmente transferir e agravar a sobrecapacidade industrial, desestabilizando os mercados globais.

Além disso, ao forçar a autossuficiência em tecnologias sensíveis, a China acelera a fragmentação dos padrões tecnológicos globais. Isso não apenas dificulta o comércio, mas também pode forçar empresas estrangeiras a escolherem entre o mercado chinês e o resto do mundo, dividindo as cadeias de valor e aumentando os custos logísticos e de produção para todos os países, incluindo o Brasil.

O comunicado final consolida diretrizes inquestionáveis, mas a visão do PCCh, ancorada em controle rígido, levanta sérias dúvidas sobre sua sustentabilidade. A centralização excessiva, que reprime vozes dissidentes e inovações não sancionadas, contrasta com a promessa de prosperidade e expõe a fragilidade de um sistema que teme a abertura. Comparado aos planos quinquenais do passado, que, apesar de falhas, beneficiaram-se de um ambiente global mais favorável, o 15º Plano enfrenta um mundo mais hostil, onde a desconfiança gerada pelo autoritarismo do PCCh mina a cooperação internacional. O custo dessa abordagem — isolamento econômico, tensões geopolíticas e erosão da coesão social interna — pode superar as ambições do regime, revelando um modelo que, sob a fachada de força, camufla profundas vulnerabilidades, aquilo que se transformou no verdadeiro risco chinês.

((*)  Márcio Coimbra é CEO da Casa Política e Presidente-Executivo do Instituto Monitor da Democracia. Conselheiro e Diretor de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig). Mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal.

 

 

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Sua empresa busca acesso ao mercado exterior? Veja caminhos e oportunidades para exportação em 175 países

Ferramenta de Inteligência de Mercado da Agência identifica 45 mil oportunidades para produtos brasileiros em 175 países e apoia empresas na busca por novos mercados. O assunto é um dos temas da nova webserie Destino Exportação

Da Redação (*)

Brasília – As recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos estrangeiros acenderam o alerta sobre os desafios do comércio internacional e a importância de diversificar mercados para exportação. “Buscar novos destinos comerciais deixou de ser apenas uma opção de crescimento e passou a ser uma estratégia essencial de resiliência e competitividade”, destaca Igor Celeste, gerente Regional da Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Ele reforça que, ao atuar em diferentes mercados, as empresas reduzem riscos e aumentam sua competitividade.

Criado em 2015, o Mapa de Oportunidades da ApexBrasil permite analisar o desempenho das exportações em 175 países – representando 98,8% do comércio global. A ferramenta cruza dados de importações mundiais com informações sobre a competitividade brasileira, mostrando oportunidades e tarifas aplicadas aos produtos, além de comparar resultados com concorrentes. Em 2024, a ferramenta teve mais de 6.500 acessos.

Neste mês, o Mapa foi atualizado apresentando 45 mil oportunidades de exportação para produtos brasileiros. Entre os destaques, está a região da América do Sul com cerca de 14 mil oportunidades. Para a União Europeia, foram identificadas 6.700 oportunidades, especialmente na Espanha, Alemanha e França. Já a China reúne 385 oportunidades.

“O Mapa permite identificar mercados alternativos com base em dados concretos, apoiando decisões estratégicas e contribuindo para a resiliência e expansão dos negócios no mercado internacional”, afirma Gustavo Ribeiro, gerente de Inteligência da ApexBrasil.

“Ao utilizar a ferramenta, uma empresa brasileira do setor de alimentos, por exemplo, que sempre exportou o seu produto para um determinado mercado, pode identificar uma crescente demanda pelo mesmo produto em países do Oriente Médio, no Canadá ou na Ásia, por exemplo, com condições competitivas de entrada. Assim, ela pode traçar uma nova estratégia de atuação e passar a exportar também para aquela região ou país, ampliando suas receitas e reduzindo sua dependência de mercados específicos”, completa Gustavo.

Destino Exportação

Exportar é um passo fundamental para empresas que buscam crescimento e competitividade. Mas diante de 190 países no mundo, como identificar o destino certo? Quais mercados têm interesse em determinados produtos e onde há espaço para crescer? Essas e outras dúvidas, que são comuns entre empresários e empresárias interessados em atuar no mercado internacional, motivaram a criação da websérie Destino Exportação, uma iniciativa da ApexBrasil em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) que já está no ar.

Além de abordar as vantagens de quem exporta, o primeiro episódio destaca, por exemplo, de forma simples e didática, a importância de identificar o melhor destino para cada produto e mostra como ferramentas e programas da ApexBrasil auxiliam empresas nesse processo.

“Para definir o melhor país para exportar, a empresa deve considerar algumas coordenadas”, explica Igor Celeste que é o convidado do primeiro episódio da websérie. “A principal delas é a demanda: entender qual país tem demanda por determinados produtos e quais países não são adequados”. Como exemplo, Igor cita o mercado asiático, países como Japão e Coréia do Sul, que possuem grande demanda pelo setor de cosméticos. Como o Brasil produz muitos cosméticos naturais, então estes são vistos como mercados estratégicos.  “Outra coisa é a competitividade: a empresa precisa entender as barreiras que ela pode enfrentar, que tipo de logística é a mais adequada e os preços que ela pode aplicar nos diferentes países para ser competitiva”, completa Igor.

Ele lembra que a ApexBrasil oferece diversas ferramentas para ajudar nesse mapeamento. “A Apex tem milhões de dados de países e mercados internacionais, acessíveis na ferramenta Mapa de Oportunidades, além de estudos como o Perfil País de diversos mercados, e programas como o Exporta Mais Brasil”. Ele destaca que todas essas ferramentas estão disponíveis de forma gratuita no portal da Agência, na área de Inteligência de Mercado, e que atendem tanto empresas que querem começar a exportar como aquelas que já exportam, mas buscam novas oportunidades para expandir.

Estudos estratégicos

A ApexBrasil também disponibiliza estudos estratégicos para apoiar empresas brasileiras na expansão internacional, como os Perfis de Comércio e Investimentos de diferentes países e blocos comerciais, além de análises específicas sobre cenários relevantes para o país.

Um exemplo recente é o estudo Diversificação de Mercados por Estados Brasileiros, lançado em setembro, que analisa o impacto das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e identifica mercados alternativos para os itens e estados mais afetados. A publicação oferece dados práticos que ajudam os empresários a planejar a diversificação de destinos, reduzir riscos e ampliar competitividade no comércio exterior.

Websérie Destino Exportação 

Criada para apoiar empresários brasileiros que desejam iniciar sua jornada no mercado internacional, a websérie Destino Exportação foi lançada este mês e terá dois episódios por semana. Apresentada pela atriz e influenciadora Luana Xavier, que recebe convidados especialistas em cada episódio, a websérie foi desenvolvida a partir das perguntas mais frequentes que a ApexBrasil recebeu ao longo do ano pelas redes sociais e pela Central de Atendimento ao Cliente, de empresários interessados em exportar, mas que ainda não sabem por onde começar. As respostas foram transformadas nesta série de conteúdos práticos e acessíveis, que conversam diretamente com empreendedores que desejam iniciar sua jornada rumo ao mercado internacional.

(*) Com informações da ApexBrasil

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Às vésperas de encontro com Donald Trump, Lula reitera defesa do uso de moedas locais para comércio Brasil-Indonésia

Da Redação (*)

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, em dois momentos, durante a visita que faz à capital da Indonésia, Jacarta, a possibilidade de uso de moedas locais no comércio entre os dois países.

A primeira delas, durante declaração à imprensa, na madrugada desta quinta-feira (23). Hoje de manhã, Lula disse que tanto o Pix quanto o sistema similar indonésio têm condições de facilitar não só o comércio entre os dois países, mas, também, entre os países que integram o Brics – grupo formado por 11 países-membros e dez parceiros, entre eles o Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul,

“No âmbito do Brics, o Pix brasileiro e o Qris indonésio oferecem modelos de sistemas de pagamentos eficazes e acessíveis, que podem inspirar medidas que facilitarão o comércio em moedas locais entre os países do bloco”, disse o presidente durante evento com empresários brasileiros e indonésios.

Segundo Lula, esse movimento faz parte de uma “estratégia mais ampla do Brasil de diversificar parcerias e facilitar o comércio”.

Liberdade para uso da própria moeda

Mais cedo, durante declaração conjunta de Lula e do presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, à imprensa, Lula já havia reiterado seu posicionamento favorável ao uso de moedas locais para o comércio entre os dois países.

“Nós queremos comércio livre. E, mais ainda: tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de a comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas”, disse, mais cedo, o presidente brasileiro – ao enfatizar que esse tipo de “liberdade de uso das próprias moedas” é algo que já deveria ter acontecido.

“O século XXI exige que tenhamos a coragem que não tivemos no século XX. Exige que a gente mude alguma forma de agir comercialmente para não ficarmos dependentes de ninguém”, acrescentou ao defender o multilateralismo, em vez do unilateralismo.

Posteriormente, no encontro com empresários, reiterou que, “como a Indonésia, o Brasil se opõe a medidas unilaterais e coercitivas que distorcem o comércio e limitam a integração econômica”.

Segundo ele, “ é o setor privado, com parcerias e projetos conjuntos, que transformará a afinidade diplomática em prosperidade compartilhada para os dois países”.

“Indonésia e Brasil seguirão parceiros na construção de um futuro compartilhado de cooperação, desenvolvimento e justiça social”, completou.

(*) Com informações da Agência Brasil

 

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Diversificação de mercados é foco da oitava edição da newsletter “Impulso das Exportações” lançada pela ApexBrasil

Publicação traz dados consolidados do comércio exterior brasileiro até o terceiro trimestre, além de um consolidado das ações do tarifaço

Da Redação (*)

Brasília – A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Atração de Investimentos (ApexBrasil) lançou a oitava edição da newsletter Impulso das Exportações, publicação que reúne as principais análises e dados sobre o desempenho do comércio exterior brasileiro. Nesta edição, o destaque é o impacto do tarifaço americano nas exportações do Brasil e as estratégias de diversificação de mercados que vêm sendo desenvolvidas para mitigar seus efeitos e ampliar a presença internacional do país.

Segundo a publicação, as exportações brasileiras atingiram US$ 257,8 bilhões de janeiro a setembro de 2025, o maior valor já registrado para o período, mesmo em um cenário global adverso. As importações também cresceram, somando US$ 212,3 bilhões (+8,2%), o que elevou a corrente de comércio para US$ 470,1 bilhões, alta de 4,2% em relação a 2024.

Entre os setores produtivos, a indústria de transformação liderou com US$ 138,2 bilhões exportados (+3,7%), seguida pela agropecuária (US$ 59,6 bilhões, +2,1%). Já a indústria extrativa recuou 5,7%, totalizando US$ 58,5 bilhões, refletindo a volatilidade dos preços internacionais.

Tarifaço de Trump é destaque da edição

A edição dedica atenção especial ao chamado tarifaço dos Estados Unidos, que elevou em até 50% as tarifas sobre produtos brasileiros. A publicação reúne tudo o que o exportador precisa saber sobre as medidas de taxação aplicadas ao Brasil, seus impactos no comércio exterior e as alternativas que estão sendo desenvolvidas para superá-los. Além da análise da balança comercial com os Estados Unidos, que apresentou queda de cerca de 28% nas exportações ao mercado americano no terceiro trimestre.

O boletim também destaca os investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil, que passaram a representar 46,6% do PIB em 2024, a maior proporção da série histórica, e o avanço das ferramentas de inteligência comercial da ApexBrasil, como o Mapa de Oportunidades de Exportações Brasileiras, atualizado recentemente com 45 mil oportunidades em 175 países.

Com visual interativo e linguagem acessível, o Impulso das Exportações tem se consolidado como um instrumento de referência para um público diverso: empresários, acadêmicos, e formadores de opinião, interessados em compreender as dinâmicas do comércio exterior brasileiro e as ações de promoção da ApexBrasil.

Acesse a oitava edição completa do Impulso das Exportações no portal da ApexBrasil e inscreva-se para receber a versão digital da publicação.

(*) Com informações da ApexBrasil

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Pesquisa mostra encantamento dos turistas internacionais com a hospitalidade, hospedagem e gastronomia do Brasil

Estudo revela que fatores como hospitalidade, hospedagem e gastronomia foram determinantes para a avaliação positiva

Da Redação (*)

Além de ter batido o recorde histórico de entrada de turistas internacionais em setembro de 2025, o Brasil também proporcionou um alto grau de satisfação para estes visitantes. Segundo uma pesquisa inédita realizada pela Embratur, em parceria com a Visa e o Instituto Ipsos, 94% dos estrangeiros que vieram ao país nos últimos 12 meses avaliaram a experiência como boa ou muito boa.

Entre os principais fatores para a percepção positiva estão a hospitalidade, a qualidade da hospedagem e a gastronomia. O estudo ouviu mais de 8 mil viajantes de Argentina, Chile, Estados Unidos, Portugal e Uruguai, mercados responsáveis por quase 60% do fluxo internacional para o Brasil em 2025.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, avalia que a pesquisa reflete o bom momento do setor no país. “Esse alto número de satisfação dos turistas estrangeiros é fruto do trabalho que estamos desenvolvendo em parceria com toda a cadeia turística no Brasil e dos investimentos em infraestrutura, ampliação da malha aérea, capacitação de profissionais e ações estratégicas de promoção internacional. A presença do Brasil está cada vez mais forte no cenário global”, destacou Sabino.

Do total de turistas consultados, 94% estiveram no Brasil para uma viagem pessoal, enquanto 6% desembarcaram no país por razões profissionais. Já em relação aos destinos, praias (mencionadas por 75%) e natureza (63%) permanecem como as grandes motivadoras da escolha.

O tempo de permanência dos visitantes também revela a crescente importância do Brasil no turismo global: em média, visitantes provenientes dos mercados citados passam 12 noites no país, um período considerado elevado.

GASTOS COM A VIAGEM

Quanto a gastos, o estudo identifica que o turista estrangeiro dos cinco mercados pesquisados desembolsa, em média, US$ 175 (R$ 942) por dia no Brasil. Os norte-americanos lideram com uma despesa média diária de US$ 308,21 (R$ 1.659,00), quase o triplo dos uruguaios, que gastam US$ 114,73 (R$ 617,72). O PIX foi utilizado por 16% dos visitantes internacionais entrevistados, destacando-se os argentinos: quase um terço deles utilizou o meio de pagamento em sua viagem ao Brasil.

ANO HISTÓRICO

De janeiro a setembro de 2025, o Brasil já recebeu mais de 7 milhões de turistas  internacionais,uma marca inédita na história nacional. Com o desempenho, em apenas nove meses, o país ultrapassou o recorde anual anterior, de 2024, de 6.773.619 viajantes estrangeiros.

(*) Com informações do MTur
 

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Lula busca no Sudeste Asiático novos mercados para compensar perdas causadas pelo tarifaço de Trump

Viagem à Malásia e Indonésia pode ampliar exportações brasileiras

Da Redação (*)

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca nesta terça-feira (21) para o Sudeste Asiático, onde visitará a Indonésia e Malásia. A programação inclui participações na cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) e no encontro de líderes do Leste Asiático (EAS). Lula também participará de reuniões bilaterais com os países anfitriões e outros chefes de Estado visitantes, incluindo um possível encontro com o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, que ainda não está confirmado. O presidente retorna ao Brasil no dia 28.

Entre os principais objetivos da viagem, segundo o governo brasileiro, está uma aproximação política com os países da região e a possibilidade de expansão do comércio bilateral.

“É a primeira vez que um presidente brasileiro participa, como convidado, de uma cúpula da Asean”, destacou o embaixador Everton Frask Lucero, que é diretor do Departamento de Índia, Sul e Sudeste da Ásia do Palácio Itamaraty, em conversa com jornalistas para detalhar a viagem.

“É uma oportunidade de encontro e reunião com diversos líderes mundiais, já que todos os grandes países têm algum tipo relação com a Asean e participam da cúpula”, observou. Entre os encontros já confirmados, por exemplo, está o de Lula com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, previsto para domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia.

Fundada em 1967 pela Indonésia, Malásia, pelas Filipinas, por Singapura e Tailândia, a Asean é uma organização regional que promove a cooperação econômica, política, de segurança e sociocultural entre os seus membros. Além dos países fundadores, o bloco é composto também por Brunei, Laos, Mianmar, pelo Vietnã, Camboja e, durante esta próxima cúpula, receberá formalmente a adesão do Timor Leste, que se tornará o 11º membro.

“Do ponto de vista econômico, os 11 países, considerando o Timor Leste, que agora entra para a associação, eles somam mais de 680 milhões de habitantes com PIB [Produto Interno Bruto] agregado de cerca de US$ 4 trilhões. Considerados em conjunto, então, eles formariam o terceiro maior país em termos populacionais e a quarta maior economia do mundo”, apontou Lucero.

O embaixador ainda destacou que o comércio do Brasil com os países da Asean superou US$ 37 bilhões no ano passado e continua crescendo. Se fosse um único país, a Asean seria o quinto principal parceiro comercial do Brasil, atrás da China, União Europeia, dos Estados Unidos e da Argentina.

Em meio a uma conjuntura de imposição de tarifas unilaterais no comércio internacional, a Asean pode ampliar ainda mais as possiblidades de escoamento de produtos brasileiros exportados, já que os países do bloco responderam, no ano passado, por mais de 20% do superávit de comércio exterior global do Brasil, com um saldo favorável à balança nacional da ordem de US$ 15,5 bilhões, segundo informou o Itamaraty.

Programação na Indonésia

A primeira parada de Lula será Jacarta, capital da Indonésia, a maior economia da região, onde o presidente será recebido em visita de Estado para reafirmar a relação estratégica bilateral. É também uma retribuição da recente visita do presidente indonésio, Prabowo Subianto, ocorrida em julho deste ano, logo após a 17ª Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro.

A chegada de Lula ao país está prevista para as 15h30 (horário local) desta quarta-feira (22), sem agenda oficial. O fuso horário de Jacarta é de 10 horas à frente do horário de Brasília. No dia seguinte, quinta-feira (23), a partir das 10h30 (0h30 em Brasília), está marcada a cerimônia oficial de recepção a Lula, à primeira-dama Janja da Silva e aos demais integrantes da comitiva brasileira no Palácio Presidencial da Indonésia, seguida de reunião privada entre Lula e Subianto.

Os dois presidentes se reúnem posteriormente com ministros dos dois lados, para assinatura de atos oficiais, que devem incluir ao menos um memorando de entendimento na área de energia renovável, segundo informações do Itamaraty. Por fim, fazem uma declaração à imprensa.

“A Indonésia é parceiro estratégico do Brasil desde 2008, é a terceira maior democracia do mundo, a quarta nação mais populosa e a principal economia da Asean. Os contatos de alto nível entre o Brasil e a Indonésia têm se intensificado nos últimos anos.

O ministro Mauro Vieira [chanceler] esteve lá em 2023, no primeiro ano do atual governo, quando foi firmado o plano de ação revitalizado da nossa parceria estratégica, que prevê a aproximação dos dois países em termos de diálogo e cooperação em diversas áreas tanto da pauta bilateral, quanto das negociações multilaterais”, afirmou o embaixador Lucero. Entre as áreas de interesse prioritário do Brasil e da Indonésia estão comércio agrícola, segurança alimentar, bioenergia, desenvolvimento sustentável e defesa.

Após almoço oferecido pelo presidente da Indonésia, Lula continua a tarde em Jacarta, onde participará do encerramento de um fórum empresarial com representantes dos dois países. Apenas entre os brasileiros, estão sendo esperados cerca de 100 empresários. Na sexta-feira (24), o presidente tem encontro marcado com o secretário-geral da Asean, o cambojano Kao Kim Hourn. A sede da entidade fica na capital da Indonésia. À tarde, Lula embarca para Kuala Lumpur, na Malásia.

Asean e Honoris Causa

Na Malásia, a programação de Lula começa sábado (25), com a visita oficial ao país e reunião com o primeiro-ministro malaio Anwar Ibrahim. Os dois líderes vêm desenvolvendo uma aproximação política nos últimos anos, especialmente por compartilharem visões comuns em temas globais como a questão Palestina, a guerra na Ucrânia, o combate à fome e a necessidade de reforma no sistema de governança global.

“O que é interessante notar é que já  somos um parceiro comercial da Malásia de longa data, tradicional, mas nunca tínhamos chegado no ponto de elevar essa parceria para um nível que fosse, digamos, mais político, mais visível politicamente. Então, a viagem à Malásia agora é uma afirmação de que estamos ampliando a nossa presença, estamos com voz ativa e interesses concretos num país que é central na dinâmica de crescimento da região do Sudeste Asiático, uma das mais dinâmicas economicamente deste século”, argumentou o embaixador Everton Frask Lucero.

Na parte de cooperação bilateral, Brasil e Malásia devem assinar memorandos relacionados à produção de semicondutores, segmento em que o país asiático é uma potência, e também em outras matérias de ciência, tecnologia e energia renovável.

Ainda no próximo sábado (25), Lula receberá o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Nacional da Malásia, ocasião que um fará um discurso sobre a visão brasileira das relações sociais, culturais e políticas com a Ásia.

No domingo (26), o presidente participa da sessão de abertura da 47ª Cúpula da Asean, na parte da manhã, horário local. Nesse dia, ele deve participar de dois eventos com empresários brasileiros e malaios e outro com o fórum de empresários da Asean.

Encontros bilaterais

O período da tarde deste dia está reservado para encontros bilaterais com outros líderes. Até o momento, só há a confirmação da reunião com Narendra Modi, da Índia, mas outros encontros deverão ser confirmados.

Há ainda a expectativa de uma possível reunião, nesse dia, entre Lula e Trump, em meio a tratativas de reaproximação entre o Brasil e os Estados Unidos desde a imposição de tarifas comerciais pelo governo americano, em agosto. Trump é um dos líderes estrangeiros aguardados na Cúpula da Asean e da Cúpula do Leste Asiático, que ocorrerá em seguida.

A viagem de Lula prossegue na segunda-feira (27), com a participação do presidente na 20ª Cúpula do Leste Asiático, a EAS (na sigla em inglês), também em Kuala Lumpur. Nesse encontro, ele fará um discurso aos demais líderes presentes.

A EAS é um fórum que reúne 18 países da Ásia e da Oceania, incluindo os membros da própria Asean, além da Rússia, dos EUA, da Coreia do Sul, Austrália, Índia, China, do Japão e da Nova Zelândia. Os encontros costumam ser anuais, normalmente após as cúpulas da Asean.

(*) Com informações da Agência Brasil

 

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O Brasil tem uma única cidade entre as 50 vilas mais bonitas do mundo segundo a revista Forbes. Saiba qual é

A revista Forbes divulgou a lista “The World’s 50 Most Beautiful Villages 2025, According to Experts”, que reúne destinos reconhecidos internacionalmente por sua relevância histórica, paisagens naturais e preservação cultural. Paraty é a única cidade brasileira presente no ranking.

Da Redação

Brasília – O centro histórico de Paraty mantém traçado urbano original do período colonial, com circulação exclusivamente de pedestres. As construções preservadas e a relação direta com o mar mantêm ativos elementos que consolidam sua reputação internacional no turismo cultural e histórico.

Localizada na Costa Verde do Rio de Janeiro, Paraty reúne baía, ilhas, praias e áreas de Mata Atlântica em um mesmo território. A integração entre patrimônio arquitetônico, natureza e identidade local está entre os critérios que reforçaram sua presença na lista divulgada pela Forbes.

O sítio cultural e natural “Paraty & Ilha Grande – Cultura e Biodiversidade”, já reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO, reforça a projeção global do destino e amplia seu valor para visitantes e para o trade de turismo.

“Paraty está em um momento de reconhecimento internacional que reforça nossa responsabilidade em manter a autenticidade do destino, preservando sua história ao mesmo tempo em que recebemos viajantes do mundo inteiro com excelência”, afirmou Sandi Adamiu, proprietário do Sandi Hotel.

O que fazer em Paraty

Paraty oferece experiências que conectam história, natureza e cultura em um mesmo percurso. Além da vivência no centro histórico, o visitante pode explorar por barco mais de 50 ilhas e cerca de 100 praias acessíveis na Baía de Paraty, além de seguir por trilhas que conduzem a áreas de Mata Atlântica com cachoeiras e mirantes. A jornada inclui ainda a produção local ligada à gastronomia, à cerâmica e a diferentes formas de expressão artística presentes na cidade.

Onde se hospedar e visitar

O destino reúne hospedagens, experiências culturais e espaços gastronômicos que fortalecem a vocação de Paraty para receber visitantes nacionais e internacionais. Entre as opções, estão o Sandi Hotel, referência por sua localização no centro histórico, além de iniciativas como o Shambhala Spa Paraty, a Gelateria Miracolo, o restaurante Fugu Japanese Food, a Nectar Experience Paraty, a Galeria ao Quadrado, a Cerâmica Foz, o Pupus Panc Party e a Villa Bom Jardim, que representam a diversidade de propostas em hospitalidade e cultura na cidade.

Com a presença na lista da Forbes e a variedade de experiências que o destino oferece, Paraty consolida sua posição global no turismo cultural, natural e de hospitalidade. A combinação entre patrimônio preservado, natureza e protagonismo local sustenta a escolha da cidade como referência internacional para viajantes em busca de experiências completas e conscientes.

 

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BRICS e a mudança na ordem comercial global: avaliações, tarifas e onda de desdolarização

Sandeep Wasnik (*)

O ano de 2025 marca um ponto de inflexão no comércio global. Washington agora depende em grande parte de avaliações e tarifas como suas principais ferramentas econômicas, remodelando o comércio internacional. O regime de sanções da OFAC foi ampliado para atingir a Rússia, o Irã, a Síria, a Coreia do Norte, a Venezuela, a Bielorrússia e outros países, punindo não apenas os governos, mas também exercendo empresas globais e países terceiros a cumprir ou correr o risco de serem excluídos das redes financeiras controladas pelos EUA.

Essa estratégia agressiva alimentou o que muitos chamam de realinhamento econômico global. Juntamente com as avaliações, as tarifas foram níveis elevados a níveis nunca vistos em décadas: 50% sobre produtos chineses e indianos e entre 25% e 50% sobre aço, automóveis e metais provenientes do México, Brasil e Índia. Embora o objetivo seja proteger a indústria americana, os custos para os consumidores aumentaram, fragmentando as cadeias de abastecimento e dividindo o comércio global em blocos rivais.

BRICS: De coalizão a contrapeso 

Nesse contexto, os BRICS passaram de um clube econômico informal para um sistema estratégico. A expansão do grupo em 2025 para incluir Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Indonésia lhe confere um peso crítico: uma comunidade que representa quase metade da humanidade e uma proporção cada vez maior do PIB global. A Arábia Saudita, agora à beira de adesão, acrescentaria um peso extraordinário graças ao seu poder energético.

Essa expansão não é simbólica. Os fluxos comerciais destacam a influência do BRICS. Em 2024, a China ultrapassou os Estados Unidos como principal parceiro comercial da América do Sul, representando 28% de suas exportações, contra 16% dos EUA. Só o Brasil inveja bens no valor de US$50 bilhões para a Ásia — evidência de uma reorientação econômica mais profunda entre o Oriente e o Sul, que transforma os BRICS no núcleo de uma nova geografia comercial não ocidental.

Redes de pagamento digital: construindo barreiras financeiras

Diante da pressão das avaliações e tarifas, os membros do BRICS redobraram sua aposta na soberania financeira digital. A UPI da Índia processou agora quase 675 milhões de transações diárias, tornando-se a espinha dorsal do comércio nacional e transfronteiriço, incluindo ligações formais com os Emirados Árabes Unidos e o Sudeste Asiático. O Pix do Brasil bateu recordes em 2024, gerando mais de 6 bilhões de pagamentos mensais, superando até mesmo as transações com cartão.

O sistema Mir e o rublo digital da Rússia oferecem uma capacidade de pagamento à prova de avaliações. O CIPS da China já ultrapassou os 24 trilhões de dólares em liquidações anuais e continua a adicionar mais instituições globais. Juntos, esses projetos estão tecendo uma arquitetura integrada chamada “BRICS Pay”, projetada especificamente para contornar os sistemas dominados pelo dólar e evitar as vulnerabilidades expostas pelos controles do OFAC.

BRICS Pay: Finanças sem um guardião

Em essência, o BRICS Pay é uma rede baseada em blockchain, o que significa que nenhuma nação — e certamente não Washington — pode suspender ou monitorar unilateralmente os fluxos. Contratos inteligentes e conexões API permitem a conversibilidade fluida entre sistemas locais como UPI e Pix. O efeito: comércio em moedas locais, sem recorrer ao dólar ou ao SWIFT.

De acordo com estimativas atuais, o BRICS Pay já gerencia um comércio no valor aproximado de US$10 trilhões por ano, o que representa cerca de 21% do volume global, com uma projeção de atingir US$15 trilhões até 2030. Até 2025, cerca de 90% do comércio intra-BRICS já será realizado em moedas nacionais, uma mudança drástica em relação ao sistema centrado no dólar de uma década atrás.

Fugindo da gravidade do dólar

A China e o Brasil estão trabalhando para reduzir sua dependência do dólar americano, liquidando o comércio em suas respectivas moedas, o yuan chinês e o real brasileiro. Em março de 2023, eles chegarão a um acordo que permitirá negociar em suas moedas locais, em vez de usar o dólar. Posteriormente, em maio de 2025, o Banco Central do Brasil anunciou sua intenção de formalizar um acordo de swap cambial com o Banco Central da China, permitindo uma troca de até 157 bilhões de reais (US$27,69 bilhões).

Em 2015, o dólar representava aproximadamente 67,8% das reservas mundiais de moeda estrangeira alocadas, mas no primeiro trimestre de 2025, essa proporção havia diminuído para aproximadamente 57,7%, refletindo uma queda de cerca de 10 pontos percentuais em uma década.

Os BRICS estão despertando, novas rotas comerciais estão surgindo e o declínio gradual do dólar americano como moeda de reserva deixa Washington com um controle de juros limitado.

(*) Sandeep Wasnik, Consultor de negócios internacionais com vasta experiência na promoção de relações comerciais entre a Ásia, o Oriente Médio e a América Latina. Especialista em negócios internacionais e relações comerciais com a América Latina, oferecendo expertise em entrada em novos mercados, compliance local, estratégias de go-to-market e desenvolvimento de negócios.

 

 

 

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Exportações brasileiras mostram resiliência ao tarifaço dos Estados Unidos 

 Hugo Garbe (*)

As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros reacenderam o debate sobre a vulnerabilidade externa da nossa economia. A reação inicial foi de preocupação, e com razão. Em um cenário global marcado por tensões comerciais e disputas geopolíticas, cada medida protecionista representa não apenas uma barreira tarifária, mas também um teste à capacidade de adaptação do país.

Ao analisar os dados recentes de exportação, percebo que parte dos setores mais atingidos conseguiu reagir de forma mais eficiente do que se esperava. Cinco dos dez produtos que sofreram com o aumento das tarifas conseguiram redirecionar suas exportações para outros mercados, reduzindo o impacto das perdas. É um dado relevante porque mostra que, apesar das dificuldades logísticas e das barreiras comerciais, algumas empresas brasileiras estão desenvolvendo flexibilidade estratégica — um ativo cada vez mais valioso em tempos de incerteza.

Nos setores de ferro, aço e carnes bovinas, o redirecionamento de vendas foi particularmente notável. As exportações que antes tinham forte dependência do mercado americano encontraram novos compradores, especialmente em países da Ásia e da América Latina. Essa capacidade de adaptação reflete não apenas competitividade de preço, mas também o esforço de diversificação que parte das empresas já vinha fazendo nos últimos anos.

Ainda assim, é importante reconhecer que nem todos os setores têm essa mesma agilidade. Exportadores de produtos altamente especializados ou sujeitos a regulamentações técnicas encontram mais obstáculos para reposicionar suas vendas. Além disso, o custo de abrir novos mercados é elevado: envolve certificações, adequações logísticas e negociações demoradas. Isso significa que, enquanto alguns segmentos conseguem compensar rapidamente a perda de um parceiro, outros sofrem quedas prolongadas na produção e no faturamento.

No agregado, o impacto sobre o PIB brasileiro tende a ser limitado, algo em torno de 0,2 ponto percentual até o final de 2026. Mas essa média esconde diferenças profundas entre setores e regiões. Polos industriais com forte vocação exportadora para os Estados Unidos sentirão os efeitos mais intensamente, com risco de desaceleração no emprego e no investimento local.
A experiência recente reforça uma convicção que tenho há anos: o Brasil precisa reduzir sua dependência de poucos mercados e adotar uma política de diversificação mais sólida.

Isso envolve ampliar acordos comerciais, investir em inteligência de mercado, apoiar a internacionalização das empresas e fortalecer a diplomacia econômica. O mundo está cada vez mais fragmentado, e a previsibilidade das relações comerciais diminuiu. Só sobreviverão com estabilidade os países e setores capazes de operar em múltiplos mercados.

As tarifas impostas pelos Estados Unidos não devem ser vistas apenas como uma perda conjuntural, mas como um alerta estrutural. Elas expõem o quanto ainda dependemos de poucos destinos para escoar nossa produção. A resposta que precisamos construir vai além da reação imediata: deve ser estratégica, coordenada e orientada para o longo prazo.

O comportamento das exportações nos últimos meses mostra que há capacidade de reação, mas ela é desigual. Transformar essa resiliência pontual em uma característica permanente exige planejamento público e visão empresarial. O futuro do comércio brasileiro dependerá menos da sorte nos mercados externos e mais da nossa capacidade interna de antecipar riscos e agir com estratégia.

(*) Hugo Garbe, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)

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