Amcham Brasil defende intensificação das negociações para um rápido acordo entre Brasil e EUA

Da Redação (*)

Brasília – A Amcham Brasil divulgou hoje (26) nota oficial informando que recebeu com otimismo os resultados do encontro realizado neste domingo (26), na Malásia, entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos.

Na percepção da Amcham, “a reunião representa um avanço relevante no diálogo de alto nível entre os dois governos e fortalece as perspectivas de um acordo bilateral voltado à redução de tarifas sobre as exportações brasileiras e ao aprofundamento da cooperação econômica em áreas de interesse comum”.

Segundo a nota, “a Amcham Brasil reitera seu compromisso de contribuir com os esforços dos dois governos e encoraja a continuidade do diálogo em nível presidencial, para que essa aproximação se traduza rapidamente em avanços concretos para empresas e trabalhadores dos dois países”.

Por sua vez, o presidente da Amcham Brasil, Abrão Neto, considerou importante que “a intensificação das negociações, com novas rodadas previstas a partir de hoje, leve a um entendimento em curto prazo, com foco na ampliação de oportunidades de comércio e investimentos entre as duas maiores economias das Américas”.

(*) Com informações da Amcham Brasil

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Nas redes sociais, Lula define como “ótima, franca e construtiva” reunião de 50 minutos com Trump

Da Redação (*)

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo (26) que teve uma “ótima reunião” com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mais cedo, os presidentes se encontraram em Kuala Lumpur, na Malásia, durante 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Pelas redes sociais, Lula disse que discutiu de “forma franca e construtiva” a agenda comercial entre os dois países e acertou que as diplomacias do Brasil e dos Estados Unidos vão avançar nas negociações para suspender o tarifaço contra as exportações e as sanções contra autoridades brasileiras.

“Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, disse Lula.

Na parte aberta da reunião, que contou com cobertura de imprensa, Lula disse a Trump que não há razão para desavenças com os Estados Unidos

Em julho deste ano, Trump anunciou uma tarifaço de 50% sobre todos os produtos brasileiros que são exportados para os Estados Unidos. Em seguida, ministros do governo brasileiro e do Supremo Tribunal Federal (STF) também foram alvo da revogação de vistos de viagem e outras sanções pela administração norte-americana.

(*) Com informações da Agência Brasil

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Lula se reúne com Trump, defende paz com os EUA e reivindica suspensão das tarifas durante negociações

Segundo chancelar Mauro Vieira, encontro foi “muito positivo”

Da Redação (*)

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu neste domingo (26) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia. O encontro durou cerca de 50 minutos e ocorreu durante a realização da 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Durante a reunião, Lula disse que não há razão para desavenças com os Estados Unidos e pediu a Trump a suspensão imediata do tarifaço contra as exportações brasileiras, enquanto os dois países estiverem em negociação. Em julho deste ano, Trump anunciou uma tarifaço de 50% sobre todos os produtos brasileiros que são exportados para os Estados Unidos. Em seguida, ministros do governo brasileiro e do Supremo Tribunal Federal (STF) também foram alvo da revogação de vistos de viagem e outras sanções pela administração norte-americana.

“O Brasil tem interesse de ter uma relação extraordinária com os Estados Unidos. Não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença entre Brasil e Estados Unidos, porque nós temos certeza que, na hora em que dois presidentes sentam em uma mesa, cada um coloca seu ponto de vista, cada um coloca seus problemas, a tendencia natural é encaminhar para um acordo”, afirmou o presidente.

Além dos presidentes, também participaram do encontro o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio.

Suspensão das tarifas

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, falou com a imprensa após o encontro e disse Trump autorizou sua equipe a iniciar as negociações para revisão do tarifaço ainda na noite deste domingo, no horário local da Malásia, 11 horas a frente do Brasil.

“A reunião foi muito positiva, o saldo final é ótimo. O presidente Trump declarou que dará instruções a sua equipe para que comece um processo, um período de negociação bilateral, que deve se iniciar hoje ainda, porque é para tudo ser resolvido em pouco tempo”, afirmou o chanceler.

Admiração

Segundo Vieira, os presidentes tiveram uma conversa descontraída e Trump disse que admira a trajetória política de Lula.

“Trump declarou admirar o perfil da carreira política do presidente Lula, já tendo sido duas vezes presidente da República, tendo sido perseguido no Brasil, se recuperado, provado sua inocência, voltado a se apresentar e, vitoriosamente, conquistando o terceiro mandato”, afirmou.

Visitas

O chanceler brasileiro também confirmou a intenção de Trump vir ao Brasil. A data ainda não está confirmada.

“O presidente Lula aceitou também e disse que irá, com prazer, aos Estados Unidos. Trump disse que admira o Brasil e que gosta imensamente do povo brasileiro”, comentou.

(*) Com informações da Agência Brasil

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Alckmin inaugura em Cáceres (MT) a quarta ZPE do país e destaca sua importância para a integração sul-americana

Área instalada no Mato Grosso teve investimentos de R$ 51,3 milhões e pode favorecer comércio com países vizinhos

Da Redação (*)

Brasília – O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, participou nesta sexta-feira (24/) da inauguração da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Cáceres, no Mato Grosso. Essa é a quarta ZPE ativa no país, somando-se às de Uberaba (MG), Pecém (CE) e Parnaíba (PI).

“A ZPE é um instrumento que estimula a exportação e o comércio exterior, em que os setores que exportam encontram facilidades, o que é fundamental para que o país possa crescer”, argumentou Alckmin.

“Estamos aqui quase na fronteira, em Cáceres, que é um município grande, já com uma indústria instalada e com a ZPE poderá atrair mais investimentos, trazendo mais emprego e renda para a população”, complementou o ministro.

Com uma área de 240 hectares, a ZPE de Cáceres contou com investimentos de R$ 51,3 milhões em obras de infraestrutura e da área administrativa. Localizada em uma região estratégica de integração sul-americana, a rota do Quadrado Rondon, a nova ZPE já conta com uma empresa operando, a TRC Agroflorestal, que produz placas de madeira e teca.

O que são as ZPEs e seus benefícios

ZPEs são áreas de livre comércio destinadas à produção de bens para exportação e à prestação de serviços vinculados à atividade exportadora. Elas podem contribuir para o desenvolvimento local e para a diminuição das desigualdades regionais.

A produção no espaço da ZPE, destinada à exportação, garante às empresas suspensão do recolhimento de IPI, Pis-Cofins, Imposto de Importação e AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante) na aquisição de insumos e matérias primas, com a conversão em isenção ou alíquota zero no caso de posterior exportação.

O CZPE é órgão deliberativo presidido pelo MDIC. Fazem parte do Conselho representantes da Casa Civil da Presidência da República e dos ministérios da Fazenda, da Integração e do Desenvolvimento Regional, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, do Planejamento e Orçamento, de Portos e Aeroportos e dos Transportes.

(*) Com informações do MDIC

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Mulheres no Comex: Fórum Mulheres Mercosul-UE reforça protagonismo feminino no comércio internacional

Da Redação (*)

Brasília – O Clube Mulheres de Negócios em Língua Portuguesa (CMNLP) anuncia a realização do Fórum Mulheres: Mercosul-UE, um evento exclusivo para mulheres e uma iniciativa inédita que pretende inserir a perspectiva de gênero no Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

O Fórum será um espaço permanente de diálogo, cooperação e negócios, reunindo lideranças empresariais, políticas, acadêmicas e da sociedade civil. O objetivo é garantir que os benefícios do acordo comercial — que envolve mais de 700 milhões de pessoas — sejam distribuídos de forma equitativa, promovendo inclusão, justiça social e fortalecimento econômico das mulheres.

Eventos já confirmados:

  • Lisboa – 28 de outubro de 2025, na Casa da América Latina
  • Brasília – 27 de novembro de 2025, na Confederação Nacional da Indústria (CNI)
  • Fortaleza – 03 de dezembro de 2025, na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC)

A programação inclui painéis temáticos, sessões de networking estratégico e plenárias de compromissos institucionais, abordando temas como:

  • inclusão de gênero no acordo Mercosul-UE;
  • acesso feminino a crédito, infraestrutura e ativos produtivos;
  • fortalecimento do empreendedorismo e da participação política das mulheres;
  • políticas públicas e recomendações concretas para ampliar a equidade de gênero no comércio internacional.

“O Fórum nasce para garantir que as mulheres não sejam apenas beneficiárias indiretas do acordo, mas protagonistas na sua formulação e implementação. É um passo decisivo para transformar oportunidades em resultados concretos”, destaca Rijarda Aristóteles, Fundadora e Presidente do CMNLP.

(*) Com informações do CMNPL

 

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EUA devem anunciar redução de tarifas contra o Brasil, aposta confiante o presidente Lula da Silva

Da Redação (*)

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na madrugada deste sábado (25), que espera se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump amanhã (26) em Kuala Lumpur, capital da Malásia. Os dois mandatários estão no país asiático para participar da 47ª cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). “Espero que ‘role’. Eu vim aqui e estou à disposição para que a gente possa encontrar uma solução.”

A declaração foi dada em entrevista coletiva aos jornalistas em frente ao hotel que hospeda a

“Vamos colocar na mesa os problemas e tentar encontrar uma solução. Então, pode ficar certo que vai ter uma solução.”

Aos jornalistas, Lula negou que tenham sido colocadas condições para negociação bilateral em torno do impasse gerado pelo aumento de 50% das tarifas de importação dos produtos brasileiros pelos Estados Unidos, a partir do início de agosto.

“Eu trabalho com otimismo para que a gente possa encontrar uma solução. Não tem exigência dele e não tem exigência minha ainda.”

Trump admite redução das tarifas

A caminho da Malásia, a bordo do avião Air Force One, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou aos jornalistas, pela primeira vez, que poderia considerar a redução das tarifas sobre as exportações do Brasil a seu país. “Sim, sob as circunstâncias certas, com certeza”, ponderou o líder norte-americano.

Além disso, confirmou que deve se encontrar com Lula neste domingo (26). “Acho que vamos ,

A expectativa é de que os dois presidentes se reúnam em Kuala Lumpur, capital da Malásia, neste domingo.

(*) Com informações da Agencia Brasil

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Brasil e Indonésia firmam acordo para projetos no Nordeste e investimentos poderão chegar a R$ 10 bilhões nos próximos anos

 

Investimentos iniciais de R$ 300 milhões em projetos-piloto no Rio Grande do Norte e na Bahia podem chegar a R$ 10 bilhões nos próximos anos_

Da Redação (*)

Brasília – Durante o Fórum Empresarial Indonésia-Brasil, realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil)em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), nesta quinta-feira (23) em Jacarta, foi assinada uma parceria entre a Indonesia Energy Corporation (IEC), a Aguila Energia e Participações e a ApexBrasil. O Memorando de Entendimento (MoU) firmado entre as partes estabelece cooperação para o desenvolvimento de dois projetos-piloto de geração híbrida de energia — combinando gás natural e energia solar — no Nordeste brasileiro, com investimentos imediatos estimados em R$ 300 milhões.

Os projetos serão implementados nas cidades de Mossoró (RN) e Araçás (BA), cada um com capacidade inicial de 10 MW, voltados ao fornecimento de energia para infraestrutura de datacenters e aplicações de alta densidade computacional, incluindo inteligência artificial e processamento digital. A tecnologia adotada combina energia solar renovável com gás natural “na boca do poço” (stranded gas), garantindo estabilidade no fornecimento e eficiência operacional.

De acordo com o MoU, o modelo é modular e escalável, podendo operar de forma off-grid, independente do sistema elétrico nacional. O documento também prevê que, face ao sucesso da fase-piloto, o investimento total poderá alcançar até R$ 10 bilhões nos próximos anos, com ampliação da capacidade instalada para até 400 MW e integração de novas tecnologias.

A Indonesia Energy Corporation será responsável por prover conhecimento técnico em ativos de energia e estruturação de financiamento internacional, enquanto a Aguila Energia coordenará as etapas de licenciamento, execução e engajamento de fornecedores locais. A ApexBrasil atuará como facilitadora institucional, fortalecendo a cooperação entre os dois países e apoiando a atração de investimentos para o setor energético brasileiro.

“Essa parceria reflete o novo momento do Brasil como protagonista na transição energética e na economia digital. A aproximação entre Brasil e Indonésia, duas grandes economias do Sul Global, abre caminho para projetos inovadores, sustentáveis e estratégicos, capazes de gerar empregos, desenvolvimento regional e tecnologia limpa”, afirmou Jorge Viana, presidente da ApexBrasil.

Fórum Empresarial Indonésia-Brasil

O acordo foi assinado durante o Fórum Empresarial Indonésia-Brasil que integrou a agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no país. O evento integrou a missão presidencial liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e reuniu 357 empresários — sendo 129 brasileiros e 228 indonésios —, além de autoridades, ministros e representantes de grandes companhias e associações empresariais.

Durante o encontro, foram celebrados ainda outros sete Memorandos de Entendimento (MoUs) entre entidades governamentais e do setor privado dos dois países, cobrindo áreas como agricultura e pecuária, minas e energia, ciência e tecnologia, geografia e estatística, e investimentos. Entre os acordos firmados, destacou-se o Memorando de Entendimento entre a ApexBrasil e a Câmara de Comércio e Indústria da Indonésia (Kadin), que estabelece um plano de cooperação para fortalecer a promoção comercial, a atração de investimentos, a inovação e a sustentabilidade. O documento também prevê ações de qualificação de pequenas e médias empresas e iniciativas voltadas ao empoderamento feminino no comércio internacional, além da criação de um Grupo de Trabalho Conjunto para coordenar as próximas etapas da parceria.

Relações Econômicas Brasil-Indonésia

Segundo dados do Perfil de Comércio e Investimentos – Indonésia 2025 – https://apexbrasil.com.br/content/apexbrasil/br/pt/solucoes/inteligencia/estudos-e-publicacoes/perfil-de-comercio-e-investimentos/perfil-de-comercio-e-investimentos—indonesia—2025.html – , da ApexBrasil, em 2024 a corrente de comércio entre Brasil e Indonésia alcançou US$ 6,3 bilhões. Naquele ano, as exportações brasileiras ao país asiático somaram US$ 4,5 bilhões, o que posicionou o país como o 16º destino das vendas externas do Brasil.

Os principais produtos exportados foram: farelo de soja (US$ 1,6 bilhão), açúcares e melaços (US$ 1,65 bilhão) e algodão em bruto (US$ 296 milhões), que juntos representaram mais de 80% das exportações nacionais para o mercado indonésio. Em 2024, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) anunciou a abertura do mercado da Indonésia para a exportação da erva-mate brasileira.

Já da Indonésia, o Brasil importou no ano passado um total de US$ 1,9 bilhão, com destaque para o grupo de produtos Gorduras e óleos vegetais, constituído principalmente por óleo de palma e dendê, que somaram cerca de US$ 518 milhões.  Desde 2012 a balança comercial se apresenta favorável ao Brasil, tendo o maior superavit ocorrido em 2023 (US$ 2,6 bilhões).

Com relação aos investimentos, o fluxo entre os dois países vem ganhando destaque. O estoque de Investimento Estrangeiro Direto (IED) da Indonésia no Brasil atingiu US$ 1,8 bilhão em 2023, o maior valor desde 2015, com destaque para o setor logístico, liderado pela empresa J&T Express. Por sua vez, empresas brasileiras como a Vale S.A. têm presença expressiva no país asiático, com investimentos em níquel e energia limpa, reforçando o compromisso bilateral com a transição energética e a sustentabilidade.

(*) Com informações da Agência Brasil

 

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A pandemia econômica das bets:  silenciosa, difusa e profundamente corrosiva

 (*) Hugo Garbe, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)

O crescimento explosivo das plataformas de apostas esportivas no Brasil deixou de ser um fenômeno marginal para se tornar um tema central de análise econômica. Longe de representar mera diversão, o mercado das bets já movimenta cifras gigantescas e produz efeitos diretos sobre o consumo, o endividamento e o equilíbrio financeiro das famílias.

Em 2023, o volume apostado no país foi estimado entre R$ 60 bilhões e R$ 100 bilhões, e, em 2024, as transferências via Pix para casas de apostas chegaram a R$ 21 bilhões por mês, segundo dados do Banco Central (BC).

Mais de 22 milhões de brasileiros, cerca de 13% da população adulta, apostaram nos últimos 30 dias, conforme levantamento do DataSenado. Esses números indicam uma pandemia econômica silenciosa: um volume colossal de dinheiro que não cria riqueza nova, não gera produção e não retorna integralmente à economia doméstica. Trata-se, em essência, de uma drenagem de liquidez do orçamento familiar para plataformas muitas vezes sediadas no exterior.

As consequências dessa distorção são perceptíveis em múltiplos níveis. No plano microeconômico, as famílias de baixa e média renda passam a destinar parte significativa de seus recursos às apostas, comprimindo o consumo cotidiano. Segundo estudo da PwC, para as classes D e E, as bets já representam 1,38% do orçamento familiar, podendo chegar a 5,5% dos gastos com alimentação. Isso significa menos dinheiro em circulação nos mercados locais, nas padarias, nos pequenos comércios e nos serviços que sustentam o varejo brasileiro.

A economia comportamental ajuda a explicar o fenômeno: o apostador médio é guiado por ilusões cognitivas como a falácia do controle e o otimismo ilusório, acreditando dominar o acaso e recuperar perdas.

O ciclo é autodestrutivo — ganhos eventuais reforçam a esperança, mas as perdas recorrentes geram endividamento e deterioram a capacidade de consumo. Como boa parte dessas operações ocorre fora do sistema financeiro formal, o impacto é de difícil mensuração, mas seus efeitos se manifestam gradualmente: aumento da inadimplência, retração do crédito produtivo e esvaziamento do varejo.

A resposta necessária é de natureza institucional e exige política pública articulada. A regulamentação estabelecida pela Lei 14.790/2023 é um passo inicial, mas insuficiente diante da magnitude do problema. É preciso ir além da arrecadação tributária e do controle formal do setor, promovendo ações de educação financeira, prevenção ao vício em jogos e restrição publicitária, especialmente em canais voltados a jovens e classes vulneráveis. Assim como ocorreu com o tabaco e o álcool, o país precisa reconhecer o caráter destrutivo das apostas digitais e tratar o tema como questão de saúde e estabilidade econômica.

Em síntese, o avanço das bets não simboliza prosperidade nem inovação financeira; representa a substituição do consumo produtivo por uma forma de especulação improdutiva, que corrói silenciosamente a base do crescimento nacional.

O dinheiro que antes sustentava a economia real, o comércio, os serviços e a produção, agora, é absorvido por uma engrenagem digital que concentra riqueza e dispersa miséria. O Brasil vive, portanto, uma pandemia econômica das bets: silenciosa, difusa e profundamente corrosiva, que ameaça o tecido social e o dinamismo do próprio capitalismo brasileiro.

(*) Hugo Garbe, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)

 

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Reunião entre Lula e Trump poderá marcar o início do degelo nas relações Brasil-EUA, avalia especialista

Da Redação

Brasília – A dois dias do encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o americano Donald Trump, ainda não confirmado mas previsto para acontecer no final da tarde do próximo domingo (26), em Kuala Lumpur (Malásia), Daniel Cassetari, CEO da HKTC Brasil e especialista em comércio exterior, aguarda com otimismo prudente os resultados da cúpula que poderá marcar um ponto de inflexão no clima tenso que reina nas relações entre o Brasil e os Estados Unidos desde o dia 30 de julho passado, quando o presidente americano assinou um decreto executivo que oficializou a tarifa de 50% sobre os produtos exportados pelo Brasil ao mercado estadunidense.

Com uma vasta trajetória profissional no comércio exterior, Daniel Cassetari acompanha os momentos que antecedem o encontro presidencial na capital malaia com uma apreciável dose de pragmatismo. Para ele, “já é possível não só pensar no abrandamento das tarifas mas, sim, avançar nessa direção, até mesmo por falta de alternativas”.

O especialista ressalta que “num primeiro momento, os governos brasileiro e americano travavam uma queda de braço, com troca de declarações ásperas, deixando-se levar pela questão política e sem que o governo brasileiro se atentasse para aquilo que o governo americano estava se apegando. Essa situação somente começou a se modificar com o encontro do chanceler Mauro Vieira com o secretário de Estado americano, Marco Rúbio, no último dia 16 de outubro, quando foram aparadas algumas arestas, permitindo-se a criação de um ambiente propício ao encontro presidencial do próximo domingo”.

Segundo Daniel Cassetari, no encontro entre Vieira e Rubio, “o governo brasileiro passou a entender melhor as pretensões do governo americano em termos de comércio internacional em relação aos países em geral e ao Brasil em especial. Nesse sentido, a reunião permitiu que se avançasse na direção da cúpula presidencial, que efetivamente possibilitará o início das negociações envolvendo não apenas tarifas, mas também outros temas cruciais do relacionamento bilateral”.

Concessões recíprocas, essenciais para um acordo

Para que as negociações avancem, destaca o CEO da HKTC Brasil, é fundamental que os dois lados façam concessões: “se fizermos uma avaliação bastante simples veremos que, se por um lado as tarifas demasiadamente elevadas causam severos prejuízos aos exportadores brasileiros, a medida prejudica muito mais imediatamente o povo americano. No momento em que os preços ao consumidor americano de produtos importantes como a carne bovina, o café e o suco de laranja, entre outros, vêm subindo de forma exacerbada e alguns desses bens começam a desaparecer nas gôndolas dos supermercados, o grande prejudicado é o consumidor americano. Se o Brasil tem esses produtos a oferecer a preços altamente competitivos e a demanda existe, as duas partes precisam se ajustar profissionalmente para chegarem a um acordo”.

E se o Brasil acredita que os Estados Unidos poderão mencionar a possibilidade de um abrandamento, ou até mesmo a retirada das tarifas impostas aos produtos brasileiros, para Daniel Cassetari parece óbvio que o presidente Lula da Silva terá que fazer alguns acenos em relação a temas vitais, como por exemplo o acesso americano ao vasto estoque brasileiro das chamadas terras raras, que despertam grande interesse do governo Trump.

Na visão do CEO, “com certeza, o tema terras raras deverá ser colocado em pauta visando uma normatização do acesso a esses minerais considerados sensíveis e essenciais para a indústria moderna não só dos Estados Unidos, mas de todo o mundo. É importante ressaltar que os presidentes Lula e Trump tratarão desse tema sob o aspecto político, deixando as competências técnica e comercial, assim como os entraves existentes a cargo dos técnicos, devidamente capacitados para debaterem o tema em profundidade”.

Segundo o especialista, “o presidente Trump deverá colocar essa questão na pauta das conversas, da mesma forma que o Brasil também fará as suas colocações e apresentará as suas exigências visando algum tipo de acordo em relação à carne bovina, o café, o suco de laranja, os derivados do leite e às nossas frutas. Acredito que os dois presidentes tentarão fazer um alinhamento das respectivas posições diante dessa agenda abrangente. Brasil e Estados Unidos são, por exemplo, os maiores produtores e exportadores de soja e esse assim como outros assuntos ligados ao agronegócio deverão ser abordados. Da mesma forma, a questão do comércio de produtos industrializados também deve ser tratada pelos dois presidentes em um contexto em que, espera-se, ambos os lados venham a buscar um alinhamento de posições entre dois parceiros importantes e com economias complementares sob diversos aspectos “.

Daniel Cassetari acredita que o encontro presidencial, por si só, evidencia que algumas barreiras ao diálogo, que há pouco tempo pareciam intransponíveis, poderão começar a ser removidas a partir das conversas entre os dois presidentes na capital da Malásia. Em sua percepção, “a relação de uma certa cordialidade entre os dois governos e entre os dois presidentes em particular, deverá ser bem maior daqui para a frente”.

 

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Sazonalidade aquece comércio exterior e especialista projeta alta da corrente comercial na reta final do ano

Entre setembro e dezembro, importações e exportações brasileiras atingem o auge com o consumo de fim de ano. Setores como eletrônicos, brinquedos e moda impulsionam o comércio, exigindo gestão preditiva e logística ágil

Da Redação

Brasília – Dois dados recentes reforçam que o período entre setembro e dezembro exerce papel central no balanço do comércio exterior brasileiro. De um lado, estatísticas da Receita Federal mostram que importações e exportações concentram intensa movimentação nos últimos quatro meses do ano, quando empresas repõem estoques e atendem à demanda natalina. Do outro, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) destaca que muitos dos indicadores industriais atingem picos nesse momento, em função das cadeias produtivas que servem ao varejo.

Segundo o Ministério d Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), no mês de setembro, as exportações brasileiras totalizaram US$ 30,5 bilhões (FOB) e as importações somaram US$ 27,5 bilhões, configurando uma corrente de comércio de US$ 58,1 bilhões. Esses números indicam que o trimestre final, historicamente mais ativo, poderá elevar ainda mais essas cifras.

Na visão de Thiago Oliveira, especialista em câmbio, CEO da Saygo, essa reta final do ano impõe desafios logísticos e pressões nos custos.  “Quem não antecipa gargalos como frete marítimo, demoras aduaneiras ou prorrogações cambiais, pode sofrer atraso de prateleira ou margens comprimidas”, pontua.

Setores que impulsionam a sazonalidade

Os segmentos que mais se beneficiam da alta sazonalidade de comércio exterior costumam ser aqueles com forte presença importadora ou que dependem de cadeias globais: eletrônicos, brinquedos, bebidas importadas e moda. No setor eletrônico, por exemplo, componentes e semicondutores já registram importações com crescimento contínuo nos primeiros meses de 2025, segundo dados do Comex Stat.

Embora não haja uma cifra recente publicada que isole o trimestre set-dez, registros históricos apontam que entre outubro e dezembro a fatia de importações do setor concentra entre 25% a 30% do total anual. Essa concentração decorre da antecipação da produção voltada para datas promocionais (Black Friday) e festividades.

No segmento de brinquedos, os importadores costumam intensificar compras entre agosto e outubro, justamente para proteger-se de aumentos cambiais ou colapsos logísticos nos meses finais. Em 2024, dados de declarações de importação mostraram que mais de 50% dos volumes destinados ao mercado infantil foram declarados entre agosto e novembro. Essa sazonalidade é amplificada pela dependência de fornecedores asiáticos.

Para bebidas importadas, vinhos, espumantes e destilados, a procura refresca no quarto trimestre, quando o varejo eleva seu mix premium para as celebrações de final de ano. Embora o volume ainda represente parcela menor das importações totais, o efeito sobre preço e margem é mais sensível à variação cambial, dada a carga tributária e custos logísticos associados.

No âmbito da moda, mesmo com maior produção nacional, muitos insumos (tecidos, aviamentos, fios especiais) são importados, o que submete o segmento às mesmas pressões externas. A CNI, em suas análises industriais, verifica que muitos dos índices de uso de capacidade e faturamento tendem a subir no auge do segundo semestre, puxados justamente pela demanda de reposição.

Antecipação é imperativa diante de gargalos logísticos

Oliveira sustenta que além da proteção cambial, a preparação logística é tão decisiva quanto. Ele recomenda que as empresas adotem sistemas de análise preditiva para antecipar atrasos e custos extras, especialmente em rotas marítimas congestionadas ou portos sob pressão. “Uma simples curva de previsão de desembaraço aduaneiro permite realocar estoques e evitar reajustes repentinos”, afirma.

Ele acrescenta que plataformas digitais voltadas ao comércio exterior permitem simular cenários de atraso, custo de capital e impacto cambial integrado. Com essas ferramentas, importadores podem escalonar desembaraços e até ajustar mix de produtos conforme a disponibilidade real no período crítico.

Outra recomendação é escalonar compras cambiais: não esperar para comprar todo o dólar em um só momento, mas segmentar as aquisições para “capturar” oscilações favoráveis e reduzir risco de picos danosos. A lógica se estende ao planejamento tributário: regimes como drawback, regimes especiais aduaneiros e uso correto da classificação fiscal ajudam a reduzir sobrecarga tributária e evitar multas ou devoluções inesperadas.

O “gap” entre demanda e capacidade

Mesmo com projeções otimistas para o Natal, vários elos da cadeia enfrentam restrições reais: o custo do frete internacional segue elevado, o tempo de espera em navios porta-contêineres nos portos americanos (exportadores) e chineses é imprevisível, e o desembaraço aduaneiro no Brasil sofre com sobrecarga regulatória e fiscalização. A Receita Federal disponibiliza dados de tempos e quantidades de despacho aduaneiro nos sistemas de dados abertos, confirmando que em diversos períodos o tempo para liberação de importações ultrapassou prazos usuais. 

Para muitos importadores, isso significa risco de ruptura de estoque ou necessidade de “prorrogações cambiais”, que elevam custos financeiros. Empresas que se blindam com planejamento antecipado, margem de contingência e visibilidade digital tendem a minimizar surpresas.

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