Brasil alcança marca histórica de 9 milhões de turistas estrangeiros em 2025. Em 2024 foram 6,77 milhões de visitantes internacionais

Da Redação (*)

Brasília – A poucos dias de fechar o ano, o Brasil já registrou a chegada de 9 milhões de turistas estrangeiros em 2025. Recorde histórico, o número supera em 30% a previsão para este ano, que era de 6,9 milhões, segundo o Plano Nacional de Turismo (PNT) 2024-2027. O marco foi celebrado pela Agência com uma ação realizada nesta sexta-feira (19), no Turistômetro do Rio de Janeiro (RJ), na orla de Copacabana.

A comemoração foi comandada pelo presidente da Embratur, Marcelo Freixo, e contou com a presença de pequenos empresários do setor do turismo, diretamente impactados com os números alcançados. Além disso, ritmistas da Escola de Samba Mangueira deram som e ritmo ao momento histórico.

Na oportunidade, Freixo apresentou as projeções de crescimento do turismo no Rio de Janeiro em 2026, com dados sobre o aumento de emissão de passagens para a capital fluminense no verão de 2026, e também da malha aérea internacional que chega ao Aeroporto do Galeão.

Para o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, esse resultado é fruto de um trabalho consistente de promoção internacional do Brasil, de reposicionamento da nossa imagem no exterior e de uma atuação estratégica junto ao trade e aos mercados prioritários.

“Alcançar a marca de 9 milhões de turistas internacionais em 2025 mostra que o Brasil voltou definitivamente ao mapa do turismo mundial. É um número histórico, que gera emprego, renda e desenvolvimento em todas as regiões do país, além de reforçar o turismo como uma das grandes alavancas da nossa economia”, destacou Freixo.

“Chegar a 9 milhões de turistas internacionais no Brasil é mais do que um recorde, é um sinal de confiança no destino Brasil. E realizar a cerimônia na Orla de Copacabana reforça o papel do Rio como palco internacional desse movimento. A Orla Rio tem orgulho de contribuir para essa entrega com serviços que elevam a experiência do visitante e também do carioca. Esse marco fortalece a agenda de colaboração entre poder público e iniciativa privada e aumenta ainda mais nossa responsabilidade com qualidade, sustentabilidade e excelência na orla”, afirmou João Marcello Barreto, presidente da Orla Rio.

Turistômetros

Os Turistômetros do Rio e de Brasília foram inaugurados no último 24 de novembro, quando o país atingiu o total de 8 milhões de turistas internacionais. Junto ao contador digital, foi lançada a campanha nacional com o tema “O recorde no turismo estrangeiro é o orgulho de um país inteiro”. As peças da campanha contam histórias de pessoas reais, que trabalham em diferentes atividades do setor turístico no Brasil, destacando o impacto do turismo internacional para o desenvolvimento social e para a economia do país, gerando emprego e renda para milhares de famílias.

Principais emissores

Em 2025, a Argentina se destacou como o maior país emissor de turistas para o Brasil. Em 11 meses, os destinos brasileiros registraram a chegada de 3,1 milhões de hermanos, total 82,1% maior que no mesmo período de 2024. O segundo lugar entre os maiores emissores fica com o Chile, com 721.497 entradas entre janeiro e novembro de 2025. Em termos percentuais, o registro aponta um crescimento de 24,4%. Em terceiro lugar estão os Estados Unidos, com 677.888 chegadas e crescimento de 5,8%, seguido pelo Uruguai, com 487.514 turistas e 37,2% de aumento em relação ao período de janeiro a novembro de 2024. Na quinta posição está o Paraguai, com 454.327 desembarques estrangeiros, aumento de 14,4%.

Portões de entrada

São Paulo se manteve como o estado brasileiro que mais recebeu turistas internacionais em 2025, com quase 2,5 milhões (2.494.632) de chegadas de janeiro a novembro de 2025. O Rio de Janeiro vem logo depois, com 1.972.928 de turistas estrangeiros. Rio Grande do Sul ocupa o terceiro lugar e registrou 1.431.795 chegadas. Cerca de 958 mil visitantes internacionais chegaram ao Brasil pelo Paraná entre janeiro e novembro deste ano, colocando o estado como o quarto maior portão de entrada e Santa Catarina completa as cinco primeiras posições, com 651.980 chegadas.

(*) Com informações da Embratur

 

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Porto de Santos deverá estabelecer em 2025 novo recorde de movimentação de cargas

Faltam apenas 7,4 milhões de toneladas para superar a marca histórica de 2024

Da Redação (*)

Brasília – O Porto de Santos manteve, em novembro, o ritmo de crescimento consolidado ao longo de 2025 e voltou a registrar recordes históricos de movimentação de cargas. O mês encerrou com 16,13 milhões de toneladas, a maior marca já registrada para um mês de novembro, enquanto o acumulado do ano atingiu 171,62 milhões de toneladas, também recorde para o período.

Com esse desempenho, faltam apenas 7,4 milhões de toneladas para que o Porto supere o recorde anual de 2024, quando foram movimentadas 179,8 milhões de toneladas, reforçando a expectativa de um novo marco histórico até o fechamento do ano.

A movimentação de contêineres também apresentou crescimento expressivo. O acumulado de 2025 já alcança 5,4 milhões de TEU, avanço de 8% em relação a 2024 e novo recorde histórico. (TEU é a unidade padrão equivalente a um contêiner de 20 pés.)

“É um resultado esperado, mas extremamente significativo. Ele confirma a urgência da ampliação da Poligonal do Porto de Santos, cuja formalização ocorrerá em janeiro, além do reforço contínuo nas infraestruturas de acesso, como o aprofundamento do canal e as obras das avenidas perimetrais”, afirma o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini.

Desempenho mensal

Na comparação com novembro de 2024, o crescimento total foi de 13,9%.

  •      Embarques: passaram de 10,01 milhões para 11,57 milhões de toneladas (+15,6%).
  •      Desembarques: cresceram 11,1%, de 4,10 milhões para 4,56 milhões de toneladas.

Entre as cargas embarcadas, açúcar, milho e soja ultrapassaram 2 milhões de toneladas cada, liderando o desempenho do mês. Nos desembarques, o destaque foi o adubo, com volume superior a 1 milhão de toneladas.

Em contêineres, novembro também foi o melhor da história do Porto, com 489,15 mil TEU, crescimento de 5,3% em relação ao mesmo mês de 2024 (464,7 mil TEU).

Movimento acumulado em 2025

Entre janeiro e novembro, o complexo portuário de Santos movimentou mais de 171,2 milhões de toneladas, alta de 2,7% na comparação com o mesmo período de 2024.

  •      Embarques: 126,68 milhões de toneladas (+3%).
  •      Desembarques: 44,95 milhões de toneladas (+1,8%).

No segmento de contêineres, o volume acumulado chegou a 5,4 milhões de TEU, consolidando crescimento de 8% e novo recorde histórico.

Mais uma vez, o agronegócio teve papel central no desempenho do Porto. As cargas com maior participação foram:

  •      Soja em grãos: 33,83 milhões de toneladas
  •      Açúcar: 22,45 milhões de toneladas
  •      Milho: 12,65 milhões de toneladas

Destaque ainda para a celulose, que apresentou crescimento de 20,3% em 2025, alcançando 8,9 milhões de toneladas movimentadas.

(*) Com informações da Autoridade Portuária de Santos

 

 

 

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Firjan recebe com preocupação adiamento da assinatura do Acordo Comercial entre o Mercosul e União Europeia

Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, há estimavas de que o Acordo aumentaria os investimentos estrangeiros no Brasil em 0,8%

Da Redação (*)

Brasília – A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)  divulgou hoje (19) nota manifestando preocupação sobre o adiamento da assinatura do Acordo Comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE). A Federação reitera a importância da continuidade do diálogo diplomático e paradiplomático para a assinatura futura do Acordo.

Ao longo dos últimos 25 anos, o texto passou por análise profunda e detalhada dos atores europeus e sul-americanos e desempenhará um papel significativo para o desenvolvimento e competitividade das indústrias nacionais, visto que cerca de 97% das exportações de Bens Industriais para a União Europeia terão suas alíquotas zeradas. Destaca-se também ao longo do processo de negociação, o avanço com relação aos temas de barreiras não-tarifárias, alinhamentos de normas técnicas, e melhores práticas para o desenvolvimento sustentável.

Segundo a Firjan, em conjunto, os blocos representam aproximadamente um quinto da economia global, somando cerca de US$ 22 trilhões. Em 2024, o comércio internacional entre o Brasil e o mercado europeu somou US$ 95 bilhões, com destaque para a participação dos setores de Petróleo e Gás, Farmacêutico, Automotivo, Metalmecânico, Siderúrgico, Aeronáutico, entre outros. No mesmo período, o bloco europeu foi o segundo maior parceiro comercial do estado do Rio de Janeiro somando uma corrente de comércio de US$ 16,1 bilhões.

Parceiro comercial relevante e investidor fundamental

Para a Firjan, o texto aborda temas fundamentais como redução de tarifas de importação e exportação, harmonização de normas ao comércio e cooperação em áreas como a ambiental e política. Aumentos também podem ser esperados tanto na balança comercial brasileira como no PIB. O governo brasileiro estima que, até 2044, o PIB do país poderá crescer aproximadamente R$ 37 bilhões. Por sua vez, os ganhos na balança comercial, consequência do livre comércio entre o Mercosul e a UE, seriam de cerca de R$ 52 bilhões nas exportações e R$ 42 bilhões nas importações.

Estima-se também que o Acordo aumentaria os investimentos estrangeiros no Brasil em 0,8%.

Neste cenário, é esperado que ainda surjam desafios a serem superados para sua efetivação. Contudo, a Firjan destaca o papel fundamental da mobilização de representantes públicos e privados de forma que seja possível superar os entraves atuais em prol do desenvolvimento econômico e industrial sob uma ótica ganha-ganha, conclui a Firjan.

(*) Com informações da Firjan

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Apenas 6 de 21 setores exportadores brasileiros para os EUA conseguem compensar perdas com sobretaxas, mostra estudo da Amcham

 

D Redação (*)

Brasilia  Estudo inédito da Amcham Brasil sobre os impactos das sobretaxas de 40% e 50% atualmente em vigor sobre produtos brasileiros aponta um desempenho negativo disseminado nas vendas aos Estados Unidos. Entre agosto e novembro de 2025, todos os 21 setores analisados registraram queda de exportações para o mercado americano, na comparação com o mesmo período de 2024. A redução dessas exportações totalizou US$ 1,5 bilhão. Em temos relativos, em todos os setores houve uma retração nas vendas ao mercado americano maior do que a variação das vendas para o mundo, salvo no setor de material de transporte.

Estratégia de diversificação de mercados se mostra insuficiente

De acordo com o estudo, a estratégia de redirecionamento de exportações para terceiros mercados foi insuficiente para mitigar os efeitos das sobretaxas na maior parte dos casos. Em 15 dos 21 setores analisados, o desempenho das exportações globais não se mostrou capaz de compensar as perdas para o mercado americano.

No geral, as perdas dos 15 setores que não conseguiram compensar suas quedas com vendas em outros mercados somaram US$ 1,2 bilhão, com destaque para os setores de alimentos (ex: mel e pescados), plástico e borracha, madeira, metais e material de transporte.

Entre os seis setores que conseguiram compensar integralmente suas perdas estão produtos vegetais; gorduras e óleos; químicos; pedras preciosas; máquinas e aparelhos elétricos; e máquinas e instrumentos mecânicos.

Produtos exportados para os Estados Unidos diferem do restante do mundo

A análise também destaca que, em diversos casos, o crescimento das exportações para terceiros mercados ocorreu em itens distintos daqueles tradicionalmente exportados para os Estados Unidos, sugerindo uma compensação imperfeita em nível de produtos e empresas.

No setor de máquinas e aparelhos elétricos, por exemplo, as exportações para os Estados Unidos recuaram US$ 104,5 milhões, enquanto as vendas para o restante do mundo cresceram US$ 650 milhões no período, o que à primeira vista sugere compensação. No entanto, os principais produtos afetados no mercado americano, como transformadores e geradores, não tiveram o mesmo desempenho em outros destinos: as exportações de transformadores caíram 23,1% para os EUA e 40,9% para o resto do mundo, enquanto as de geradores recuaram 54,6% para os EUA e cresceram apenas 2,3% nos demais mercados.

A Amcham destaca que o mercado dos Estados Unidos não é facilmente substituível para as exportações brasileiras, seja por sua dimensão, diversidade e maior valor agregado da pauta importada, ou pelas especificações técnicas dos produtos a ele destinados

Amcham reitera a urgência de avanços nas negociações

Esses dados corroboram que os impactos das sobretaxas são difíceis de serem comercialmente revertidos pela diversificação de mercados para grande parte dos setores exportadores brasileiros, sobretudo produtos industriais.

“O estudo sugere que não é possível compensar plenamente as vendas da maioria dos produtos exportados para os Estados Unidos por meio do seu redirecionamento a outros destinos. A estratégia de diversificação é bem-vinda, mas não substitui o papel do mercado americano, cujo tamanho, escala e características são únicos. Essa conclusão reforça a importância das negociações bilaterais para melhorar as condições de acesso dos setores exportadores brasileiros ainda sujeitos a sobretaxas nos Estados Unidos”, afirma Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.

A Amcham reforça que seguirá atuando de forma técnica e construtiva no diálogo com governos e empresas dos dois países com vistas à redução das sobretaxas e ao fortalecimento do comércio e dos investimentos bilaterais.

(*) Com informações da Amcham Brasil

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Tendências para 2026: navegar no curto prazo será vital

Pedro Signorelli (*)

O ano de 2026 será curto. Não no calendário, obviamente, mas na prática. Entre Copa do Mundo e eleições presidenciais, teremos menos horas disponíveis, mais distrações coletivas e um país atravessado por tensões macroeconômicas e políticas. E, se já não fosse o suficiente, um fator adicional acende um alerta silencioso nos bastidores da economia global: a formação de uma possível bolha em Inteligência Artificial.

Não é exagero falar em bolha. Hoje, grande parte da valorização das empresas de IA está dissociada da entrega real de valor. O sistema financeiro sempre se apoiou em algum tipo de lastro. Já foi ouro. Depois, garantias mais abstratas, mas ainda conectadas a fundamentos. No caso da IA, porém, vemos cifras exponenciais sendo movimentadas sem que exista, proporcionalmente, um valor tangível gerado na mesma escala. É como se estivéssemos inflando um balão com a expectativa de que ele se sustente pelo ar da narrativa e não pela estrutura.

Se essa bolha estourar, o impacto será inevitável. Não é uma discussão tecnológica; é macroeconômica. Aversão ao risco cresce. Os mercados oscilam. Os investimentos recuam. E organizações passam a operar sob o peso de um nervosismo difuso, aquele que ninguém verbaliza, mas todo mundo sente. Em um ambiente assim, previsões de longo prazo perdem nitidez. A estratégia se embaralha. A confiança se esgarça.

Agora coloque esse cenário dentro do Brasil de 2026. Além das tensões globais, teremos um ano eleitoral, sempre um período de forte insegurança econômica, e uma Copa do Mundo, que culturalmente afeta a produtividade por aqui. Isso significa que empresas terão menos tempo útil, menos estabilidade institucional e mais variáveis externas fora de controle. Em outras palavras: um ambiente perfeito para que qualquer plano rígido fracasse.

É justamente por isso que a gestão por OKRs passa a ser uma necessidade estratégica. Não porque “OKR está na moda”, mas porque 2026 é, por definição, um ano de curto prazo. A lógica tradicional de empilhar projeções longínquas, como se nada fosse mudar no meio do caminho, simplesmente não se sustenta quando o próprio ano nasce turbulento.

A gestão tradicional, com horizontes longos e metas estáticas, cria uma espécie de “neblina” estratégica. Quanto mais distante o objetivo, maior a distorção da visão. E, em um ano volátil, essa neblina vira cegueira. Já a gestão por OKRs opera de forma oposta: assume desde o início que mudanças vão acontecer. Em vez de tentar prever cada curva, cria musculatura para reagir rápido a elas.

Não se trata de planejar menos, mas de planejar melhor. 2026 pede foco em ciclos curtos, ajustes frequentes, priorização extrema e transparência radical. Pede coragem para abandonar planos que não fazem mais sentido e disciplina para construir um ritmo operacional capaz de absorver turbulências e não colapsar com elas.

Se a bolha de IA estourar, as empresas mais adaptáveis sobreviverão. Se não estourar, ainda assim, o curto prazo será determinante por causa das peculiaridades do calendário brasileiro. De um jeito ou de outro, navegar 2026 exigirá flexibilidade.

E é justamente essa combinação, clareza de foco, cadência de ciclos curtos e capacidade de correção rápida, que faz dos OKRs a ferramenta mais compatível com o mundo real que nos aguarda. Em um ano onde ninguém consegue prever nada com precisão, o que resta é construir capacidade de leitura e resposta.

2026 será um ano curto, incerto e intenso. Mas incerteza não é sinônimo de paralisia. Para quem souber operar com foco, cadência e adaptabilidade, esse também pode ser um ano de avanço. Não por causa da estabilidade (que não virá), mas por causa da capacidade de ajustar a rota rapidamente sempre que o cenário exigir. E ele vai exigir.

(*) Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/

 

 

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Aumento das exportações para a China compensa queda nas vendas para os EUA, destaca boletim Icomex da FGV/IBRE

Da Redação (*)

Brasília – A imposição das tarifas recíprocas em abril e, depois, o tarifaço de 40% sobre as importações brasileiras, a partir de agosto, pelo governo Trump levaram a um cenário de incertezas e expectativas pessimistas em relação ao desempenho da balança comercial. Mas a queda das exportações para os Estados Unidos foi compensada com o aumento para outros destinos, em especial a China. Além disso, em novembro foi iniciado o degelo das relações entre o Brasil e os Estados Unidos, o que levou a movimentos favoráveis para o Brasil.´ É o que destaca o boletim Icomex, divulgado hoje (18) pela FGV/IBRE.

O informativo destaca que no dia 14 de novembro, o governo dos Estados Unidos anunciou a isenção das tarifas recíprocas de 10% sobre 238 produtos agrícolas, o que beneficiava todos os países. Em 20 de novembro foi anunciada a remoção do tarifaço de 40% de 269 produtos, sendo 249 do setor da agropecuária. Os efeitos dessa remoção só ficarão visíveis a partir de dezembro/janeiro.

De acordo com o Icomex, o tarifaço de Trump afetou o desempenho exportador do Brasil para os Estados Unidos, mas as exportações registraram crescimento positivo em termos globais. Para a queda no saldo da balança comercial contribuiu, principalmente, o aumento das importações, que foi generalizado em todos os mercados, destacando-se o aumento do déficit com os Estados Unidos que superou a redução do superávit com a China.

A Balança Comercial de novembro

A balança comercial de novembro registrou um superávit de US$ 5,8 bilhões. As exportações aumentaram em valor +2,4% e as importações em +7,4%. Na comparação do acumulado do ano até novembro, o saldo foi de US$ 57,8 bilhões, um recuo de US$ 11,7 bilhões em relação a igual período de 2024. As exportações cresceram em valor +1,8% e as importações +7,2%, na comparação dos acumulados do ano. Com esses resultados, a balança comercial de 2025 deverá acumular um superávit entre US$ 61 e US$ 65 bilhões.

A principal contribuição para a queda no saldo da balança comercial no acumulado do ano até novembro, em comparação ao de 2024, foi o aumento do déficit com os Estados Unidos, que passou de US$ 800 milhões para US$ 7,9 bilhões, um aumento de US$ 7,1 bilhões. O superávit da China caiu, mas a redução foi de US$ 3,3 bilhões (passou de US$ 30,7 bilhões para US$ 27,4 bilhões) e, na direção oposta, aumentou o superávit da Argentina em US$ 5,1 bilhões, sendo de US$ 5,2 bilhões, em 2025. Para explicar o recuo de US$ 11,7 bilhões no saldo total, outros países/blocos também registraram piora nos saldos comerciais, como a União Europeia.

Ressalta-se outra mudança na estrutura da balança comercial. No acumulado até novembro de 2024, o superávit da conta de petróleo e derivados foi de US$ 26,8 bilhões e em 2025 de US$ 27 bilhões. A contribuição dessa conta para o saldo positivo da balança foi de 38,6%, em 2024, e passou para 46,7%, em 2025. Nos anos de 2022 e 2023, a contribuição foi de 25%.

Em novembro, a China liderou as exportações (+42,8%) e para os Estados Unidos, a queda foi de -28,0%. Na comparação do acumulado, a liderança foi da Argentina (+38,0%), mas a partir do segundo semestre foi observada uma desaceleração nas exportações, que na comparação de novembro foi de -2,3%. Resultado inverso ao da China, que acelerou as exportações no segundo semestre e, no acumulado, a variação foi de +10,4%. Para a União Europeia, as exportações recuaram em -16,4%, em novembro, e no acumulado do ano, em -1,4%. E para os Estados Unidos, na comparação do acumulado, a queda foi de -7,0%.

Nas importações, a liderança em novembro foi dos Estados Unidos (+19,2%), seguida da União Europeia (+8,1%) e da China (+6,0%). No acumulado do ano, a liderança é da China (+17,2%) seguida dos Estados Unidos (12,6%).

Uma característica do ano de 2025 tem sido o melhor desempenho das não commodities, aumento de 6,8%, na comparação dos acumulados do ano até novembro e em relação ao das commodities, aumento de 3,1%. Com a aceleração do aumento das exportações para a China, a partir de meados do ano, cresceram as vendas das commodities. Em novembro, as commodities aumentam em volume, 8,1% e as não commodities, recuaram em 2,9%. Os preços das commodities registraram recuo nas duas bases de comparação: -4,2% (mensal) e -4,6% (acumulado no ano) (Gráfico 5).

O efeito Trump e o papel da China

O comportamento dos três principais mercados de destino das exportações brasileiras mudou ao longo do ano. A Argentina liderou o aumento do volume das exportações associado ao setor automotivo, mas a partir de julho, os aumentos tenderam a desacelerar e, em novembro houve queda de 2,3%. A participação do país no total exportado pelo Brasil ficou abaixo de 6,3% e, em novembro foi 4,8%. Não é suficiente para assegurar um aumento das exportações totais do Brasil que compensem a queda das vendas para os Estados Unidos.

A China começou o ano com recuos na variação mensal e só começou a registrar aumentos de dois dígitos a partir de agosto. O desempenho dos Estados Unidos contrasta com o da China, com resultados melhores nos sete primeiros meses do ano e, depois, variações mensais negativas, desde o início do tarifaço em agosto. A participação da China ao redor de 30% nas exportações brasileiras contribuiu para compensar a queda das vendas para os Estados Unidos.

De janeiro a agosto, as exportações para a China recuaram em -6,7%, para igual período de 2024, as dos Estados Unidos aumentaram em +4,6% e as exportações globais do Brasil em +0,1%. No período de agosto a novembro, as exportações para os Estados Unidos registraram queda de -25,1%, para a China, aumento de +28,6% e o total cresceu +5,0%. No acumulado do ano, queda para os Estados Unidos (-6,7%), aumento de +4,2% para a China e 1,8% para o total.
Na avaliação dos especialistas da FGV/Ibre, o presidente Trump superestimou a capacidade dos Estados Unidos em provocar danos gerais às exportações brasileiras. Além disso, como alguns dos produtos tarifados com 50% fazem parte da cesta de consumo da população do país, teve que recuar e fazer algumas reduções tarifárias. Os resultados de novembro ainda não espelham essa medida.

Com a suspensão do tarifaço sobre grande parte dos produtos agropecuários, a negociação não termina. O desafio agora é conseguir tirar o tarifaço das manufaturas que não foram isentas. Lembramos que os Estados e a Argentina constituem os principais mercados desses produtos para o Brasil, sendo o dos EUA mais diversificado. Por fim ainda não se tem notícia que concessões o presidente Trump deseja do Brasil. A imprevisibilidade e incertezas continuam.

(*) Com informações da FGV/IBRE

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A nova liderança na Era da IA: autonomia e decisão além da gestão

A autonomia técnica migrou para cada profissional e quem não domina o uso crítico das ferramentas se torna refém delas e compromete resultados estratégicos

Diego Nogare (*)

Até pouco tempo, a hierarquia corporativa definia processos de trabalho de forma rígida e top-down, mas a Inteligência Artificial Generativa rompeu a barreira que separava a liderança estratégica da execução técnica. Agora, cada desenvolvedor júnior, ou analista de dados possui um “exército” de assistentes virtuais ao seu dispor.

Essa mudança transfere a liderança operacional do gestor para o executor da tarefa, afinal, decidir se um algoritmo deve ser otimizado manualmente ou via sugestão de IA é uma escolha de liderança técnica. A competência central deixa de ser apenas a execução braçal e passa a ser a estratégia de uso da ferramenta.

Segundo o relatório MIT Technology Review Brasil em parceria com a Peers Consulting + Technology recém-divulgado, 73.5% das empresas ainda consideram ter dificuldades plenas de estarem preparadas para os projetos de IA. Isso mostra uma dissonância entre o uso de ferramentas de IA Generativas para fins pessoais, que são mais direcionadas para tarefas de lazer e entretenimento, e o uso corporativo, com regras de privacidade, governança e ética mais duras.

O copiloto e o ceticismo necessário

A relação com a IA deve ser a de um piloto com seu copiloto. A ferramenta auxilia, sugere e agiliza, mas o comando final permanece humano. Confiar cegamente na tecnologia é um erro grave que pode comprometer projetos inteiros.

A IA Generativa é propensa a alucinações, inventando fatos ou códigos que parecem plausíveis, mas são incorretos. O profissional deve atuar como um curador implacável, validando cada linha de código ou parágrafo gerado. Essa postura cética é, em essência, uma característica de liderança e responsabilidade.

Desta forma, a revisão técnica torna-se mais importante do que a criação inicial. O profissional precisa ter o conhecimento fundamental sólido para identificar erros sutis que a IA possa cometer. Sem essa base, o copiloto assume o controle, o que representa um potencial risco para a qualidade do produto final.

Escolher a ferramenta certa é decisão estratégica

A liderança individual manifesta-se claramente na seleção da ferramenta adequada para cada contexto específico. O mercado oferece soluções distintas para gerar código, criar imagens, resumir textos ou analisar documentos extensos. Saber qual utilizar é uma decisão de negócio que impacta a eficiência.

Utilizar um modelo de linguagem genérico para refatorar um código crítico de segurança pode ser inadequado, por exemplo. Ferramentas especializadas em desenvolvimento seguro seriam a escolha de um líder técnico consciente. A criação de ativos visuais exige plataformas específicas que respeitem os direitos autorais.

Assim como a análise de documentos sensíveis requer ferramentas que garantam a privacidade dos dados. Enviar um relatório financeiro confidencial para uma IA pública é uma falha de liderança grave. O discernimento sobre a adequação da ferramenta é uma competência diária e indispensável.

Governança não é burocracia, é sobrevivência

A autonomia traz consigo a responsabilidade de aderir às normas de governança corporativa. As empresas estabelecem políticas de uso de IA para proteger a propriedade intelectual e evitar vazamento de dados. Seguir essas regras é um ato de liderança, ética e profissionalismo.

Ignorar as diretrizes de segurança ao usar ferramentas não homologadas, conhecido como Shadow AI, coloca a organização em risco. O próprio relatório do MIT aponta que mesmo com apenas 40% das empresas possuindo assinaturas corporativas de modelos de linguagem, mais de 90% dos funcionários admitem usar ferramentas pessoais de IA em suas rotinas de trabalho, porém sem governança formal na maioria dos casos.

Importante: o profissional deve alinhar suas escolhas individuais às estratégias de compliance da empresa. A inovação não pode custar a segurança jurídica ou técnica da organização!

Portanto, a verdadeira liderança na era da IA envolve saber quando não usar a tecnologia. Se uma ferramenta viola uma política interna, o profissional deve buscar alternativas ou reportar a necessidade aos gestores. Essa postura proativa demonstra maturidade e alinhamento com os objetivos macro do negócio.

O novo perfil sênior do mercado

A descentralização da liderança operacional altera profundamente o perfil esperado dos profissionais de tecnologia. Não basta mais ser um exímio codificador ou redator. É preciso ser um gestor de eficiência pessoal. Essa tendência valoriza o pensamento crítico acima da execução mecânica, redefinindo o que significa ser sênior no mercado.

Para as empresas, isso representa um ganho potencial de produtividade, mas também um aumento na superfície de risco. A qualidade do software ou do conteúdo passa a depender diretamente da capacidade de curadoria de cada indivíduo. O gargalo da produção se desloca da criação para a revisão e validação.

Socialmente, isso empodera o trabalhador, permitindo que ele foque em tarefas de maior valor agregado e criatividade. Entretanto, cria uma barreira de entrada maior para quem não domina essas ferramentas ou não possui o senso crítico necessário. A lacuna entre profissionais que lideram suas IAs e aqueles que são liderados por elas aumentará significativamente.

A liderança na era da IA não elimina a necessidade de gestão corporativa, mas redefine as responsabilidades individuais. Enquanto os gestores continuam essenciais para definir a direção estratégica e os objetivos de negócio, a liderança tática migrou para as mãos de cada colaborador.

No cenário atual aprontado pelo MIT, no qual 27,7% dos 322 executivos e lideranças de tecnologia de empresas brasileiras ouvidos afirmam ainda não ter resultados mensuráveis com IA Generativa, enquanto apenas 15,2% apontam ROI positivo, conclui-se que o problema não é a falta de ferramentas, mas a falta de critério no uso delas. E este fato pode gerar ineficiência e riscos de segurança.

Assumir essa liderança pessoal não é opcional. É a única forma de garantir relevância e segurança na carreira moderna.

(*) Diego Nogare tem 25 anos de experiência na área de Dados, com foco em Inteligência Artificial e Machine Learning desde 2013 e já passou por grandes empresas como Microsoft, Deloitte, Bayer e Itaú.

 

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Tendências do Comércio Exterior para 2026: especialista indica o que as empresas precisam antecipar

Reconfiguração das rotas globais, avanço do protecionismo e novas exigências de compliance obrigam exportadores e importadores a rever estratégias já no início do ano

Da Redação

Brasília – O recrudescimento das tarifas americanas e europeias, aliado ao redesenho das principais rotas logísticas internacionais, coloca 2026 no centro de um dos maiores desafios do comércio exterior desde a pandemia. A combinação de protecionismo, custos operacionais crescentes e novas barreiras regulatórias pressionam empresas brasileiras a anteciparem ajustes estruturais para continuar competitivas.

Segundo Thiago Oliveira, CEO da Saygo e especialista em operações internacionais, o movimento exige preparação imediata. “As empresas que entrarem em 2026 com a mesma lógica de operação de 2024 e 2025 vão perder margem e previsibilidade. A mudança de rota e de exigências não é tendência, é realidade”, destaca.

Grandes players do comercio internacional reforçam suas estratégias para 2026

As projeções de consultorias de risco e comércio global apontam que Estados Unidos e União Europeia devem ampliar mecanismos de defesa comercial no início de 2026, enquanto Ásia e Oriente Médio reforçam acordos bilaterais para escoar produção e contornar tarifas cruzadas. O Brasil, que depende do fluxo com ambos os blocos, passa a operar em um ambiente mais rígido, no qual eficiência logística, compliance e gestão cambial se tornam fatores críticos.

Oliveira, que atua há mais de duas décadas no comércio exterior e lidera uma holding especializada em câmbio, tecnologia e operações internacionais, destaca que o impacto será sentido especialmente nas empresas que ainda operam com baixa previsibilidade. “Hoje, o erro custa caro. Em um cenário de tarifas adicionais, revisões contratuais e exigências mais técnicas, quem não trabalha com dados, automação e controle de riscos tende a ficar para trás.”

A reorganização das rotas marítimas, intensificada pelos conflitos na região do Mar Vermelho e por gargalos estruturais no Canal do Panamá, deve continuar pressionando fretes e prazos no próximo ano. Relatórios recentes de armadores globais indicam que desvios de rota aumentaram o tempo médio de trânsito em até 23% em 2024 e 2025, tendência que se mantém para 2026.

Essa instabilidade reforça a adoção de plataformas integradas de gestão e análise preditiva, essenciais para reduzir riscos de atraso e evitar multas contratuais. O especialista explica que a previsibilidade operacional se tornou diferencial competitivo. “As empresas que conseguem antecipar gargalos e simular cenários conseguem negociar melhor com fornecedores, ajustar contratos e proteger margem. Isso é impossível sem dados e automação.”

A ampliação das tarifas americanas, que atingem setores como siderurgia, agroindústria e manufaturados deve provocar revisões de contratos, renegociações de preços e redirecionamento de operações para mercados alternativos. Tendências similares ocorrem na Europa, com bloqueios relacionados à rastreabilidade, sustentabilidade e governança.

A diversificação de destinos, já apontada por especialistas como caminho obrigatório, impulsiona a América do Norte (especialmente Canadá), Sudeste Asiático e Oriente Médio como destinos estratégicos para exportadores brasileiros. Empresas que dependem de um único mercado devem ampliar riscos caso não se reposicionem até o primeiro semestre de 2026.

A combinação de protecionismo e exigências ambientais faz com que a conformidade regulatória seja, pela primeira vez, um vetor tão importante quanto preço ou logística. Regras de origem, rastreamento de insumos e histórico fiscal passam a integrar critérios de acesso a mercados, especialmente na União Europeia, movimento que tende a se expandir para outros blocos.

Thiago Oliveira reforça que esse ponto é subestimado por empresas de médio porte. “A maior parte das operações que travam não travam por tarifa, mas por documentação. Uma classificação fiscal errada ou um laudo incompleto pode custar o embarque inteiro. E isso deve se intensificar em 2026.”

Com a expectativa de volatilidade contínua do dólar em 2026, empresas terão de operar com mecanismos de hedge, contratos a termo e projeções integradas ao fluxo de caixa. O objetivo passa a ser estabilidade operacional, não apenas redução pontual de custos.

O especialista defende três movimentos imediatos para enfrentar 2026:

  1. Reestruturar contratos internacionais com cláusulas de flexibilidade cambial e logística.
  2. Mapear mercados alternativos para reduzir exposição a tarifas e riscos geopolíticos.
  3. Digitalizar processos operacionais para diminuir erros, agilizar compliance e aumentar previsibilidade.

Thiago Oliveira sintetiza: “2026 será o ano em que sobreviverá quem se antecipar. Os movimentos globais estão claros. O desafio é tirar da gaveta o planejamento e transformar em execução.”

 

 

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Brasil bate recorde de importação de produtos estrangeiros em 20 anos e China é o principal fornecedor, indica estudo da CNI

Mesmo com a desvalorização do real, em 2024 a participação de produtos estrangeiros no consumo nacional atingiu o maior nível desde 2003; China foi o principal vetor do avanço das importações

Da Redação (*)

Brasília – Mesmo em um ambiente que favoreceria a produção nacional, a presença de produtos importados no consumo interno atingiu o maior patamar da série histórica iniciada em 2003, segundo a última edição do estudo Coeficientes de Abertura Comercial (CAC), produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O estudo é feito em parceria com a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex) e foi divulgado nesta quinta-feira (18). O aumento do indicador foi puxado pela presença de produtos chineses no consumo dos brasileiros.

O CAC é uma publicação anual que mede o grau de integração da indústria brasileira com o comércio exterior, por meio de quatro coeficientes – dois que avaliam as exportações e dois que medem a participação das importações no mercado brasileiro.

Em destaque no estudo, a participação de bens estrangeiros no dia a dia dos brasileiros é medida pelo coeficiente de penetração das importações, que avançou 2,2 pontos percentuais (p.p.) e passou de 24,5% em 2023 para 26,7% em 2024. O resultado chama atenção porque a forte desvalorização do real tende a encarecer produtos importados, mas ainda assim as importações cresceram 17,3% em 2024, em real e a preços constantes, impulsionadas pela expansão da produção industrial e pelo aquecimento da demanda interna.

Para a gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri, os dados de 2024 chamam atenção para os desafios de competitividade que a indústria brasileira continua enfrentando. “Os coeficientes funcionam como um sinal de alerta. Na nossa avaliação, esses indicadores mostram que persistem uma série de desafios estruturais para melhorar a competitividade e a qualidade da integração da indústria brasileira no comércio internacional. São desafios que afetam a capacidade da indústria de competir no próprio mercado brasileiro e, ao mesmo tempo, de ganhar escala e espaço nos mercados externos”, afirma.

China amplia presença e tem participação recorde no consumo brasileiro

De acordo com o estudo da CNI, a China foi o principal vetor do avanço das importações brasileiras. A participação de produtos chineses no consumo do Brasil subiu de 7,1% para 9,2% em 2024, um aumento de 2,1 p.p. a preços constantes, atingindo o maior nível da série histórica. O crescimento foi puxado principalmente por setores de maior valor agregado e intensidade tecnológica, como máquinas e equipamentos, máquinas e materiais elétricos e equipamentos de informática e ópticos. O levantamento também destaca a alta presença de produtos têxteis chineses no consumo brasileiro do setor.

Em conjunto, China, União Europeia, Estados Unidos e outros países europeus responderam por 18,7% do consumo aparente da indústria de transformação em 2024, acima dos 16,9% registrados em 2023. Entre as 17 regiões analisadas no estudo, apenas a China ampliou participação, enquanto a UE teve leve retração, influenciada pela menor presença de produtos químicos, farmacêuticos e elétricos.

Dependência de insumos industriais estrangeiros cresce

A dependência externa da indústria brasileira não se limita aos bens finais. O uso de insumos industriais importados também atingiu nível recorde: em 2024, o coeficiente de insumos importados passou de 23% para 25%, o maior da série. As importações de insumos estrangeiros cresceram 16%, em reais a preços constantes, enquanto o consumo de insumos nacionais avançou apenas 4%, evidenciando uma dependência estrutural que persiste mesmo com o câmbio desvalorizado.

Os 20 setores analisados no levantamento registraram aumento no uso de insumos importados. Os maiores avanços ocorreram em máquinas e equipamentos, outros equipamentos de transporte, vestuário e acessórios têxteis.

Produção industrial destinada ao exterior recua

Enquanto as importações ganharam espaço, a importância do mercado externo para a indústria brasileira diminuiu. O coeficiente de exportação, que mede a parcela da produção destinada ao exterior, caiu de 19,3% em 2023 para 18,9% em 2024.

Embora as exportações da indústria de transformação tenham crescido 2,6%, em reais a preços constantes, o avanço foi menor do que a produção, diminuindo o peso relativo das vendas externas. Os EUA permaneceram como principal destino, seguidos pela UE, pela China e pelo Sudeste Asiático, que ultrapassou a Argentina no ranking de destinos da produção industrial do Brasil.

Receita com exportações ainda supera despesa com importação de insumos

Apesar do avanço das importações, o coeficiente de exportações líquidas da indústria de transformação, medido a preços correntes, permaneceu positivo em 2024, com aumento de 9,3% para 9,6%. O indicador mostra que, no agregado, a receita com exportações superou os gastos com insumos industriais importados.

Metade dos setores analisados apresentou resultado positivo, com destaque para celulose e papel, madeira e outros equipamentos de transporte. Por outro lado, setores como equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos e têxteis registraram coeficientes negativos.

(*) Com informações da CNI

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Lula dá ultimato  à UE: dia 20 é a última chance de assinatura do acordo com o Mercosul em sua presidência

Da Redação (*)

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta (17), que o acordo entre Mercosul e União Europeia tem uma última chance, no mandato dele, de ser consolidado no próximo sábado (20), em Foz do Iguaçu (PR), durante a Cúpula de Líderes do Mercosul.

“Se não fizer agora, o Brasil não fará mais enquanto eu for presidente”, disse. Lula realizou a última reunião ministerial de 2025, na residência oficial da Granja do Torto, em Brasília.

O presidente afirmou que tem expectativas ainda de uma aprovação do acordo.

“Se disserem não, vamos ser duros daqui pra frente. Nós cedemos a tudo que era possível”, acrescentou o presidente.

O presidente disse que alterou a data da reunião para 20 de dezembro a pedido da União Europeia e que foi informado sobre a dificuldade de aprovar o acordo com o Mercosul em função das pressões internas na França e na Itália.

A União Europeia e o Mercosul completaram as negociações sobre o acordo em dezembro passado, cerca de 25 anos após o início das conversações. Os parlamentos dos países dos dois blocos precisam aprovar o texto, o que pode ter resistências de países como a França, que questionam termos do acordo, especialmente nos termos que tratam de produção agrícola.

Tensão na Venezuela

Na reunião ministerial, sobre o ambiente externo, Lula manifestou preocupação com a elevação das tensões entre Estados Unidos e Venezuela.

“Estou preocupado com as atitudes do presidente (Donald) Trump com relação à América Latina. Nós vamos ter que ficar muito atentos com essa questão”.

Lula reafirmou a necessidade de o Brasil e o continente terem uma “política de paz”, em vista de não haver armas nucleares. “Aqui (no Brasil), nós não temos há 200 anos o hábito da guerra. E é por isso que eu falei com o Presidente Trump: o poder da palavra pode valer mais do que o poder da arma”, considerou.

Ele relatou que conversou com o presidente Trump sobre a disposição em contribuir com uma conversa entre ele e Maduro. “É preciso ter vontade de conversar e paciência”, disse Lula.

(*) Com informações da Agência Brasil

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