Porto Seco de Foz do Iguaçu bate recorde de movimentações com aumento da operação noturna de importação de grãos

Sob concessão da Multilog, terminal registrou acréscimo de 6% de caminhões em relação ao melhor resultado anterior, em outubro de 2021

Da Redação (*)

Brasília -O Porto Seco de Foz do Iguaçu (PR), o maior da América Latina, registrou o recorde de movimentação de veículos para o mês de outubro, com a entrada de 22.904 caminhões, 6% a mais do registrado em outubro de 2021, até então o mês com o melhor resultado.

De acordo com a Multilog, concessionária que administra o Porto Seco e uma das maiores operadoras de logística integrada do País, o aumento da operação noturna de importação de grãos, de cargas oriundas da Argentina e das exportações argentinas contribuíram sobremaneira para o resultado.

O desempenho do Porto Seco de Foz de Iguaçu puxou para cima os números dos cinco portos secos de fronteira sob concessão da Multilog, que, ao todo, contabilizaram a entrada recorde de 44.186 veículos, ante 41.053 no mês de setembro. Além dos 22.904 de Foz do Iguaçu, houve o ingresso de 14.462 veículos no Porto Seco de Uruguaiana (RS), de 3.305 no Porto Seco de Jaguarão (RS), de 2.367 no Porto Seco de Dionísio Cerqueira (SC) e de 1.148 no Porto Seco de Santana do Livramento (RS), que mantiveram a média.

Forte alta na importação noturna de grãos

Na operação noturna de importação de grãos no Porto Seco de Foz do Iguaçu passaram 7.502 veículos, um acréscimo de 14%, ou de 899 veículos. Em relação às cargas vindas da Argentina, foram 3.037 veículos, aumento de 22%, ou de 551 caminhões. Já as exportações para o país tiveram um aumento de 14%, com 1.368 veículos passando pela unidade alfandegada, 173 a mais do que em outubro de 2021.

O Porto Seco de Foz do Iguaçu também apresentou crescimento no movimento das saídas em outubro, com o registro de 22.811 veículos, totalizando 45.715 movimentações no período, número 5,82% superior a outubro de 2021.

“Os números refletem o crescimento constante do fluxo de cargas e mercadorias na tríplice fronteira, através do trabalho integrado entre Multilog, Receita Federal, Órgãos Anuentes e demais intervenientes do processo como transportadores, despachantes aduaneiros e motoristas”, afirma Roger da Costa Mendes Ribeiro, Gerente de Operações do Porto Seco de Foz do Iguaçu.

Com localização estratégica na tríplice fronteira de Brasil, Paraguai e Argentina, o Porto Seco de Foz do Iguaçu se consolida como um dos maiores centros de logístico do Mercosul “A eficiência nas operações, o uso de tecnologia e o empenho das equipes têm garantido agilidade no processo e na circulação de veículos, fortalecendo a competitividade do comércio exterior brasileiro”, destaca Francisco Damilano, gerente geral de Operações das Fronteiras da Multilog.

(*) Com informações da Multilog

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Webinar da eComex abordará como as soluções em cloud revolucionam gestão de dados no comércio exterior para uso de IA

Da Redação (*)

Brasília – A eComex realiza no dia 11 de novembro, às 11h, o webinar “Infraestrutura e Inteligência: como a cloud está revolucionando a gestão de dados no comércio exterior para uso de IA”. O encontro será apresentado por André Barros, CEO da eComex e da D2P, e Rafael Scaccabarozzi, Director, High Tech and Startups, Latin America da Oracle.

O evento vai abordar como as soluções em cloud estão transformando a gestão de dados no comércio exterior e abrindo caminho para o uso estratégico da inteligência artificial. Os palestrantes vão discutir de que forma a combinação entre infraestrutura e inteligência tem impulsionado inovação, eficiência e tomada de decisão em um setor cada vez mais orientado por dados.

“Os dados continuam sendo o novo petróleo, mas seu verdadeiro valor surge quando são estruturados e refinados.  No comércio exterior, o volume diário de informações é imenso. Organizar esses dados em ambiente cloud é essencial para liberar todo o potencial da Inteligência Artificial, transformando complexidade em decisões inteligentes e estratégicas.” André Barros, CEO da eComex e D2P

O webinar é gratuito e voltado a profissionais e empresas que desejam compreender como a cloud pode acelerar o uso da IA e gerar vantagem competitiva no Comércio Exterior.

Link da inscrição: https://us06web.zoom.us/webinar/register/6217616524318/WN_Qdow_UKOSX-2LUWfbiR37w#/registration

(*) Com informações da eComex

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Como o comportamento das novas gerações está moldando o ESG nas empresas

Prof. Dr. Nasser Mahmoud Hasan  (*)

Para falar de futuro, é essencial lembrar de onde viemos. Da Geração Grandiosa (1901–1927) e Silenciosa (1928–1945) aos Baby Boomers (1946–1964), X (1965–1980), Y/Millennials (1981–1996), Z (1997–2012), Alpha (2013–2024) e à recém-chegada Beta (a partir de 2025, nascida na era da IA), cada geração mudou a forma de consumir. Essa linha do tempo explica por que o consumo consciente deixou de ser nicho. Como alertou George Santayana em The Life of Reason (1905), “Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”.

A história recente mostra, muitas vezes do jeito difícil, que ignorar clima, direitos e governança custa caro. Hoje, com um celular na mão, qualquer pessoa compara, registra e compartilha em segundos. Coerência virou requisito básico: importa o que a marca promete, como entrega e quais impactos gera para as pessoas e para o planeta.

Estamos vivendo uma super disrupção tecnológica. Inteligência artificial, internet das coisas, biotecnologia e nanotecnologias já fazem parte do cotidiano. O efeito imediato é mais transparência: todo produto deixa rastro de origem, de quem produziu, de como foi feito e de qual foi o impacto. As gerações Y e Z transformam valores em escolhas. A Alpha cresceu esperando personalização e propósito. A Beta nasce IA nativa, para quem a tecnologia é o próprio ambiente. Nesse mundo, ética não é diferencial; é o mínimo aceitável.

Por isso, cada vez mais pessoas, especialmente as mais jovens, priorizam marcas que jogam limpo. Quando vêm à tona trabalho análogo à escravidão, insumos adulterados, descarte tóxico, discriminação ou o chamado greenwashing, isto é, quando a empresa finge ser “verde” sem ser, o assunto explode nas redes, vira vídeo, vira pressão e pode virar boicote.

Não é moda: é o coração da marca sendo testado em tempo real. Quem erra e não corrige perde confiança rápido; quem acerta de forma consistente vira referência. Não basta ser sustentável. É preciso provar. Em vez de slogans, pedem-se provas: dados claros, rastreabilidade da cadeia, resultados verificáveis e diálogo aberto.

Nesse cenário, a COP30, que acontecerá em Belém do Pará, é um marco. O mundo voltará os olhos para a Amazônia e para tudo o que se conecta a ela: florestas em pé, cadeias livres de desmatamento, bioeconomia, água, energia, alimentos e as pessoas do território. A conferência tende a elevar a ambição das metas climáticas e a ampliar os recursos para soluções de baixo carbono, com efeitos diretos sobre as empresas.

Na prática, cresce a pressão para reduzir emissões de forma absoluta, inclusive nas cadeias de suprimento, comprovar a origem dos insumos, proteger direitos humanos ao longo da cadeia e apresentar números que façam sentido para o público. Quem já estiver preparado sai na frente; quem deixar para ver depois corre atrás do prejuízo.

É aqui que o ESG (Environmental, Social and Corporate Governance, em português Ambiental, Social e Governança Corporativa) precisa sair do rótulo e virar estratégia de marca. Isso significa integrar sustentabilidade ao desenho do produto, à operação, às finanças e à comunicação.

Na prática, passa por metas claras e auditáveis de clima, água, resíduos, diversidade, equidade e integridade, conectadas ao core do negócio; por governança que mede e orça, com incentivos atrelados a indicadores materiais; por ecodesign, segurança e qualidade como não negociáveis; por rastreabilidade do insumo ao pós-consumo e trabalho digno em toda a cadeia; por transparência radical, falar depois de fazer e explicar falhas e planos de correção; e por diálogo em rede, envolvendo clientes, comunidades e criadores de conteúdo para cocriar soluções.

Os benefícios são claros e se somam ao longo do tempo: atração e retenção de talentos, acesso a novos mercados e capital, reputação e confiança sustentadas por evidências, ética e governança fortalecidas, prestação de contas mais transparente, impacto social positivo percebido, reconhecimento por avaliadores externos, conformidade regulatória e compliance mais robustos, inclusão e equidade no local de trabalho e, no fim, melhor desempenho financeiro com mais inovação.

No Brasil, esse movimento ganha tração com a atuação da B3, do sistema financeiro e das universidades na formação de profissionais que conectam teoria à prática, criando um ecossistema que acelera normas, métricas e talentos.

Também é importante reconhecer a força das redes sociais. Elas não são apenas megafones: viraram um sistema distribuído de responsabilização. O debate contínuo sobre sustentabilidade e meio ambiente, saúde mental e bem-estar, diversidade, equidade e inclusão (DEI), moda e estilo de vida, fitness e cultura forma uma consciência coletiva que redefine valor. Em breve, não estranhe ver cada produto com sua “nota de impacto”, tão comum quanto o preço e o prazo de entrega, para ajudar o consumidor leigo a decidir sem precisar virar especialista.

No fim das contas, pensar o valor do ESG para além do modismo é encarar sustentabilidade como projeto de futuro, ligar passado, que são os aprendizados, presente, que são as evidências, e futuro, que é a inovação, para gerar valor econômico e socioambiental. Y, Z e Alpha já compram com essa régua, e a COP30 tende a deixá-la ainda mais visível. Cabe a cada marca escolher ficar na arquibancada vendo a conversa passar ou entrar em campo para liderar uma prosperidade que faça sentido para as pessoas e para o planeta.

Que a Geração Beta, nascida este ano, encontre marcas que façam do ESG uma prática diária, transformando cuidado em rotina, inovação em inclusão e lucro em legado, e herde um planeta mais justo, resiliente e vivo do que aquele que recebemos.

(*) Prof. Dr. Nasser Mahmoud Hasan é docente do curso de Administração do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Campus Campinas, onde leciona Teorias da Administração, Empreendedorismo, Gestão da Inovação, Sistemas de Informação Aplicados à Gestão e Gestão Estratégica e Sustentabilidade.

 

 

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Embratur e Netflix lançam guia turístico do Brasil na WTM Londres com destaques nos destinos vistos em filmes e séries

Da Redação (*)

Brasília – A Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) e a Netflix lançaram um guia virtual que convida viajantes do mundo todo a conhecer o Brasil, a partir dos lugares retratados em produções brasileiras da plataforma. O anúncio foi feito nesta terça-feira (4), em Londres, durante a abertura do espaço da Embratur na World Travel Market (WTM).

A primeira etapa do guia destaca a Amazônia e traz referências de obras como Cidade Invisível 2Ricos de Amor 2, a 2ª temporada de Casamento às Cegas Brasil e o especial Whindersson Nunes: É de Mim Mesmo.

A proposta é que os fãs das produções possam explorar diferentes facetas da região, da natureza às tradições, gastronomia, cultura e vida urbana.

Marcelo Freixo, presidente da Embratur, avalia que a ação consolida a força do setor audiovisual brasileiro como motor de atração turística.

O Brasil na poderosa vitrine internacional Netflix

“A Netflix é uma grande vitrine internacional, e essa parceria reforça o potencial do audiovisual brasileiro para inspirar pessoas a conhecerem nosso país, nossa cultura e nosso povo. É um exemplo de como o audiovisual e o turismo podem ser grandes aliados na geração de oportunidades e desenvolvimento”, disse Freixo.

Sergio Vinay, diretor da Netflix para Parcerias Estratégicas com Governos, valorizou o potencial turístico e audiovisual do país.

“O Brasil é um país riquíssimo em cultura e paisagens. Com este guia, queremos que os espectadores se sintam convidados a conhecer o país de perto, vivenciando na prática as histórias que aprenderam a amar pelas telas”, disse Vinay.

O Brasil passa a integrar o grupo de países escolhidos pela Netflix para estratégias oficiais de turismo audiovisual, ao lado de Coreia do Sul, França, Espanha e Tailândia. Em 2026, o guia será ampliado, com novos temas e regiões, incluindo o Pantanal, culinária e praias. O material já está no ar em cometobrasilwithnetflix.com.br .

(*) Com informações da Agência Brasil

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A governança do crime: como o PCC se tornou uma organização corporativa

Patricia Punder (*)

Em maio de 2006, o Brasil testemunhou o momento em que o Primeiro Comando da Capital (PCC) deixou de ser uma facção desorganizada e passou a atuar como uma estrutura institucionalizada de poder. Durante uma semana, São Paulo parou: ônibus incendiados, bases policiais atacadas, mais de 70 presídios em rebelião e ruas vazias em pleno horário de pico.

O episódio revelou um fenômeno inédito, em que um grupo criminoso foi capaz de paralisar o Estado por dentro, coordenando rebeliões, articulando ataques e, ao mesmo tempo, negociando com agentes públicos. Ali nascia a ideia prática do que hoje chamamos de Estado Paralelo: uma estrutura que imita o funcionamento do Estado formal, mas com objetivos ilícitos.

De facção a organização: a metamorfose da gestão criminal

Duas décadas depois, o PCC se consolidou como uma organização empresarial criminosa, com estrutura de governança, sucessão e divisão funcional. Relatórios da Polícia Federal estimam movimentações de mais de R$ 50 bilhões entre 2020 e 2024, um volume compatível com conglomerados econômicos médios.

A facção evoluiu de uma irmandade carcerária para uma máquina de negócios, aplicando princípios de governança corporativa, com organização, previsibilidade, sucessão e disciplina, adaptados ao submundo do crime.

A governança criminal do PCC: princípios e estrutura

O grupo opera com uma governança híbrida, que combina centralização de comando, colegialidade decisória e divisão de funções, sustentada por um rígido código de disciplina, onde os principais pilares são:

1 – Hierarquia e “sintonias”: células funcionais equivalentes a departamentos, como financeiro, jurídico, logístico e institucional;

2 – Código de conduta e enforcement: sanções severas, “tribunais do crime” e controle por reputação interna;

3 – Planejamento de sucessão: substituição imediata de lideranças, continuidade operacional e liderança colegiada;

4 – Centralização estratégica e descentralização operacional: comando coeso e execução pulverizada, um modelo de eficiência e resiliência.

Se trata de uma governança eficiente, mas ilegal, que transforma uma facção em organização perene, com vocabulário e estrutura similares aos das corporações formais.

Lavagem de dinheiro: o coração da operação

Lavar dinheiro, ocultar ou dissimular a origem ilícita de recursos, segundo a Lei 9.613/1998, é o eixo vital da sustentabilidade econômica do PCC. A facção domina as três etapas do processo (colocação, ocultação e integração), utilizando empresas de fachada, contratos reais e profissionais especializados. Hoje, reinveste em postos, usinas, fintechs, fundos e imóveis, legitimando capital e poder.

Fintechs, fundos e falhas de supervisão

O ambiente das fintechs de pagamento e investimento, sendo rápido, tecnológico e pouco supervisionado, ampliou as brechas. Uma fintech associada ao grupo movimentou R$ 46 bilhões entre 2020 e 2024, e fundos de investimento da Faria Lima receberam aportes de origem ilícita disfarçados de capital de terceiros.

Embora o Banco Central e a Unidade de Inteligência Financeira e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (UIF/COAF) tenham endurecido regras (Circular 3.978/2020, políticas de Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo, e beneficiário final), a sofisticação dos mecanismos de ocultação e a captura de gatekeepers ainda superam a capacidade de detecção. O resultado é um sistema financeiro vulnerável a infiltração silenciosa e institucionalizada.

Como o PCC burla controles internos

A facção neutraliza controles públicos e privados por meio de laranjas qualificados e camadas societárias complexas, corrupção e cooptação de agentes estratégicos, fraudes contábeis pulverizadas e operações trianguladas, uso de escritórios e consultorias para suporte técnico e documental, e manipulação de preços, créditos e fretes (trade-based laundering).

O PCC utiliza as ferramentas de governança empresarial, como planejamento, accountability e gestão por resultados para fins criminosos. Sua eficiência deriva do que especialistas chamam de “governança invertida”, onde uma organização ilegal aplica lógica corporativa para perpetuar a ilegalidade.

A influência do PCC sobre o sistema público e privado

A estrutura de governança do PCC já ultrapassou os limites do crime organizado tradicional. Hoje, seus efeitos atingem diretamente a integridade das instituições públicas e a credibilidade das relações empresariais.

No setor público agentes públicos são corrompidos, cooptados ou neutralizados, especialmente em áreas de licitação, transporte, obras, logística e segurança; o grupo influencia decisões políticas, participa indiretamente de contratos e obtém informações privilegiadas sobre operações estatais; em certas regiões, o PCC substitui o Estado em funções básicas, controlando comunidades, oferecendo “proteção”, impondo regras e até mediando conflitos, sendo uma forma de governança paralela local. Quando o crime se organiza melhor que o próprio aparato público, o Estado perde legitimidade e o cidadão, confiança.

No setor privado empresas ligadas ao PCC oferecem preços artificialmente baixos, sustentados por capital ilícito, afastando competidores honestos; fornecedores e distribuidores podem integrar fluxos de lavagem sem saber; profissionais de áreas jurídicas, contábeis e financeiras, muitas vezes, ignoram os sinais de irregularidade, seja por descuido ou por conveniência. A presença do crime em ambientes formais reduz a percepção de risco, gerando uma economia paralela institucionalizada.

Governança do medo e da influência

O PCC exerce, simultaneamente, governança interna e influência externa. Internamente, opera com controle hierárquico e sucessão estruturada; externamente, com relações de poder e troca de favores que penetram o Estado e o mercado.

Essa dupla atuação cria uma rede de dependência mútua entre ilegalidade e economia formal, um sistema híbrido em que corrupção, omissão e conveniência mantêm o equilíbrio. Algumas consequências estratégicas, são:

1 – Erosão da credibilidade institucional: quando o crime se infiltra no aparato público e financeiro, o Estado perde autoridade moral e técnica;

2 – Risco reputacional sistêmico: empresas, bancos e fundos podem ser usados para lavagem, sofrendo impactos devastadores de imagem e sanções;

3 – Insegurança jurídica: contratos contaminados por capital ilícito desestabilizam investimentos e parcerias legítimas;

4 – Desigualdade econômica e descrédito social: a “eficiência criminosa” do PCC reforça a percepção de que a ilegalidade compensa, sendo um abalo ético que transcende o jurídico.

Em suma, o PCC construiu um modelo de governança que desafia o próprio conceito de soberania: atua com previsibilidade, planejamento e poder de influência, enquanto o Estado formal reage de modo fragmentado e reativo. A verdadeira ameaça não é apenas a violência, mas a institucionalização da ilegalidade como forma de poder.

Temos assim, o crime com CNPJ

O episódio de 2006 foi o início da revolução silenciosa do PCC. De facção desorganizada, se transformou em organização com governança criminal consolidada, plano de sucessão e estratégia de expansão econômica. Hoje, não precisa mais de armas para demonstrar poder, basta um contrato, um fundo ou uma fintech.

O enfrentamento ao Estado Paralelo exige transparência, rastreabilidade e integridade sistêmica. Sem isso, o país continuará convivendo com dois poderes legítimos: o Estado formal e o Estado paralelo. E como 2006 demonstrou, quando o paralelo decide agir, é o formal que para.

(*) Patricia Punder é advogada e compliance officer com experiência internacional. Professora de Compliance no pós-MBA da USFSCAR e LEC – Legal Ethics and Compliance (SP). Uma das autoras do “Manual de Compliance”, lançado pela LEC em 2019 e Compliance – além do Manual 2020.  Com sólida experiência no Brasil e na América Latina, Patricia tem expertise na implementação de Programas de Governança e Compliance, LGPD, ESG, treinamentos; análise estratégica de avaliação e gestão de riscos, gestão na condução de crises de reputação corporativa e investigações envolvendo o DOJ (Department of Justice), SEC (Securities and Exchange Comission), AGU, CADE e TCU (Brasil). www.punder.adv.br

 

 

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A governança do crime: como o PCC se tornou uma organização corporativa

Patricia Punde (*)

Em maio de 2006, o Brasil testemunhou o momento em que o Primeiro Comando da Capital (PCC) deixou de ser uma facção desorganizada e passou a atuar como uma estrutura institucionalizada de poder. Durante uma semana, São Paulo parou: ônibus incendiados, bases policiais atacadas, mais de 70 presídios em rebelião e ruas vazias em pleno horário de pico.

O episódio revelou um fenômeno inédito, em que um grupo criminoso foi capaz de paralisar o Estado por dentro, coordenando rebeliões, articulando ataques e, ao mesmo tempo, negociando com agentes públicos. Ali nascia a ideia prática do que hoje chamamos de Estado Paralelo: uma estrutura que imita o funcionamento do Estado formal, mas com objetivos ilícitos.

De facção a organização: a metamorfose da gestão criminal

Duas décadas depois, o PCC se consolidou como uma organização empresarial criminosa, com estrutura de governança, sucessão e divisão funcional. Relatórios da Polícia Federal estimam movimentações de mais de R$ 50 bilhões entre 2020 e 2024, um volume compatível com conglomerados econômicos médios.

A facção evoluiu de uma irmandade carcerária para uma máquina de negócios, aplicando princípios de governança corporativa, com organização, previsibilidade, sucessão e disciplina, adaptados ao submundo do crime.

A governança criminal do PCC: princípios e estrutura

O grupo opera com uma governança híbrida, que combina centralização de comando, colegialidade decisória e divisão de funções, sustentada por um rígido código de disciplina, onde os principais pilares são:

1 – Hierarquia e “sintonias”: células funcionais equivalentes a departamentos, como financeiro, jurídico, logístico e institucional;

2 – Código de conduta e enforcement: sanções severas, “tribunais do crime” e controle por reputação interna;

3 – Planejamento de sucessão: substituição imediata de lideranças, continuidade operacional e liderança colegiada;

4 – Centralização estratégica e descentralização operacional: comando coeso e execução pulverizada, um modelo de eficiência e resiliência.

Se trata de uma governança eficiente, mas ilegal, que transforma uma facção em organização perene, com vocabulário e estrutura similares aos das corporações formais.

Lavagem de dinheiro: o coração da operação

Lavar dinheiro, ocultar ou dissimular a origem ilícita de recursos, segundo a Lei 9.613/1998, é o eixo vital da sustentabilidade econômica do PCC. A facção domina as três etapas do processo (colocação, ocultação e integração), utilizando empresas de fachada, contratos reais e profissionais especializados. Hoje, reinveste em postos, usinas, fintechs, fundos e imóveis, legitimando capital e poder.

Fintechs, fundos e falhas de supervisão

O ambiente das fintechs de pagamento e investimento, sendo rápido, tecnológico e pouco supervisionado, ampliou as brechas. Uma fintech associada ao grupo movimentou R$ 46 bilhões entre 2020 e 2024, e fundos de investimento da Faria Lima receberam aportes de origem ilícita disfarçados de capital de terceiros.

Embora o Banco Central e a Unidade de Inteligência Financeira e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (UIF/COAF) tenham endurecido regras (Circular 3.978/2020, políticas de Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo, e beneficiário final), a sofisticação dos mecanismos de ocultação e a captura de gatekeepers ainda superam a capacidade de detecção. O resultado é um sistema financeiro vulnerável a infiltração silenciosa e institucionalizada.

Como o PCC burla controles internos

A facção neutraliza controles públicos e privados por meio de laranjas qualificados e camadas societárias complexas, corrupção e cooptação de agentes estratégicos, fraudes contábeis pulverizadas e operações trianguladas, uso de escritórios e consultorias para suporte técnico e documental, e manipulação de preços, créditos e fretes (trade-based laundering).

O PCC utiliza as ferramentas de governança empresarial, como planejamento, accountability e gestão por resultados para fins criminosos. Sua eficiência deriva do que especialistas chamam de “governança invertida”, onde uma organização ilegal aplica lógica corporativa para perpetuar a ilegalidade.

A influência do PCC sobre o sistema público e privado

A estrutura de governança do PCC já ultrapassou os limites do crime organizado tradicional. Hoje, seus efeitos atingem diretamente a integridade das instituições públicas e a credibilidade das relações empresariais.

No setor público agentes públicos são corrompidos, cooptados ou neutralizados, especialmente em áreas de licitação, transporte, obras, logística e segurança; o grupo influencia decisões políticas, participa indiretamente de contratos e obtém informações privilegiadas sobre operações estatais; em certas regiões, o PCC substitui o Estado em funções básicas, controlando comunidades, oferecendo “proteção”, impondo regras e até mediando conflitos, sendo uma forma de governança paralela local. Quando o crime se organiza melhor que o próprio aparato público, o Estado perde legitimidade e o cidadão, confiança.

No setor privado empresas ligadas ao PCC oferecem preços artificialmente baixos, sustentados por capital ilícito, afastando competidores honestos; fornecedores e distribuidores podem integrar fluxos de lavagem sem saber; profissionais de áreas jurídicas, contábeis e financeiras, muitas vezes, ignoram os sinais de irregularidade, seja por descuido ou por conveniência. A presença do crime em ambientes formais reduz a percepção de risco, gerando uma economia paralela institucionalizada.

Governança do medo e da influência

O PCC exerce, simultaneamente, governança interna e influência externa. Internamente, opera com controle hierárquico e sucessão estruturada; externamente, com relações de poder e troca de favores que penetram o Estado e o mercado.

Essa dupla atuação cria uma rede de dependência mútua entre ilegalidade e economia formal, um sistema híbrido em que corrupção, omissão e conveniência mantêm o equilíbrio. Algumas consequências estratégicas, são:

1 – Erosão da credibilidade institucional: quando o crime se infiltra no aparato público e financeiro, o Estado perde autoridade moral e técnica;

2 – Risco reputacional sistêmico: empresas, bancos e fundos podem ser usados para lavagem, sofrendo impactos devastadores de imagem e sanções;

3 – Insegurança jurídica: contratos contaminados por capital ilícito desestabilizam investimentos e parcerias legítimas;

4 – Desigualdade econômica e descrédito social: a “eficiência criminosa” do PCC reforça a percepção de que a ilegalidade compensa, sendo um abalo ético que transcende o jurídico.

Em suma, o PCC construiu um modelo de governança que desafia o próprio conceito de soberania: atua com previsibilidade, planejamento e poder de influência, enquanto o Estado formal reage de modo fragmentado e reativo. A verdadeira ameaça não é apenas a violência, mas a institucionalização da ilegalidade como forma de poder.

Temos assim, o crime com CNPJ

O episódio de 2006 foi o início da revolução silenciosa do PCC. De facção desorganizada, se transformou em organização com governança criminal consolidada, plano de sucessão e estratégia de expansão econômica. Hoje, não precisa mais de armas para demonstrar poder, basta um contrato, um fundo ou uma fintech.

O enfrentamento ao Estado Paralelo exige transparência, rastreabilidade e integridade sistêmica. Sem isso, o país continuará convivendo com dois poderes legítimos: o Estado formal e o Estado paralelo. E como 2006 demonstrou, quando o paralelo decide agir, é o formal que para.

(*) Patricia Punder, é advogada e compliance officer com experiência internacional. Professora de Compliance no pós-MBA da USFSCAR e LEC – Legal Ethics and Compliance (SP). Uma das autoras do “Manual de Compliance”, lançado pela LEC em 2019 e Compliance – além do Manual 2020. Com sólida experiência no Brasil e na América Latina, Patricia tem expertise na implementação de Programas de Governança e Compliance, LGPD, ESG, treinamentos; análise estratégica de avaliação e gestão de riscos, gestão na condução de crises de reputação corporativa e investigações envolvendo o DOJ (Department of Justice), SEC (Securities and Exchange Comission), AGU, CADE e TCU (Brasil). www.punder.adv.br

 

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Fórum Mulheres Mercosul-UE chega a Brasília e reforça protagonismo feminino no comércio internacional

Da Redação (*)

Brasília – O Clube Mulheres de Negócios em Língua Portuguesa (CMNLP) realizará no próximo dia 28 de novembro, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília,  mais uma edição do Fórum Mulheres: Mercosul-UE, um evento exclusivo para mulheres e uma iniciativa inédita que pretende inserir a perspectiva de gênero no Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

Após o sucesso da edição inicial realizada no dia 28 de outubro, em Lisboa, com representantes de 10 países e mais de 90 participantes presenciais, o Fórum chega a Brasília para ser um espaço permanente de diálogo, cooperação e negócios, reunindo lideranças empresariais, políticas, acadêmicas e da sociedade civil.

O objetivo é garantir que os benefícios do acordo comercial — que envolve mais de 700 milhões de pessoas — sejam distribuídos de forma equitativa, promovendo inclusão, justiça social e fortalecimento econômico das mulheres.

Eventos já confirmados:

  • Brasília – 27 de novembro de 2025, na Confederação Nacional da Indústria (CNI)
  • Fortaleza – 03 de dezembro de 2025, na Federação da Indústria do Estado do Ceará (FIEC)

A programação inclui painéis temáticos, sessões de networking estratégico e plenárias de compromissos institucionais, abordando temas como:

  • inclusão de gênero no acordo Mercosul-UE;
  • acesso feminino a crédito, infraestrutura e ativos produtivos;
  • fortalecimento do empreendedorismo e da participação política das mulheres;
  • políticas públicas e recomendações concretas para ampliar a equidade de gênero no comércio internacional.

“O Fórum nasce para garantir que as mulheres não sejam apenas beneficiárias indiretas do acordo, mas protagonistas na sua formulação e implementação. É um passo decisivo para transformar oportunidades em resultados concretos”, destaca Rijarda Aristóteles, Fundadora e Presidente do CMNLP.

(*) Com informações do CMNLP

 

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Seminário debate papel estratégico da gestão de riscos para eficiência e previsibilidade do comércio exterior

O objetivo do encontro é avaliar como a aplicação da gestão de riscos no comércio exterior pode gerar ganhos para a sociedade e os órgãos públicos.

Da Redação (*)

Brasília – O Comitê Nacional de Facilitação de Comércio (Confac) realiza hoje (3) e amanhã (4), em Brasília, o Seminário de Gerenciamento de Riscos no Comércio Exterior, que reúne representantes de órgãos e entidades que atuam nas operações de importação – especialmente nos módulos LPCO (Licenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos) e DUIMP (Declaração Única de Importação) do Portal Único de Comércio Exterior.

O encontro tem como objetivo avaliar como a aplicação da gestão de riscos pode gerar ganhos de eficiência e previsibilidade para o governo, o setor privado e a sociedade, além de fortalecer a cooperação entre as instituições envolvidas.

Na abertura do seminário, a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, destacou que a gestão de riscos é essencial para o equilíbrio entre controle e competitividade.

Relevância da gestão de riscos

“Este seminário é uma oportunidade valiosa para trocar experiências, fortalecer a cooperação e aprimorar práticas conjuntas. À medida que o comércio se expande e se torna mais complexo, a gestão de riscos ganha relevância e se consolida como ferramenta essencial para uma atuação equilibrada do Poder Público – capaz de proteger a sociedade sem comprometer a competitividade das nossas empresas”, afirmou Tatiana.

A programação inclui apresentações sobre conceitos gerais de gerenciamento de riscos e experiências internacionais com especialistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Australian Border Force, além de mesas-redondas sobre o papel dos órgãos no Portal Único e os desafios do canal único. Serão discutidos ainda o funcionamento da gestão de riscos no Portal Único, com foco em fluxos e ferramentas de trabalho.

No segundo dia, a Receita Federal do Brasil (RFB) apresentará boas práticas institucionais e exemplos concretos de conformidade, seguidos por painéis sobre novas tecnologias, como Big Data, inteligência artificial e automação aplicadas à gestão de riscos. O evento será encerrado com workshops colaborativos voltados à elaboração de planos de ação e ao fortalecimento da cultura de riscos no comércio exterior.

A programação se encerra com a apresentação dos resultados dos grupos de trabalho e a definição dos próximos passos para aprimorar a atuação conjunta entre os órgãos que compõem o sistema de comércio exterior brasileiro.

Confac

O Comitê Nacional de Facilitação de Comércio (Confac), copresidido pela Secretaria de Comércio Exterior e pela Receita Federal do Brasil, integra a Câmara de Comércio Exterior (Camex) e conta com a participação da Casa Civil, Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Defesa, Ministério da Agricultura e Pecuária, Ministério da Saúde, Anvisa, Inmetro e Ibama.

O Comitê é peça central na coordenação das ações de facilitação entre os diversos órgãos que atuam no comércio exterior. Seu trabalho busca tornar as operações de importação e exportação mais eficientes, reduzindo tempos e custos, além de garantir o cumprimento de compromissos e acordos internacionais.

Ao promover a integração entre governo e setor produtivo, o Confac contribui para tornar o comércio exterior brasileiro mais ágil, transparente e competitivo.

(*) Com informações do MDIC

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Senado dos EUA desafia tarifas de Trump; ação pode trazer alivio na pressão sobre exportações brasileiras

Advogado avalia que a decisão tem pouco efeito prático imediato, mas sinaliza uma mudança de tom nas negociações bilaterais e pode aliviar a pressão sobre exportadores e investidores brasileiros

Da Redação

Brasília – A decisão do Senado dos Estados Unidos de aprovar, por 52 votos a 48, uma resolução que tenta barrar as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros movimentou o cenário político e econômico entre os dois países. Embora a medida ainda dependa de análise na Câmara e da sanção presidencial, o que torna improvável sua aplicação imediata, o gesto foi interpretado como um recado político interno e um ponto de inflexão nas relações bilaterais.

Segundo o advogado Daniel Toledo, especialista em Direito Internacional, a votação reflete uma tensão crescente dentro do próprio Partido Republicano. “Cinco senadores republicanos votaram contra as tarifas de Trump, o que mostra uma tentativa de equilibrar discurso político e pragmatismo econômico. Em um ano de eleições intermediárias, manter alinhamento irrestrito com medidas impopulares pode custar caro”, avalia.

Senadores destacam caráter político do tarifaço

O pacote de tarifas, que elevava em até 40% o custo de importação de determinados produtos brasileiros, havia sido justificado pela Casa Branca como uma medida de “emergência econômica”. No entanto, parlamentares argumentaram que a decisão teve caráter político, já que o Brasil mantém déficit comercial com os Estados Unidos. Segundo dados do U.S. Census Bureau, em 2024 os EUA exportaram US$ 42 bilhões ao Brasil e importaram US$36 bilhões, um superávit de aproximadamente US$ 6 bilhões para os americanos.

Para Toledo, a derrubada da resolução no Senado não altera as tarifas de imediato, mas tem relevância simbólica. “O efeito é político, não econômico. O Congresso norte-americano deixou claro que não concorda com a justificativa apresentada por Trump. Isso enfraquece o argumento de emergência e pressiona a Casa Branca a negociar com mais cautela”, explica.

O especialista acrescenta que a votação também fortalece a posição diplomática brasileira. “O governo Lula ganha margem para retomar o diálogo com Washington em bases mais equilibradas. O Senado enviou um sinal de que há espaço para recompor pontes. Essa abertura é positiva para a diplomacia e para as empresas que dependem do comércio bilateral”, afirma.

O comércio entre os dois países tem peso estratégico. Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China. Em 2024, o fluxo comercial bilateral ultrapassou US$ 80 bilhões. Entre os setores mais afetados pelas tarifas estão o agronegócio, o aço e o alumínio que respondem por cerca de 25% das vendas brasileiras ao mercado americano.

Toledo avalia que, apesar de a resolução ainda precisar ser analisada pela Câmara, o gesto do Senado americano cria um novo ambiente político. “Trump não sancionará algo que contraria uma decisão própria, mas a mensagem foi recebida. Ele percebe que não tem mais o apoio total do Congresso, mesmo entre republicanos. Isso pode levar a uma postura mais conciliadora nas próximas semanas”, projeta.

Para o advogado, o desfecho da disputa comercial dependerá de como a Casa Branca reagirá à movimentação legislativa. “Trump é um negociador político. Se entender que perdeu terreno no Congresso, ele tende a transformar o impasse em oportunidade. Pode propor uma nova rodada de acordos, redesenhando as tarifas em termos mais vantajosos para ambos os lados. É o que faria sentido econômico agora”, analisa.

Efeitos na imigração e nos investimentos

Além do comércio, Toledo aponta que as tensões tarifárias têm reflexos na imigração e nos investimentos bilaterais. “Quando há ruído político entre dois países, o impacto não fica restrito à economia. Ele chega aos vistos, aos processos de repatriação e à confiança de investidores. O empresariado brasileiro que atua nos Estados Unidos observa o cenário com cautela, esperando sinais concretos de estabilidade”, explica.

O especialista destaca, contudo, que o episódio representa um alívio momentâneo para as negociações diplomáticas. “O Brasil precisa de estabilidade nas relações internacionais para sustentar sua recuperação econômica. O Senado americano mandou um recado, é hora de diálogo, não de retaliação. Isso, por si só, já é uma vitória política importante”, conclui.

A votação no Senado foi interpretada por analistas como a primeira grande contestação republicana a uma decisão comercial direta de Trump desde seu retorno à Casa Branca. Mesmo que a resolução seja bloqueada na Câmara, o gesto político pode reabrir espaço para discussões mais amplas entre Washington e Brasília e, no longo prazo, sinalizar uma reaproximação entre os dois maiores parceiros econômicos do hemisfério sul.

 

 

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5 vantagens em investir em CRI: oportunidades e benefícios para diversificação

Os certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) são uma alternativa interessante para quem quer investir no mercado imobiliário e diversificar o portfólio

Da Redação

Brasília -Os certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) são um tipo de investimento de renda fixa vinculado ao mercado imobiliário e pode ser uma boa opção para quem quer diversificar a carteira e explorar ao máximo o enorme potencial do setor.

Trata-se de títulos de crédito privado que servem para captar recursos para financiar processos imobiliários. Ao adquirir um desses títulos, o que o investidor faz, na prática, é emprestar dinheiro ao emissor em troca de uma remuneração futura.

Investir em CRI pode trazer vários benefícios aos investidores, como a previsibilidade de rendimento, a isenção do Imposto de Renda, a possibilidade de ganhos acima da inflação e o alinhamento a estratégias de longo prazo.

Neste artigo, vamos explicar quais são as principais vantagens de investir em CRIs. Mas lembre-se que as informações contidas aqui têm caráter educativo e não são uma recomendação de investimento.

Previsibilidade de rendimentos

Os CRIs são investimentos de renda fixa e, como tal, oferecem rendimentos previsíveis.

A remuneração pode ser prefixada, ou seja, o investidor já sabe o valor da taxa de juros que receberá logo na compra do certificado, e, portanto, pode calcular a rentabilidade em reais que terá no vencimento.

Mas também pode ser pós-fixada, seguindo um indicador que servirá como referência, como o CDI ou a Selic. Nesse caso, o retorno efetivo não é totalmente conhecido, já que dependerá da variação do índice de referência.

Além disso, a remuneração dos CRIs pode ser indexada à inflação. Nesse caso, são títulos híbridos, com uma parcela da rentabilidade prefixada e outra pós-fixada, que segue o IPCA (o índice oficial da inflação no Brasil).

Em todos os casos, porém, o retorno é previsível, já que esse tipo de título (como todo investimento de renda fixa) está menos sujeito às oscilações de mercado do que ativos de renda variável. Isso atende aos objetivos de quem prioriza a segurança do investimento.

Há também uma vantagem extra: os CRIs frequentemente oferecem taxas nominais superiores do que outros investimentos de renda fixa, como CDBs, títulos do Tesouro Direto ou mesmo LCIs (Letras de Crédito Imobiliário).

Diversificação de portfólio

Como todo investidor sabe, a diversificação dos investimentos é a estratégia mais eficaz para mitigar os riscos e trazer mais segurança à carteira. E investir em CRIs é uma ótima maneira de diversificar o portfólio com ativos atrelados ao setor imobiliário, historicamente relevantes para a economia brasileira.

Potencial de ganhos acima da inflação

No caso de investir em CRIs híbridos com rentabilidade indexada ao IPCA, o investidor pode facilmente proteger o capital contra a inflação, preservando o poder de compra ao longo do tempo.

Isso é importante porque a inflação é capaz de corroer o retorno real de uma aplicação, fazendo com que o investimento, na prática, não valha a pena. CRIs que rendem acima da inflação garantem que haverá um ganho real, e são uma ótima alternativa em cenários de inflação alta.

Acesso a oportunidades do mercado imobiliário

Ao investir num certificado de recebíveis imobiliários, o investidor consegue aproveitar o potencial de um setor altamente rentável que oferece muitas oportunidades, como é o imobiliário, de uma forma mais acessível. Assim, é possível expor o capital ao setor imobiliário sem necessariamente ter que comprar um imóvel físico.

Benefícios fiscais e regulamentares

Por fim, os CRIs contam com benefícios fiscais relevantes para investidores pessoa física. Os rendimentos obtidos com esse tipo de aplicação são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas. Por não serem tributados, isso costuma aumentar a rentabilidade líquida do investimento.

 

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