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Wagner Balera (*)

A propósito do recente e trágico ataque ocorrido na Austrália, que vitimou diversas pessoas — algumas delas fatalmente —, durante a pacífica celebração do Hanukkah, a Festa das Luzes da comunidade judaica, impõem-se algumas reflexões sobre os motivos e as consequências de tal ato.

À falta de definição mais apropriada, e sem entenderem bem o que teria motivado os ataques, aparentemente praticados por pessoas isoladas, os analistas chamaram a atenção para a facilidade com que se adquirem armamentos hoje em dia, fenômeno que ocorre também em nosso país.

É simbólico que a Festa das Luzes seja muito próxima dos festejos de Natal. Também no tempo do Advento as luzes da coroa vão sendo acesas num crescendo até que a Luz do Mundo venha a nascer na noite tão esperada pelos cristãos.

Jesus Cristo não selecionava ninguém. Qualquer pessoa seria bem acolhida por Ele, bastando que professasse o único mandamento propriamente cristão: ama o próximo como a ti mesmo. Aliás, o Cristo ia além e dizia: amai vossos inimigos, o que revela, igualmente, o modelo mais aberto de compreensão da pessoa do próximo.

Na verdade, o fundamentalismo dos terroristas — de todos os matizes — é antissemita, anticristão e antihislamista, porque se vale da inimizade aos valores religiosos para disseminar o ódio, a cultura de morte a que já se referia São João Paulo II.

Trata-se, portanto, do mesmo tipo de fundamentalismo que outros grupos de terroristas praticam para excluir as minorias de todo o tipo, mesmo as que não professem nenhuma crença.

É simbólico que tenha sido Ahmed, o sírio, a desarmar um dos terroristas, o que lhe custou dois ferimentos.

Esses terroristas disparam, inclusive pelos meios de comunicação virtual, contra todos aqueles que não pensam como eles. Eis quem são, em certo sentido, os verdadeiros fundamentalistas do ódio.

Por que teriam escolhido a reunião do Hanukkah, tão plena de simbolismos?

Não nos prendamos  a esse vetor. Basta atentar para os recentes ataques a uma mesquita e a uma feira natalina para que se ponha foco na essência do que está em jogo.

A enorme confusão ideológica e doutrinal do terrorismo revela, antes de tudo, mentes perturbadas, incapazes de discernir entre o bem e o mal. Ou, se quisermos embaralhar ainda mais as cartas, incapazes de discernir a esquerda da direita.

A confusão ideológica, aliás, não é apenas um sintoma de desordem mental, mas a estratégia consciente de aniquilar a pluralidade inerente à condição humana. O extremismo, ao se apropriar de símbolos sagrados e transformá-los em bandeiras de exclusão, trai a própria essência de qualquer fé que pregue a transcendência e o amor ao Criador, pois desumaniza a criatura feita à sua imagem.

Desta forma, o verdadeiro combate ao terrorismo não se limita à repressão policial ou militar, mas passa necessariamente pela defesa intransigente da educação e do diálogo inter-religioso. É a luz da razão e da tolerância que deve ser acesa para dissipar a escuridão do fanatismo, provando que a diferença de crença jamais pode ser motivo para a guerra, mas sim o motor para um enriquecimento mútuo da civilização.

Urge que os homens de boa vontade se ergam, em uníssono, em favor de uma cultura de paz e de liberdade religiosa, e que todas as luzes se acendam em alerta contra toda e qualquer manifestação terrorista.

(*) Wagner Balera é professor titular de Direitos Humanos e integra o corpo editorial da Revista de Direitos Humanos da PUC-SP.

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Terrorismo e religiosidade

Wagner Balera (*)

A propósito do recente e trágico ataque ocorrido na Austrália, que vitimou diversas pessoas — algumas delas fatalmente —, durante a pacífica celebração do Hanukkah, a Festa das Luzes da comunidade judaica, impõem-se algumas reflexões sobre os motivos e as consequências de tal ato.

À falta de definição mais apropriada, e sem entenderem bem o que teria motivado os ataques, aparentemente praticados por pessoas isoladas, os analistas chamaram a atenção para a facilidade com que se adquirem armamentos hoje em dia, fenômeno que ocorre também em nosso país.

É simbólico que a Festa das Luzes seja muito próxima dos festejos de Natal. Também no tempo do Advento as luzes da coroa vão sendo acesas num crescendo até que a Luz do Mundo venha a nascer na noite tão esperada pelos cristãos.

Jesus Cristo não selecionava ninguém. Qualquer pessoa seria bem acolhida por Ele, bastando que professasse o único mandamento propriamente cristão: ama o próximo como a ti mesmo. Aliás, o Cristo ia além e dizia: amai vossos inimigos, o que revela, igualmente, o modelo mais aberto de compreensão da pessoa do próximo.

Na verdade, o fundamentalismo dos terroristas — de todos os matizes — é antissemita, anticristão e antihislamista, porque se vale da inimizade aos valores religiosos para disseminar o ódio, a cultura de morte a que já se referia São João Paulo II.

Trata-se, portanto, do mesmo tipo de fundamentalismo que outros grupos de terroristas praticam para excluir as minorias de todo o tipo, mesmo as que não professem nenhuma crença.

É simbólico que tenha sido Ahmed, o sírio, a desarmar um dos terroristas, o que lhe custou dois ferimentos.

Esses terroristas disparam, inclusive pelos meios de comunicação virtual, contra todos aqueles que não pensam como eles. Eis quem são, em certo sentido, os verdadeiros fundamentalistas do ódio.

Por que teriam escolhido a reunião do Hanukkah, tão plena de simbolismos?

Não nos prendamos  a esse vetor. Basta atentar para os recentes ataques a uma mesquita e a uma feira natalina para que se ponha foco na essência do que está em jogo.
A enorme confusão ideológica e doutrinal do terrorismo revela, antes de tudo, mentes perturbadas, incapazes de discernir entre o bem e o mal. Ou, se quisermos embaralhar ainda mais as cartas, incapazes de discernir a esquerda da direita.

A confusão ideológica, aliás, não é apenas um sintoma de desordem mental, mas a estratégia consciente de aniquilar a pluralidade inerente à condição humana. O extremismo, ao se apropriar de símbolos sagrados e transformá-los em bandeiras de exclusão, trai a própria essência de qualquer fé que pregue a transcendência e o amor ao Criador, pois desumaniza a criatura feita à sua imagem.Desta forma, o verdadeiro combate ao terrorismo não se limita à repressão policial ou militar, mas passa necessariamente pela defesa intransigente da educação

e do diálogo inter-religioso. É a luz da razão e da tolerância que deve ser acesa para dissipar a escuridão do fanatismo, provando que a diferença de crença jamais pode ser motivo para a guerra, mas sim o motor para um enriquecimento mútuo da civilização.

Urge que os homens de boa vontade se ergam, em uníssono, em favor de uma cultura de paz e de liberdade religiosa, e que todas as luzes se acendam em alerta contra toda e qualquer manifestação terrorista.

(*) Wagner Balera é professor titular de Direitos Humanos e integra o corpo editorial da Revista de Direitos Humanos da PUC-SP.

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O futuro da manufatura em 2026: entre a hiperautomação e a responsabilidade

Angela Gheller (*)

O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco para a manufatura brasileira. O que antes víamos como tendências da indústria, agora se consolidam como pilares estratégicos para a competitividade e a resiliência do setor. A transformação digital, antes vista como meta, hoje é a base indispensável da nova indústria, agora impulsionada por inteligência artificial, novos modelos de negócio e uma consciência socioambiental cada vez mais presente.

Na minha visão, o primeiro ponto a ser observado é a maturidade da digitalização. Dados recentes, como os apresentados pelo Índice de Produtividade Tecnológica (IPT) de Manufatura, mostram que, embora muitas empresas tenham iniciado sua jornada, ainda existe um abismo entre a automação básica e uma operação verdadeiramente inteligente e conectada. Em 2026, a pressão competitiva não permitirá mais que as indústrias permaneçam nos estágios iniciais.

A meta será alcançar uma maturidade que integre o chão de fábrica (MES) ao sistema de gestão (ERP) de forma fluida, gerando dados que não apenas informem, mas que alimentem sistemas de decisão autônomos. A lição de casa de organizar e digitalizar processos será pré-requisito para qualquer avanço.

É aqui que a inteligência artificial, com destaque para os Agentes autônomos, entram em cena de forma disruptiva. Se até agora falamos muito sobre IA para análise preditiva, usando dados para antecipar cenários, no próximo ano a conversa será sobre execução efetiva de tarefas. Agentes de IA integrados aos sistemas de gestão ajudarão gestores a otimizar a produção em tempo real, não apenas sugerindo ajustes de máquina ou remanejamento de insumos, mas executando atividades de forma autônoma, a partir de parâmetros pré-estabelecidos: um Agente poderá, por exemplo, renegociar uma entrega com um fornecedor ao prever um possível atraso, ou ajustar dinamicamente o preço de um produto em um portal B2B com base na demanda e no estoque, tudo de maneira independente.

Essa evolução tecnológica pavimenta o caminho para a consolidação definitiva do e-commerce B2B (business to business) e B2C (business to consumer) na manufatura. O modelo de vendas tradicional, com representantes comerciais e catálogos físicos, cada vez mais dá lugar a plataformas digitais que oferecem uma experiência de compra personalizada e sem fricção para os compradores. Para a indústria, isso significa não apenas um novo canal de vendas, mas uma fonte riquíssima de dados sobre o comportamento do cliente lá na ponta, permitindo uma previsão de demanda mais precisa e uma produção mais alinhada às necessidades do mercado.

Paralelamente a esses avanços, o ambiente de negócios no Brasil trará um desafio estrutural: a Reforma Tributária. Em 2026, com a transição para o novo sistema de IVA dual (IBS e CBS) em andamento, a conformidade fiscal será mais complexa do que nunca. A grande virada de chave para a manufatura será entender que a gestão tributária não se limita mais às suas próprias operações.

Será mandatório ter uma visão completa e sistêmica da cadeia de suprimentos, garantindo que todos os seus fornecedores também estejam em conformidade. A tecnologia, especialmente um ERP robusto e atualizado, será a única forma de gerenciar o volume de dados e as novas obrigações, evitando perdas de crédito e garantindo a saúde financeira do negócio.

Por fim, a agenda ESG tende cada vez mais a ser uma prática mensurável e auditável. A pressão do mercado externo, de investidores e de consumidores colocará a sustentabilidade no centro da estratégia. Ferramentas que permitem a gestão e o reporte de indicadores ESG, que auxiliam no cálculo da pegada de carbono ou no diagnóstico de práticas de diversidade e inclusão, serão cada vez mais essenciais e presentes no dia a dia da indústria. A manufatura de sucesso será aquela que não apenas produz com eficiência, mas que também demonstra, com dados, seu impacto positivo na cadeia, na sociedade e no meio ambiente.

Em suma, o futuro da manufatura será das empresas que conseguirem orquestrar essas cinco tendências da indústria de forma harmoniosa, construindo uma operação que seja, ao mesmo tempo, inteligente, automatizada, centrada no cliente, fiscalmente responsável e genuinamente sustentável. O desafio é grande, mas as oportunidades são ainda maiores.

(*) Angela Gheller, diretora de produtos para Manufatura da TOTVS

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Empresas brasileiras projetam expansão dos negócios nos EUA em 2026 com previsão de flexibilização tarifária

Debates bilaterais reacendem análises sobre custos logísticos, regras fiscais estaduais e modelos de expansão para negócios que buscam receita em dólar

Da Redação (*)

Brasília – As negociações retomadas entre Brasil e Estados Unidos sobre possíveis ajustes tarifários voltaram a movimentar empresários que observam o mercado americano como destino estratégico para 2026. Relatórios recentes da OCDE mostram que Estados Unidos, Brasil e Reino Unido lideraram o fluxo global de investimento estrangeiro direto no primeiro semestre de 2025, consolidando o peso da economia americana no cenário internacional de negócios.

No recorte bilateral, dados do SelectUSA registram estoque aproximado de US$ 31,8 bilhões em investimentos brasileiros nos Estados Unidos em 2023, volume impulsionado sobretudo por pequenas e médias empresas.

Para Fernanda Spanner, International Business Advisor e CEO da Spanner Consulting Group, o tema exige planejamento técnico e visão preventiva. Fernanda acumula mais de duas décadas de experiência em contabilidade internacional e planejamento tributário, lidera cinco escritórios nos Estados Unidos e possui credencial de Enrolled Agent licenciada pelo Internal Revenue Service, que permite atuação fiscal federal em todo o território americano.

A expectativa de flexibilização tarifária reacende discussões sobre custos operacionais, formação de preços, competitividade e modelos societários adequados para empresas brasileiras que exportam, prestam serviços transnacionais ou pretendem abrir unidades no exterior.

Segundo a especialista, eventuais mudanças tarifárias podem influenciar tanto as margens quanto a forma de estruturar empresas e operar internacionalmente. Ela afirma que a redução de tarifas não se limita ao impacto imediato no preço final, pois afeta a cadeia de custos, a necessidade de revisar contratos internacionais e a escolha da melhor estrutura jurídica diante das diferenças regulatórias entre os estados americanos.

Força das pequenas empresas na economia americana

Levantamentos do Census Bureau e da Small Business Administration mostram que os Estados Unidos contam com cerca de 33,3 milhões de pequenos negócios que empregam parcela significativa da força de trabalho formal. O ambiente competitivo e a presença crescente de empresas estrangeiras exigem que negócios brasileiros considerem não apenas tributação, mas também seguros obrigatórios, regras de licenciamento, exigências de compliance e adequação documental.

Os setores mais sensíveis às tarifas incluem tecnologia, manufatura especializada, alimentos premium, cosméticos e serviços profissionais que participam de cadeias globais de valor. Nos cenários analisados por especialistas, alterações tarifárias podem aumentar a viabilidade de produtos brasileiros nos Estados Unidos, mas também reforçam a necessidade de simular impactos fiscais federais e estaduais, revisar a estrutura societária e avaliar riscos jurídicos antes da expansão.

Para empresas que planejam internacionalizar em 2026, o conjunto de recomendações inclui iniciar ainda em 2025 um diagnóstico detalhado das operações, exportações, estrutura de custos e exposição cambial, além de revisar modelos contratuais e mapear exigências específicas do setor e do estado americano de interesse. A partir dessas informações, é possível construir projeções mais sólidas de investimento, margens e viabilidade.

Na avaliação de Fernanda, as oportunidades tendem a beneficiar negócios que chegam ao mercado americano com governança e planejamento tributário organizados. Ela afirma que gerar receita em dólar amplia a escala e a previsibilidade financeira, mas depende de uma preparação técnica consistente. Para a especialista, um eventual ambiente tarifário mais favorável não substitui a necessidade de planejamento antecipado, e 2026 tende a ser mais positivo para empresas que iniciarem a reorganização estrutural ainda em 2025.

(*) Com informações da Spanner Consulting Group

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Em reunião no Itamaraty, presidente da CNI debate sobre novas isenções no tarifaço imposto aos produtos brasileiros

Da Redação (*)

Brasília – O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para discutir os próximos passos da negociação em torno do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. No encontro, na tarde de segunda-feira (15), a indústria reforçou o apoio à nova fase de negociações e defendeu a ampliação da lista de bens atualmente exportados ao mercado americano com isenção da tarifa adicional de 40%, além da inclusão de outros setores que ainda não foram contemplados.

Para o presidente da CNI, o encontro foi produtivo e enfatizou o compromisso do governo brasileiro em avançar nas negociações com os EUA. O diálogo, segundo ele, tem sido conduzido sem a priorização de setores específicos, com foco no fortalecimento do setor produtivo como um todo e na preservação da competitividade da indústria nacional no mercado internacional. “Estão otimistas de que possamos concluir isso num processo de tempo razoável”, disse Alban.

“A CNI tem construído, ao longo desse período, vários documentos técnicos para o MDIC e para o Ministério das Relações Exteriores. Temos conversado com nossas consultorias nos Estados Unidos e com as empresas brasileiras que ainda sofrem no caso de bens de capital, no caso de máquinas de equipamento, de calçados e tantos outros que começam a se preocupar”, afirmou o presidente.

(*) Com informações da CNI

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Voo Shanghai-Buenos Aires,  rota mais longa do mundo, celebra primeira semana com alta taxa de ocupação

A rota “Shanghai-Auckland-Buenos Aires”, operada pela China Eastern Airlines, não só estabeleceu um recorde como a rota aérea comercial mais longa do mundo, mas também, como uma ponte aérea que liga o Hemisfério Sul e o Leste Asiático, está abrindo um grande potencial para o intercâmbio de pessoas, comércio e cultura.

Da Redação (*)

Brasília – Nas primeiras horas da sexta-feira (12), o terceiro voo direto de ida e volta ligando a China à Argentina partiu de Buenos Aires, capital argentina, com destino ao Aeroporto Internacional de Shanghai Pudong, marcando a conclusão bem-sucedida da primeira semana de operações desta “rota sul” que atravessa três continentes e cobre aproximadamente 20.000 quilômetros.

O terceiro voo reflete a execução impecável da nova rota e a demonstração inicial do seu potencial de mercado. A rota “Shanghai-Auckland-Buenos Aires”, operada pela China Eastern Airlines, não só estabeleceu um recorde como a rota aérea comercial mais longa do mundo, mas também, como uma ponte aérea que liga o Hemisfério Sul ao Leste Asiático, está abrindo um grande potencial para o intercâmbio de pessoas, comércio e cultura.

DA NOVIDADE À NORMALIDADE

Nas primeiras horas de 4 de dezembro, uma aeronave da China Eastern Airlines partiu do Aeroporto Internacional de Pudong, em Shanghai, e, após uma escala em Auckland, na Nova Zelândia, seguiu viagem para Buenos Aires, marcando o lançamento oficial da rota direta. Isso preencheu a lacuna histórica de voos diretos entre Shanghai e as principais cidades da América do Sul, inaugurando um “corredor sul” através do Oceano Pacífico.

Devido à distância extremamente longa e às limitações de desempenho das aeronaves, era praticamente impossível voar diretamente da China para a América do Sul, o que exigia múltiplas escalas. A nova rota encurta significativamente a viagem, que antes levava quase 30 horas, reduzindo o tempo total de deslocamento e minimizando o impacto do jet lag causado pelas repetidas conexões.

A alta taxa de ocupação de 96% do voo inaugural mostrou um forte entusiasmo do mercado. No terceiro voo, esse entusiasmo começou a mudar de “novidade” para um planejamento mais pragmático de viagens e negócios.

Liu Yanan, assistente do gerente-geral de receita de rede do Departamento de Marketing da China Eastern Airlines, observou que houve recentemente um aumento notável nas consultas de empresários sul-americanos que buscam viajar para a China por meio dessa rota para estudar o mercado ou participar de feiras comerciais.

A nova conexão não apenas encurta a distância geográfica, mas também reduz a distância psicológica e os custos de oportunidade, promovendo intercâmbios interpessoais e interações comerciais entre os dois países e entre a China e toda a região da América do Sul.

DO PRESENTE INAUGURAL AO FLUXO CONSTANTE

Fu Damao, vice-gerente-geral da divisão de cadeia de frio da China Eastern Airlines Logistics, disse que o primeiro voo de retorno transportou 2,1 toneladas de cerejas argentinas e 10,5 toneladas de salmão fresco chileno no compartimento de carga da aeronave de passageiros. Esses produtos sul-americanos de alta qualidade foram recebidos com empolgação pelos internautas chineses como um “presente inaugural” trazido pelo voo direto.

Os dados operacionais mais recentes mostram que o volume de carga do segundo voo de ida aumentou 76,6% em comparação com o voo inaugural, com crescimento significativo em produtos de comércio eletrônico e instrumentos de precisão. O segundo e o terceiro voos de retorno continuaram transportando de forma constante produtos frescos de alta qualidade da América do Sul.

Para Hernan De Bellis, CEO da Extraberries, o estabelecimento de uma rota aérea direta é uma mudança fundamental para as cerejas, cujo valor depende muito do frescor e do acesso adequado a mercados altamente competitivos como a China.

“Isso é muito positivo, principalmente porque nosso principal atributo é o frescor da fruta, e ter um voo direto que preserve da melhor forma a qualidade, o sabor e a aparência das cerejas são diferenciais que a Extraberries busca constantemente para oferecer um produto melhor ao consumidor”, disse De Bellis à Xinhua em entrevista.

Com a rota direta Shanghai-Buenos Aires operando, a Extraberries identificou novas oportunidades de crescimento ao planejar novos modelos de distribuição para varejo, plataformas de e-commerce e clientes que exigem entregas rápidas e entregas finais precisas.

“Para a Extraberries, a oportunidade se abre para o fornecimento a varejistas, comércio eletrônico e diversos clientes que precisam ter a logística de entrega final garantida em termos de prazos, além de manter o frescor das frutas”, disse De Bellis.

De Bellis acrescentou que, graças aos novos voos, muitas empresas argentinas veem Shanghai como um centro logístico para entrar em todo o mercado asiático, facilitando assim a expansão para mercados que antes eram quase inacessíveis para as empresas argentinas.

Fu disse que a drástica redução no tempo de voo e o modelo “um avião para todo o trajeto” reduzem efetivamente o risco de danos à carga e melhoram a confiabilidade da cadeia de suprimentos. Ele acredita que a importância da nova rota está em fornecer uma solução logística estável, eficiente e com bom custo-benefício.

Espera-se que essa rota transporte com segurança entre 80 e 100 toneladas de produtos sul-americanos de qualidade para a China mensalmente, disse Fu.

DA CONECTIVIDADE À SINERGIA MULTISSETORIAL

A abertura da rota não é o objetivo final, mas o ponto de partida para uma cooperação mais abrangente. A China Eastern Airlines assinou um acordo com a Argentine Airlines para cooperar em mais de 50 rotas por meio de compartilhamento de códigos e outras modalidades, expandindo ainda mais sua rede global.

O voo MU745 da China Eastern Airlines, a primeira rota aérea direta entre a China e a Argentina, passa por jatos de água no Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires, Argentina, em 4 de dezembro de 2025. (Xinhua/Zhang Duo)

Profissionais dos setores de turismo chinês e argentino disseram que a nova rota proporcionará um suporte mais eficiente para intercâmbios relacionados a eventos esportivos, fóruns acadêmicos e promoções turísticas, o que poderá gerar um “efeito combinado”. A cooperação em diversas áreas, como comércio, turismo, cultura, esportes e exposições, deverá gerar esse efeito.

Celeste Toricez e Feng Ziqian, especialistas em turismo China-Argentina, colaboram com agências locais para oferecer viagens e experiências diferenciadas, como jantares com apresentações de tango e passeios alternativos além dos circuitos tradicionais da Argentina, um segmento fortalecido pela nova conectividade.

“A baixa temporada no Hemisfério Norte é uma vantagem para atrair turistas chineses com alto poder aquisitivo que buscam destinos únicos; a Argentina, por ser um destino longe, vira um local atraente para esses viajantes, e nós fornecemos informações essenciais para que a experiência deles seja segura e enriquecedora”, disseram à Xinhua.

Da empolgação em torno do voo inaugural à chegada tranquila do terceiro, a rota comercial mais longa do mundo agora faz parte da rede global de aviação e do sistema de comércio internacional.

Liu disse que a rota não é só um atalho que economiza algumas horas de voo, mas uma ponte que promove o intercâmbio interpessoal, a cooperação comercial e o aprendizado mútuo. Conforme a frequência de voos aumenta e a cooperação se aprofunda, espera-se que essa “ponte aérea” que atravessa o Sul Global continue abrindo seu potencial de interconectividade.

(*) Com informações da Agência Xinhua

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Lula destaca abertura de 500 mercados internacionais para agropecuária e destaca exportações de US$ 3,4 bilhões

Segundo o presidente, negócios resultaram em US$ 3,4 bi em exportações

Da Redação (*)

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta segunda-feira (15), que o trabalho coletivo do governo e a qualidade da produção nacional são os responsáveis pela abertura de mais de 500 mercados internacionais para produtos agropecuários brasileiros entre 2023 e 2025. “O acerto das coisas que estão acontecendo no Brasil se deve ao aprendizado que nós tivemos ao longo de muitos anos”, disse.

Lula participou, em Brasília, da inauguração da sede própria da ApexBrasil, a agência de promoção comercial do país no exterior. O evento também celebra a abertura dos 500 novos mercados fora do Brasil, que já resultam em US$ 3,4 bilhões em exportações.

Esse trabalho de expansão comercial é liderado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), com participação da ApexBrasil, do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços e em articulação com o setor privado.

“O que acontece no Brasil hoje: a gente produz para atender o mercado interno e a gente produz tão bem que a gente consegue atender as necessidades do mercado externo. Essa é a coisa mais perfeita que poderia acontecer”, destacou Lula.

O presidente elogiou o trabalho dos ministros e de autoridades envolvidas na internacionalização do Brasil e contou que quer expandir mais. No próximo ano, por exemplo, ele participa da Feira de Hannover, na Alemanha, um dos principais eventos de inovação e tecnologia industrial do mundo. Para Lula, a indústria nacional já é competitiva e tem identidade própria.

“Nós já não precisamos do que eles precisam. Agora, quem tem que falar isso somos nós. Então, nessa feira, a gente vai ver se leva a maior quantidade de empresário que nós já levamos, porque chega do Brasil se apresentar como se fosse um coitadinho”, afirmou.

Lula ainda viaja para a Coreia do Sul, onde quer explorar parcerias no setor de cosméticos, e para a Índia, onde, segundo ele, há potencial nas áreas de defesa, de fármacos e de tecnologias agrícolas.

Abertura de 500 novos mercados: feito histórico da diplomacia

Os 500 mercados abertos em mais de 80 países têm potencial de exportação de mais de US$ 37,5 bilhões por ano, de acordo com estimativas do Mapa. Cada país pode ter vários mercados para diferentes tipos de produtos. Entre os itens habilitados nesses novos mercados, os destaques são carnes, algodão, frutas e pescados.

Para o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, o “feito histórico” de expansão comercial é resultado da boa diplomacia brasileira e da capacidade de produção do país. Ele ainda lembrou que, em 2025, o Brasil recebeu a certificação de país livre de febre aftosa.

“Por 72 anos, o Brasil lutou contra essa doença. E o mundo agora reconhece a sanidade dos produtos brasileiros, capacidade de produzir cada vez mais com garantia das qualidades. Para isso, para ganhar força de trabalho, saímos de 29 adidos [representante do país no exterior] para 40 novos adidos percorrendo os países, interagindo com os empresários. Enfim, uma força tarefa sempre precedente”, afirmou.

Segundo Fávaro, os 500 novos mercados, gradativamente, se transformarão em novos negócios. “O empresário do outro lado compra um produto, faz o primeiro container, vê que o produto é bom, vê que chega na hora certa, que tem demanda e o Brasil aguenta suprir essa demanda, ele vai ampliar. O fruto desses 500 mercados, o Brasil vai entender nos próximos anos, a odisseia e a grande oportunidade”, acrescentou.

Promoção comercial

De acordo com a ApexBrasil, entre 2023 e 2025, o esforço conjunto entre a agência, o  Mapa e MRE resultou em mais de 170 ações internacionais em 42 países, alcançando US$ 18 bilhões em negócios projetados e atendendo mais de três mil empresas brasileiras. Neste período, foram realizadas 19 missões oficiais presidenciais e 5 vice-presidenciais.

O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, contou ainda a importância da parceria com o setor privado.

“A ApexBrasil tem 52 convênios com 52 setores da economia do Brasil [para participação em eventos no exterior]. Convênios meio a meio, a Apex põe a metade do dinheiro e as organizações põe a metade do dinheiro. Para quê? Para o Brasil estar presente no mundo inteiro. São mil eventos por ano”, disse.

Criada oficialmente em 2003, no primeiro mandato do presidente Lula, até outubro de 2025, a ApexBrasil registrou 20.754 empresas apoiadas no ano, sendo 66% delas de micro, pequenas e médias, com foco especial nas regiões Norte e Nordeste, dentro de uma estratégia de descentralização das ações de promoção comercial.

O vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, contou que o Brasil deve bater o recorde de exportação neste ano. “Mesmo com o mundo crescendo menos e preço menor, nós devemos bater um recorde de US$ 345 bilhões de exportação, e US$ 629 bilhões de corrente de comércio. Até o panetone aumentou a exportação, aumentou 4% da exportação de panetone esse ano”, disse.

“Não há país do mundo que tenha um crescimento mais forte e sustentável que não se abriu ao mundo, que não priorizou o comércio exterior, que não conquistou o mercado”, acrescentou Alckmin.

(*) Com informações da Agência Brasil

 

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Governo brasileiro projeta assinatura do Acordo Mercosul-UE no sábado apesar de preocupação com salvaguardas europeias

Da Redação (*)

Brasília – O governo brasileiro trabalha com a expectativa de que o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE) seja assinado no próximo dia 20, durante a 67ª Cúpula do Mercosul e Estados Associados. De acordo com o Itamaraty, há, no entanto, preocupações com relação às salvaguardas que deverão ser apresentadas pelo bloco europeu.

“Nossa expectativa é de assinar o acordo no sábado, mas, de fato, as salvaguardas são motivo de preocupação”, disse, nesta segunda-feira (15), a secretária de América Latina e Caribe, Gisela Padovan, do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

A afirmação foi durante coletiva de imprensa para detalhar a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cúpula de chefes de Estado, no dia 20 em Foz do Iguaçu (PR). O encontro deverá contar com a participação da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Mercosul

No dia 19, um dia antes do encontro de chefes de Estado, está prevista uma reunião prévia do bloco, entre ministros das áreas econômicas.

As reuniões de autoridades abordarão temas como a entrada de novos membros no bloco, além de questões de interesse comum, como os problemas causados por conta das mudanças climáticas.

Segundo Gisela Padovan, o Brasil trabalha para incluir a Bolívia como Estado Parte do Mercosul. “Diversas reuniões têm sido feitas com esse objetivo, para que [a Bolívia] entre rápido [no bloco]”, disse a secretária, ao ponderar que, para isso, é necessário checar se alguns pré-requisitos já foram cumpridos por aquele país.

Há também movimentos buscando aproximar o Mercosul de países da América Central e do Caribe. “As conversas com a República Dominicana estão avançando”, antecipou a secretária.

Padovan reiterou que o Brasil sempre lutou para integrar os setores automotivo e açucareiro na Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, saindo das atuais exceções e acordos bilaterais (como Brasil-Argentina), para criar uma política comum gradual.

A secretária lembrou que, nesta edição, o encontro contará também com uma cúpula social. “Será uma oportunidade para que entidades da sociedade civil manifestem suas questões diretamente com os chefes de Estado”, disse Padovan.

Salvaguardas

As salvaguardas, citadas em tom de preocupação pela secretária, estão sendo criadas pelo parlamento europeu como forma de proteger o mercado europeu dos produtos agropecuários do Mercosul – em muitos casos com melhores condições de concorrência do que os produtos do velho continente.

A França, maior produtor de carne bovina da União Europeia, é o país que mais tem criado dificuldades para o acordo entre os dois blocos. Em algumas oportunidades, representantes franceses classificaram o acordo como “inaceitável”, sob o argumento de que não leva em consideração exigências ambientais na produção agrícola e industrial.

Agricultores europeus já protestaram diversas vezes, dizendo que o acordo levaria a importações baratas de commodities sul-americanas, principalmente carne bovina, que não atendem aos padrões de segurança alimentar e ecológicos do bloco europeu.

Da parte brasileira, há também preocupações com relação a práticas sustentáveis que podem ser usada pelo bloco europeu como desculpa para aplicar medidas de proteção de seu mercado contra produtos de países de fora do bloco.

Mercosul e União Europeia negociam esse acordo de livre comércio há 26 anos. Durante o encontro com a imprensa, a secretária do Itamaraty lembrou que a União Europeia é um mercado de aproximadamente 720 milhões de pessoas, com um PIB de US$ 22 trilhões.

Histórico

A União Europeia e o bloco formado pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai completaram as negociações sobre o acordo em dezembro passado, cerca de 25 anos após o início das conversações. Serão firmados dois textos: o primeiro de natureza econômica-comercial, que é de vigência provisória, e um acordo completo.

Em setembro, eles foram submetidos formalmente pela Comissão Europeia ao Parlamento Europeu e aos estados-membros do bloco europeu. O Parlamento Europeu precisa aprovar com votos favoráveis de 50% dos deputados mais um, o que pode ter resistências de países como a França, que questionam termos do acordo.

Além disso, pelo menos 15 dos 27 países precisam ratificar o texto, representando pelo menos 65% da população total da União Europeia, o que pode levar vários anos. Quando o acordo completo entrar em vigor, ele substituirá o acordo comercial provisório.

Os países do Mercosul precisam fazer o mesmo e submeter o documento final aos seus parlamentares, mas a entrada em vigor é individual, ou seja, não é preciso esperar a aprovação dos parlamentos dos quatro estados-membros.

(*) Com informações da Agência Brasil

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Lições do primeiro superávit comercial de US$ 1trilhão da China: a percepção da Trade Data Monitor

John Miller (*)

Após uma queda anual em outubro, as exportações da China se recuperaram em novembro a ponto de ser quase certo que, em 2025, o país que estava mergulhado na pobreza quando você e eu nascemos se tornará a primeira nação a registrar um superávit comercial de US$ 1 trilhão.

O número é apenas um número, mas é um número grande, e está causando ondas de choque em salas de reuniões e gabinetes de lideranças nacionais em todo o mundo. O presidente francês, Emmanuel Macron, alertou que a Europa pode ter que seguir os EUA na implementação de medidas protecionistas.

Um bom novembro (para a China)

Em novembro, as exportações chinesas aumentaram 5,9% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 330,4 bilhões. Isso elevou o total das exportações do ano para US$ 3,41 trilhões. Com as importações totais em US$ 2,34 trilhões, o superávit geral é de US$ 1,07 trilhão. É improvável que a China registre déficit comercial em dezembro, o que significa que o superávit se manterá ao longo de todo o ano de 2025. Em 2024, o superávit comercial da China ficou pouco abaixo de US$ 1 trilhão.

No geral, as importações aumentaram 1,9% em novembro, atingindo US$ 218,7 bilhões. As importações dos EUA caíram 19%, para US$ 10,1 bilhões. As importações da UE registraram um leve aumento de 1,7%, para US$ 22 bilhões. Já as importações do Vietnã cresceram 9,8%, para US$ 8,8 bilhões.

Como tudo começou

A trajetória da China até este ponto é uma história bem documentada. Nas décadas de 1980 e 1990, as políticas de incentivo à exportação da liderança do Partido Comunista Chinês e os vastos recursos disponíveis, incluindo uma força de trabalho doméstica excepcional e um enorme mercado interno, atraíram capital de todo o mundo e levaram os aliados a apoiar a adesão da China à Organização Mundial do Comércio em 2001.

Nesta década, houve uma reação protecionista liderada pelos EUA que buscou prejudicar as exportações chinesas. Em alguns aspectos, obteve sucesso. As exportações chinesas para os EUA caíram 28,5% em novembro em comparação com o ano anterior, totalizando US$ 33,8 bilhões. Para alguns produtos, a China parece estar perdendo espaço como fornecedora dominante mundial. Em novembro, as exportações de vestuário, calçados e brinquedos caíram mais de 10% em relação ao ano anterior. Até mesmo as remessas de telefones celulares, um pilar do milagre industrial chinês, caíram 12,5%, para US$ 14,8 bilhões.

Como está indo

Mas o que os formuladores de políticas agora são forçados a levar em consideração é que a máquina de exportação da China é tão versátil e abrangente, com tantos mercados estrangeiros, que pode facilmente se adaptar à maior economia do mundo, que tenta excluí-la.

Enquanto as exportações para os EUA desaceleraram, as para a Europa se recuperaram em 2025. Os embarques para a União Europeia aumentaram 14,9% em novembro, atingindo US$ 47,1 bilhões. As exportações para os países da ASEAN cresceram 8,4%, para US$ 58,1 bilhões. As vendas para o Vietnã saltaram 25,8%, para US$ 18,3 bilhões. As exportações para a África aumentaram 27,7%, para US$ 20,9 bilhões.

A China também encontrou novos setores para dominar. As exportações de veículos automotores em novembro aumentaram 52,9%, atingindo US$ 13,9 bilhões. As exportações de navios cresceram 46,5%, para US$ 5,1 bilhões. À medida que expande sua capacidade de produção industrial, a China também dificulta a penetração em seu próprio mercado. As importações de automóveis caíram 41% em novembro, para US$ 1,9 bilhão. As vendas de produtos agrícolas aumentaram 2,4%, para US$ 10 bilhões. Os embarques de fertilizantes cresceram 40,2%, para US$ 1,4 bilhão.

Como termina 

Com a expectativa de que o protecionismo aumente ainda mais, os líderes chineses sabem que precisarão se adaptar com ainda mais habilidade. A liderança do partido se reuniu na segunda-feira, e o presidente Xi Jinping recomendou o estímulo da demanda interna como “o principal motor” para um “mercado interno forte”.

Em nota, o Morgan Stanley afirmou esperar uma onda de excedentes: “Dada a sua posição dominante em setores emergentes de alto crescimento, como veículos elétricos, baterias e robótica, acreditamos que a China continuará a fortalecer sua posição na manufatura e no comércio globais.”

Já é vantajoso ser fornecedor de commodities para a China. As importações de cobre, minério de ferro, petróleo e gás natural aumentaram, enquanto as compras de carvão continuaram a diminuir. As importações de gás quase dobraram, subindo 95,6%, para 11,9 milhões de toneladas. Uma exceção são as terras raras, onde as importações caíram 53,9%, para 5.221 toneladas, e as exportações aumentaram 24,4%, para 5.494 toneladas.

(*) John W. Miller – John W. Miller é o Analista Econômico Chefe da Trade Data Monitor (TDM), responsável pela redação do TDM Insights, um boletim informativo que analisa questões-chave por meio de estatísticas comerciais. John é um jornalista premiado que já fez reportagens em mais de 40 países e 6 continentes. Como repórter do Wall Street Journal , ele cobriu todos os aspectos do comércio global, incluindo a Organização Mundial do Comércio, a Rodada Doha, negociações tarifárias, contrabando, alfândega, produtos falsificados, commodities globais, aço e mineração, o Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), a Comissão Europeia, negociações bilaterais e multilaterais, disputas importantes como a Airbus-Boeing e questões regulatórias em todo o espectro.

 

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País dos privilégios: quem paga a conta da elite estatal é o Brasil que trabalha

Márcio Coimbra (*)

Frédéric Bastiat foi categórico ao descrever a espoliação legal: o uso da lei para pilhar o contribuinte. No Brasil, essa pilhagem atingiu níveis de obscenidade fiscal. A máquina pública, que deveria ser servidora da nação, transformou-se em oligarquia financiada compulsoriamente pelo setor produtivo. A inação diante da urgência de reforma não é um erro gerencial, mas uma escolha deliberada de manutenção de poder e privilégio.

Os números não admitem eufemismos. Levantamento do Movimento Pessoas à Frente e da República.org revelou que 53 mil servidores públicos recebem acima do teto constitucional. O custo anual dessa farra é de R$ 20 bilhões. Este montante não representa apenas um rombo, mas uma transferência regressiva de renda, onde trabalhador e empresário, que geram a riqueza, são espoliados para financiar o luxo governamental.

A disparidade salarial é o indicador mais contundente da falência do modelo. Enquanto a maioria dos brasileiros luta contra a estagnação econômica, estudos do Banco Mundial indicam que o salário do servidor federal atinge uma média 96% maior em comparação com pares do setor privado. Uma distorção que desincentiva os mais capazes talentos de gerar riqueza no setor privado para se acomodar no setor público, refugiados na estabilidade de seus vultosos proventos.

O Judiciário, em particular, lidera esse festim fiscal. O custo do sistema de justiça brasileiro atinge alarmantes 1,6% do Produto Interno Bruto, um patamar que é quatro vezes maior do que a média dos países da OCDE. Pagamos um dos Judiciários mais caros do planeta para, ironicamente, termos um dos processos mais lentos e uma segurança jurídica questionável, com seus mais altos membros viajando de carona em jatinhos de investigados, ao mesmo tempo que enterram as mais importantes operações que miram combater a corrupção. Um escárnio.

O aspecto mais nefasto dessa crise é a covardia política que a sustenta. O governo Lula e sua base aliada demonstram uma inércia estratégica. A ausência de movimento pela Reforma Administrativa não se deve à complexidade técnica, mas à captura corporativista. Enfrentar os supersalários e a estabilidade desmedida significa confrontar sindicatos e corporações estatais que são bases de sustentação do governo. A prioridade é clara: aumentar a receita via impostos para acomodar a despesa e colher votos, em vez de racionalizar o gasto e confrontar os privilégios.

Vale lembrar que a manutenção de uma máquina pública extrativista e ineficiente não é apenas uma questão de números fiscais, é um atentado à equidade social. Os bilhões que irrigam os supersalários são subtraídos do investimento em saúde básica, educação de qualidade e infraestrutura. Urge, portanto, reposicionar o debate.

A reforma administrativa não deve ser encarada meramente como um corte de gastos, mas como um imperativo moral e econômico para desarmar as armadilhas que fazem do Brasil um país subdesenvolvido. Enquanto bilhões forem drenados anualmente para sustentar excessos de uma elite burocrática, o país continuará a operar muito aquém de seu potencial, preso a um modelo onde alguns privilegiados servem-se do trabalho duro de uma legião de brasileiros que carregam a nação nas costas.

(*) Márcio Coimbra é CEO da Casa Política e presidente-executivo do Instituto Monitor da Democracia. Conselheiro e diretor de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig). Mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal.

 

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